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Brasil é parceiro comercial da Argentina | 24.11.23 - 21:36
(foto: reprodução) São Paulo - O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, vai aos poucos deixando para trás o discurso de candidato e adotando uma retórica mais moderada. Na quinta-feira (23/11), ele agradeceu a mensagem do líder chinês, Xi Jinping, que o felicitou pela vitória na eleição de domingo, e disse que Luiz Inácio Lula da Silva seria bem-vindo em sua cerimônia de posse, no dia 10.
Lula e Xi foram alvos preferenciais de Milei durante a campanha. O libertário chegou a dizer que não faria comércio com os chineses, dizendo que Xi era um "assassino". Lula foi chamado de "comunista" e "ladrão". O problema é que China e Brasil são os maiores parceiros comerciais da Argentina. Em 2022, a China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina e o governo de Xi aceitou receber em yuans pelos produtos exportados para os argentinos, que preservariam suas reservas em dólar. O comércio bilateral com o Brasil chegou a US$ 28,4 bilhões no ano passado, sendo que os brasileiros são responsáveis por 14% das exportações da Argentina.
Mudança
"Se Lula vier (à posse), será bem-vindo", disse Milei, em entrevista ao canal Todo Noticias. "Ele é o presidente do Brasil." A declaração acompanha falas da futura chanceler de Milei, Diana Mondino. Ela afirmou que gostaria que Lula estivesse na cerimônia e disse que ele seria convidado. O Itamaraty não comentou a mudança de tom do presidente eleito da Argentina, mas ministros de Lula descartam a possibilidade de o presidente participar da posse, especialmente em razão da presença de Jair Bolsonaro, convidado por Milei, que levará um comitiva recheada de aliados.
Milei também vem desmontando os obstáculos que armou durante a campanha com relação à China. Ontem, ele respondeu em tom conciliatória a uma mensagem enviada por Xi, que expressava disposição em trabalhar com a Argentina. No X (ex-Twitter), o presidente eleito publicou uma imagem da tradução da carta. "Agradeço ao presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou", escreveu Milei. "Envio-lhes os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China."
A partir do dia 10, quando toma posse, Milei terá de tomar algumas decisões importantes de política externa, uma delas é o grau de envolvimento da Argentina com o Mercosul. Três dias antes da cerimônia, no dia 7, Lula passará a presidência rotativa do bloco para o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
'Estorvo'
Crítico contumaz do bloco, Milei chamou o Mercosul de "estorvo" e sugeriu a possibilidade de retirar a Argentina. "O Mercosul é uma união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica todos os seus membros", disse o então candidato libertário. O risco fez diplomatas brasileiros e europeus acelerarem a aprovação de um tratado de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. Não se sabe ainda se eles conseguirão concluir o acordo antes da posse.
Outra decisão será o que fazer com o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto aprovou a entrada de outros seis membros - incluindo a Argentina. Durante a campanha, Milei desprezou o bloco de países emergentes. "Nosso alinhamento geopolítico é com EUA e Israel", afirmou. Resta saber se ele manterá sua posição depois de assumir o poder. (Com agências internacionais) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Agência Estado)