A Redação
Goiânia -
Nesta segunda-feira (13/2) o primeiro professor indígena da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi empossado. Em uma cerimônia emocionante, Gilson Ipaxi’awyga Tapirapé, do povo Apyãwa de Confresa, Mato Grosso, foi oficialmente recebido no Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena, Campus Samambaia, onde ele passa a compor o corpo docente.
Aos 39 anos, ele é graduado e especializado em Educação Intercultural, tem mestrado em Letras e Linguística e trabalha na formação de novos professores indígenas
Comandado pela reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, o evento marcou "a inovação nos editais de contratação da universidade". Na ocasião, a professora destacou que a chegada de Gilson representa o compromisso da instituição com uma política pública inclusiva, além de reforçar "que nada é impossível quando se trabalha em conjunto", disse, fazendo referência ao fato de que a vaga que garantiu a posse do docente surgiu de uma articulação entre as Faculdades de Letras, História e Ciências Sociais e o Instituto de Matemática e Estatística - quatro unidades que, em uma duradoura parceria, criam as condições para a existência do Núcleo Takinahaky.
Angelita aproveitou o evento para anunciar o plano de criação de uma casa para alunos indígenas, a exemplo da Casa de Estudante da UFG. A expectativa é que o local receba parte dos 300 indígenas que estudam na UFG e que participam das aulas presenciais em dois períodos por ano em Goiânia.
Nas redes sociais, Gilson agradeceu a Deus. "Obrigado por esse dia e que amanhã seja tão maravilhoso quanto hoje", escreveu. "Quero agradecer aos meus pais, por me terem dado educação, valores e por me terem ensinado a caminhar. Aos professores do Núcleo Takinahaky, por todo conhecimento transmitido durante minha trajetória acadêmica, além de incentivo, disponibilidade e apoio. Ao meu povo Apyãwa, pois nesse meio que aprendi o valor da minha fé e, para além da academia, foi ali onde entendi a importância de refletir e duvidar, e nunca encarar a realidade como pronta. Ali aprendi a ver o mundo de um modo diferente", completou.
Professor desde os 19 anos, no concurso da UFG ele concorreu com oito candidatos de diferentes lugares do Brasil, em um processo de três etapas: prova teórica, ministração de aula prática e apresentação e defesa do memorial acadêmico. Também foi aprovado no programa de Doutorado da Faculdade de Letras da UFG, na área de Estudos Linguísticos, em 2ª lugar no quadro geral, e agora pretende trazer a família para Goiânia, onde vai se dividir entre estudos e trabalho.