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Ciência

Pesquisa da UFG recebe prêmio na Academia Nacional de Farmácia da França

Tese aborda tratamento de doenças pulmonares | 25.01.24 - 10:20 Pesquisa da UFG recebe prêmio na Academia Nacional de Farmácia da França Kamila Japiassú na entrega do prêmio de tese da Academia Nacional de Farmácia da França (Foto: Arquivo Pessoal)A Redação
 
Goiânia – A nanotecnologia farmacêutica é um campo da ciência que lida com o desenvolvimento e o uso de materiais extremamente pequenos para criar novas maneiras de tratar e diagnosticar doenças, tornando os tratamentos mais precisos, eficazes e com menos efeitos colaterais. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), uma frente de pesquisa nessa área tem aberto perspectivas promissoras para a utilização dessas nanopartículas para o tratamento de doenças pulmonares. Um dos resultados mais recentes foi obtido com a pesquisa de doutorado de Kamila Bohne Japiassú, realizada no Programa de Pós-Graduação em Nanotecnologia Farmacêutica (PPGNanofarma).

Kamila trabalhou no desenvolvimento de nanopartículas especialmente desenhadas para chegar até células específicas do pulmão. Com esse direcionamento, os nanomedicamentos são promissores para reduzir a produção de substâncias que causam inflamação no órgão. O trabalho foi reconhecido com o prêmio de tese 2023 da Academia Nacional de Farmácia da França, entregue no início deste mês em solenidade em Paris.  Além disso, Kamila segue sua trajetória na ciência como chefe de projetos clínicos na Divisão de Pesquisa e Inovação do Grupo L’Oréal, na capital francesa.
 
A pesquisa premiada foi feita sob a orientação da professora Eliana Martins Lima, do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Fármacos, Medicamentos e Cosméticos (FarmaTec) da UFG, e do professor Elias Fattal, da Universidade de Paris-Saclay.
  
Medicamento “inteligente”
Durante a tese, a pesquisadora procurou entender o impacto da química dos lipossomas (pequenas bolhas ou cápsulas usadas para entregar medicamentos) em seu destino, após a administração pulmonar. “Como resultado, meu trabalho oferece alguns caminhos muito interessantes para melhorar a biodistribuição de nanopartículas nos pulmões e o direcionamento específico de macrófagos alveolares [células de defesa dos pulmoões], aspectos fundamentais para o possível uso futuro de nanopartículas em doenças pulmonares”, detalha.
 
Para isso, foi desenvolvido um modelo experimental usando cobaias – o chamado “modelo murino” – para estudar a inflamação nos pulmões. Foram utilizadas duas técnicas: a citometria de fluxo, que analisa as características de células individuais; e a transcriptômica, que estuda todos os genes que estão sendo ativados ou desativados em uma célula ou tecido.
 
Com essas técnicas, foi possível observar de perto o que acontecia com os lipossomas quando eram introduzidos no corpo dos ratos. O grande diferencial é que essas nanopartículas são “programadas” para atingir um endereço certo no órgão – uma espécie de medicamento “inteligente” que vai direto ao local inflamado.
 
Covid-19
Desenvolvida durante a pandemia de covid-19, a pesquisa ganhou ainda mais relevância por seu potencial no tratamento de doenças pulmonares. Essa via de administração, assim como formulações desenvolvidas para essa finalidade, tem sido objeto de estudos aprofundados no grupo de pesquisa da professora Eliana no FarmaTec.
 
“Nossas pesquisas fortalecem os princípios e as práticas da UFG como um polo de inovação e excelência em ciências farmacêuticas. Além disso, sublinham a importância da internacionalização na UFG, com destaque para o comprometimento em proporcionar oportunidades de mobilidade acadêmica aos seus pesquisadores”, destaca a professora.
 
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