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Produto é fruto de pesquisa de doutorado | 21.11.23 - 12:23
(Foto: divulgação)A Redação
Goiânia – Executar análises químicas é um trabalho que costuma depender de aparato técnico e instrumental encontrado habitualmente em laboratórios, mas um produto patenteado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) pode mudar esse panorama. Trata-se do sistema portátil para análise química chamado injetor hidrodinâmico para microssistemas eletroforéticos, originado a partir da tese de doutorado da pesquisadora Ellen Flávia Gabriel, egressa do Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ) do Instituto de Química (IQ/UFG), sob orientação do professor Wendell Coltro.
Além dos dois, Rodrigo Alexandre dos Santos, Kariolanda Cristina Rezende e Eulício Júnior também assinam como autores da novidade, que promete elevar a confiabilidade da análise química nos dispositivos miniaturizados, permitindo a introdução de pequenos volumes (pL) de forma reprodutível. Estes dispositivos consistem em pequenas placas e são utilizados para testes químicos e bioquímicos em uma escala miniaturizada e portátil, podendo ser explorados em áreas remotas. Dessa forma, economiza-se recursos como tempo, espaço e pessoal necessários para empreender os estudos.
Várias áreas – como a forense e ambiental – se beneficiam desse sistema de análise química que também é útil a atividades de diagnóstico clínico, controle de qualidade, adulteração de alimentos e fármacos, entre outras. A sua dinâmica de funcionamento, na maior parte dos casos, começa pela adição das amostras em canais minúsculos dos dispositivos. Normalmente, tal processo é realizado a partir de um método conhecido como injeção eletrocinética, que requer uma fonte de alta tensão para aplicação de um potencial elétrico. O uso deste método permite o bombeamento da solução no processo de injeção e também na separação química.
Segundo Coltro, apesar das vantagens, a dependência de cargas elétricas traz consigo algumas limitações que podem comprometer a confiabilidade. “Devido à natureza do método, o bombeamento induzido pela aplicação de potencial elétrico faz com que a quantidade de amostra introduzida nos microcanais seja discriminatória. Como a velocidade das espécies depende da carga e do tamanho, espécies com menor razão carga/raio são introduzidas em maior quantidade. Consequentemente, isso impacta na confiabilidade do resultado”, afirma.
Tecnologia verde e sustentável
O diferencial proporcionado pela tecnologia patenteada pela UFG diz respeito ao uso de uma micropipeta eletrônica comercial, aparelho que permite a transferência automática e programada de líquidos com alta precisão. Esta micropipeta eletrônica foi incorporada a microssistemas de análises químicas proporcionando seu uso como um injetor da amostra. A grande sacada dessa nova técnica, portanto, foi sua elaboração como um arranjo instrumental criativo, tornando a injeção hidrodinâmica interessante e plenamente executável em qualquer laboratório ou centro de pesquisa, sem a necessidade de altos investimentos.
Para Coltro, a invenção possui o potencial de representar um novo paradigma para as análises químicas no campo, por exemplo. “O controle de fração da micropipeta eletrônica leva a confiabilidade dos resultados para próximo de 100%. Estamos falando de uma ferramenta portátil, que oferece a condição de realizar as análises em qualquer lugar, e não depende de fontes de alta tensão; ou seja, é uma tecnologia mais verde, sustentável e ainda automatizada”, conclui. Coltro também está por detrás de outra importante tecnologia patenteada recentemente: o biossensor que mede a glicose pela lágrima, desenvolvido ao longo do doutorado da mesma aluna cujo trabalho deu origem ao injetor hidrodinâmico.