Jales Naves
Especial parea o jornal A Redação
Goiânia - Exemplo de superação, já tendo passado por cinco casos de câncer, e sempre de bom humor, fazendo piada de sua própria condição física, João Carlos Rodovalho Costa, 39 anos, é um goianiense persistente. Não desistedos seus objetivos e quer continuar superando obstáculos. Ele teve a perna esquerda amputada quando tinha 17 anos, por causa de um tumor no joelho, o que lhe rendeu o apelido de João Saci (por sair pulando com uma perna), e parte do pulmão retirado, devido a outra neoplasia. Desde então, desafio é seu sobrenome. Depois de ter caminhado cerca de 50 km rumo à base de um acampamento localizado a cerca de seis mil metros de altura no monte Everest, ele quer chegar, até 2025, ao pico da montanha, que fica a 8,848,86m, na subcordilheira Mahalangur Himal, nos Himalaias.
Otimista, é atleta em diversas modalidades, como levantamento de peso, e se tornou palestrante, relatando sua trajetória, as dificuldades que vai superando e seus sonhos, já se organizando para juntar recursos para essa nova etapa de seus objetivos: atingir a parte mais alta do Everest, que é a montanha de maior altitude da Terra.
Foi o que relatou na conversa com os alunos da Viver Academia, para idosos, na manhã desta terça-feira (30/5), quando todos os presentes adquiriram o livro sobre a sua vida, “Nascido para vencer – Uma vida de superações”, e um caneco, contribuindo para apoiá-lo na sequência de sua luta.
Desafio
Vencidos esses cinco tumores, está em remissão desde dezembro de 2016. Treinado pela vida, em superação e resiliência, contou que sua situação é resultado de cerca de dois anos de muita dedicação e comemorou a vitória após voltar a Goiânia. “É difícil descrever a alegria, a felicidade, a realização. Não só em superar o câncer e a amputação, mas a conquista de um desafio pessoal para chegar a esse objetivo”, contou.
Sobre a experiência de chegar ao acampamento localizado a cerca de seis mil metros de altura no monte Everest, João Saci lembra que começou a planejar a viagem em 2019, quando viu que um amigo tinha feito o passeio. À época, ele queria um desafio diferente. O atleta já praticava natação e conquistou várias medalhas em competições pelo esporte. Anos depois, passou a se dedicar ao crossfit, mas não sabia como o corpo iria responder a um treinamento para horas de caminhada em ângulo de subida.
“Vi um desafio bacana de se fazer e treinar para isso. Veio a pandemia, que adiou o projeto, mas continuei treinando em casa. Fiz crossfit, musculação, uma fisioterapia de repadronização – específica para esse objetivo”, explicou.
No dia 6 de abril de 2022 João Saci saiu de Goiânia em direção ao Nepal, onde chegou após dois dias de viagem. A aventura teve início no dia 10, quando começou a caminhada. “Foram cerca de sete dias caminhando em torno de seis horas por dia, de vilarejo em vilarejo. Chegamos a 3 mil metros de altitude e paramos para aclimatar. Depois continuamos até chegarmos a 5 mil. Nunca tinha estado em locais tão altos. A respiração fica pesada por causa da falta de oxigenação, mas o corpo estava respondendo super bem”, descreveu.
Inspirar pessoas
Ao falar da experiência, o atleta descreveu um momento de muita emoção, quando chegou a uma área de homenagens às pessoas que morreram no Himalaia. “Lembrei muito das pessoas que eu inspirei na luta contra o câncer, mas que não estão mais aqui. Lembrei do meu avô, que faleceu dez dias antes da minha viagem. Foi um momento de emoção muito forte”, disse.
A chegada à base do Everest aconteceu no dia 17. Nas redes sociais, João comemorou a conquista e escreveu sobre atingir objetivos e ver o impacto das conquistas pessoais naqueles à sua volta: “O propósito é muito maior que um feito pessoal. É sobre inspirar pessoas, é sobre ser um fator de soma na vida de quem você convive. Nós precisamos de bons exemplos, eu preciso de bons exemplos e o mundo precisa cada vez [mais] disso”.
(Foto: Bruno Barreto)
