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Saúde

Equipe da UFG desenvolve projeto de creme para tratar xeroderma pigmentoso

Conceito foi premiado em competição no México | 22.12.23 - 10:25 Equipe da UFG desenvolve projeto de creme para tratar xeroderma pigmentoso (Foto: EBC)A Redação
 
Goiânia – O clube de Biologia Sintética (SynBio) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu o projeto de um creme terapêutico para prevenir tumores de pele e melhorar o tratamento de pessoas com xeroderma pigmentoso (XP), doença genética caracterizada pela extrema sensibilidade à radiação ultravioleta (UV).
 
A proposta do creme AraraSun ficou em segundo lugar na classificação geral no Synbio Festival, uma competição internacional realizada pela Fundação iGEM, realizada no dia 8 de dezembro na Cidade do México.
 
O grupo é coordenado pelo professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp), André Kipnis, e é formado por estudantes dos cursos de Biotecnologia e de Biomedicina e por uma biotecnologista formada pela UFG. O produto concebido durante a competição combina quatro flavonoides (compostos naturais encontrados em plantas) e um peptídeo sintético (cadeia de aminoácidos) com propriedades antioxidantes e antitumorais.
 
A abordagem inovadora envolveu a compreensão sobre a doença, por meio de encontros on-line com moradores do povoado de Araras, no município de Faina, a 200 quilômetros de Goiânia. Também houve colaboração com o professor da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Menck e com a dermatologista Sulamita Chaibub, ambos especialistas em XP.
 
O povoado de Araras abriga a maior proporção de pessoas com XD do mundo. Enquanto a incidência global é de um caso a cada 1 milhão de pessoas, no distrito goiano essa taxa é de um a cada 40 habitantes. A doença não é contagiosa, mas a alta sensibilidade aos raios UV aumenta a possibilidade de câncer de pele.
 
Protótipo
Na busca por um creme que não apenas protegesse a pele dos pacientes dos raios solares mas que também melhorasse a qualidade de vida, o SynBio UFG selecionou para o AraraSun quatro flavonoides – kaempferol, quercetin, luteolin e myricetin – presentes em árvores do Cerrado brasileiro, como pata de vaca, fava d’anta e cagaita.
 
O outro componente do creme é o peptídeo sintético Selera-2, rico em aminoácidos do tipo selenocisteína, que funciona como um agente antimutagênico, prevenindo transformações malignas das células.
 
Depois de várias análises, o grupo de pesquisadores projetou circuitos genéticos complexos utilizando Escherichia coli, uma bactéria benigna que pode permitir a produção controlada de flavonoides em grande escala e de maneira sustentável. Além de ter boa purificação, ela também pode reduzir os custos de produção e garantir a padronização entre lotes de cremes.
 
Para a etapa de testes, o SynBio UFG propõe que sejam feitas simulações computacionais – os chamados estudos in silico. Já os estudos práticos envolveriam a análise da formulação e dos excipientes (ingredientes para dar forma e consistência) para manter a vida útil do creme, bem como testes de alergia e proteção solar.
 
O projeto apresentado no Synbio Festival obteve reconhecimento em 12 das 15 categorias, conquistando quatro prêmios e uma medalha de ouro na categoria Saúde Humana e Biomedicina. A equipe também assegurou o segundo lugar na classificação geral. Agora o grupo está em busca de parcerias para o financiamento das próximas etapas do projeto.
 
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