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Ex-presidente deve entregar passaporte | 08.02.24 - 08:23
O ex-assessor Filipe Martins (esquerda) e o coronel Marcelo Câmara (direita). (Fotos: reprodução)A Redação
Goiânia – A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma organização criminosa acusada de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito com o objetivo de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Até agora, duas pessoas foram presas: o ex-assessor de Assuntos Internacionais da presidência, Filipe Martins, e o ex-ajudante de ordens, coronel Marcelo Câmara. Há mais dois mandados de prisão.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Polícia Federal também está na casa do ex-presidente Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ) para cumprir mandados de busca e apreensão. Foi determinado que Bolsonaro entregue seu passaporte em até 24 horas. Em Angra, foi apreendido o celular de um assessor do ex-presidente, Tercio Arnaud Tomaz.
Entre os demais alvos da operação estão os ex-ministros general Augusto Heleno (GSI), general Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça) e o ex-comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira.
São cumpridos, ao todo, 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, além de 48 medidas cautelares que incluem a proibição de manter contato com outros investigados; a proibição de se ausentar do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.
As medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrem nos seguintes estados: Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná e Goiás, além do Distrito Federal. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.
“As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”, informou a PF.
“O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022”, completou a corporação.
Já o segundo eixo de atuação do grupo, de acordo com o comunicado, consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em “ambiente politicamente sensível”.
Por fim, a PF destacou que os fatos investigados configuram crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.