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Eles participaram de manifestação em 2022 | 01.01.24 - 10:35
(Foto: reprodução)São Paulo - Um tribunal de Moscou condenou à prisão dois poetas russos que participaram de uma declamação de um poema contra a guerra na Ucrânia, em mais um exemplo da repressão contra dissidentes. Artiom Kamardin e Yegor Shtovba foram detidos em setembro de 2022, após participarem de uma leitura pública em Moscou, perto do monumento ao poeta Vladimir Maiakovski, ponto de encontro da oposição desde a época soviética. Na quinta-feira, o Tribunal Distrital de Tverskoi, em Moscou, condenou Kamardin a 7 anos de prisão sob a acusação de realizar um ato que mina a segurança nacional e incita o ódio, em razão da leitura de seus poemas. Shtovba, que participou do evento e recitou os versos de Kamardin, foi condenado a 5 anos e meio pelas mesmas acusações.
Prisões
O encontro ao lado do monumento aconteceu dias depois que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a mobilização de 300 mil reservistas em meio a reveses militares na Ucrânia. A medida impopular levou centenas de milhares a fugir da Rússia para evitar serem recrutados para o serviço militar. A polícia dispersou rapidamente a performance e, logo após, prendeu Kamardin e vários outros participantes. Durante a prisão, a mídia russa citou amigos de Kamardin e seu advogado dizendo que a polícia o espancou e o estuprou. Logo depois, ele foi mostrado se desculpando por sua ação em um vídeo feito pelos policiais e divulgado pela imprensa pró-Kremlin, com o rosto machucado.
As autoridades não tomaram nenhuma medida para investigar abusos por parte da polícia. Durante a audiência de quinta-feira, a esposa de Kamardin, Alexandra Popova, foi escoltada para fora do tribunal por oficiais de justiça depois de gritar "Vergonha!", após o veredicto. Popova e várias outras pessoas foram detidas posteriormente sob acusações de realizarem um "comício" não autorizado do lado de fora do prédio do tribunal.
Entre o fim de fevereiro de 2022 e o início deste mês, 19.847 pessoas foram detidas na Rússia por se manifestarem ou protestarem contra a guerra, enquanto 794 foram implicadas em casos criminais em razão de posições antiguerra, de acordo com o grupo de direitos OVD-Info, que monitora prisões políticas e fornece assistência jurídica. A repressão tem sido realizada com base em uma lei adotada por Moscou dias após o envio de tropas à Ucrânia, que criminalizou qualquer expressão pública sobre a guerra que fosse contrária à narrativa oficial. (Com agências internacionais) (Agência Estado)