Victor Santos
Goiânia - O estudo “Perfil da Empreendedora: Empreendedorismo por mulheres em Goiás”, feito pelo Sebrae Goiás em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), aponta que, entre as pessoas que empreendem no Estado de Goiás, 35% são mulheres. O levantamento, que foi lançado nesta terça-feira (7/3), mostrou o perfil das empreendedoras do estado.
Para Polyanna Marques Cardoso, organizadora e coautora do estudo, este número pode ser maior: “Esses são os números oficiais, mas a gente sabe que muitas outras mulheres trabalham em casa e empreendem de outras formas. Elas também são sócias e podem contribuir em parceria com o companheiro em negócios formalizados via registros com homens”, completou.
De acordo com o documento, o Estado de Goiás tem aproximadamente 3,7 milhões de mulheres. Deste total, 39% estão empregadas, são trabalhadoras por conta própria ou são empregadoras. As empreendedoras representam 25% (360.977) do total, sendo 22% (314.120) trabalhadoras por conta própria e 3% (46.857) empregadoras.
A média de idade de empregadoras e trabalhadoras por conta própria é muito próxima: 43 e 41 anos, respectivamente. No que se refere à renda média de cada uma das categorias, a diferença é maior. O estudo mostra que, em 2021, as trabalhadoras por conta própria recebiam por volta de R$1.780,00, enquanto as empregadoras obtinham um valor quase três vezes maior, de R$5.202.
Outro dado de destaque do levantamento é o que revela a escolaridade das empreendedoras. Entre as empregadoras, 13% não têm instrução até o fundamental completo, 36% possuem o ensino médio completo ou incompleto e 51% têm o ensino superior completo ou incompleto. Entre as trabalhadoras por conta própria, 27% não têm instrução até o fundamental completo, 41% possuem o ensino médio completo ou incompleto e 32% têm o ensino superior completo ou incompleto.
O levantamento de perfil ainda mostra que, em 2021, 86% das empregadoras e 74% das trabalhadoras por conta própria atuavam há mais de dois anos. Isso mostra que nos últimos anos, houve uma baixa inserção das mulheres no empreendedorismo, especialmente entre as empregadoras.
Agora falando apenas das empregadoras, o estudo da Sebrae com a UFG mostra que 84% possuem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e 16% não, o que demonstra uma grande quantidade de negócios formais. Entre essas empresas geridas por mulheres, 69% possuem de 1 a 5 empregados, 25% de 6 a 10 empregados e 6% de 11 a 50 empregados. “O próprio crescimento da empresa gera essa necessidade de se formalizar”, disse Polyanna.
O Perfil dos negócios
Entre as diversas modalidades de ramos empresariais, as mulheres empreendedoras possuem uma maior ocupação no comércio varejista, que representa 29% do total. Em seguida, vêm as atividades de serviços pessoais, que são 12%. O ramo de alimentação é o terceiro setor com maior participação, com 10%. Serviços de escritório de apoio administrativo são 5% desse total e 4% são confecções de artigos de vestuário e acessórios.
Outra questão de destaque é que, em 56% dos casos, o empreendimento da mulher é a principal fonte de renda da família. Em 29%, a principal fonte é o salário do companheiro, 9% outras fontes e em 7% o salário de carteira assinada.
Os desafios da mulher empreendedora
Polyanna Marques Cardoso pontuou as maiores dificuldades que a empreendedora enfrenta. “As maiores dificuldades são a gestão do tempo, conciliar todas as funções que são naturalmente atribuídas à mulher, a divisão entre seguir a carreira ou a família, criar condições de gerir o negócio mas manter a vida com qualidade”, avaliou.
Na pesquisa realizada pelo Sebrae, 37% das entrevistadas possuem 1 filho, 42% têm 2 filhos, 18% são mães de 3 filhos e 3% têm 4 filhos, na faixa etária que vai de 11 meses a 24 anos ou mais. Vale ressaltar que o estudo ainda aponta que 91% dos filhos moram em tempo integral com a mãe, 4% em parte do tempo e 6% não moram juntos.
Outro ponto da pesquisa é que para 62% das entrevistadas, a maternidade interferiu na decisão de abrir um negócio. Em outro dado, 78% das entrevistadas afirmaram que abriram o empreendimento depois de ser mãe. O estudo está disponível neste
link.