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Goiânia

Avenida Castelo Branco busca se tornar o maior polo agropecuário do Brasil

Obras de revitalização já estão em execução | 31.10.22 - 17:15 Avenida Castelo Branco busca se tornar o maior polo agropecuário do Brasil Agrovia (Foto: divulgação)
Fernando Dantas
 
Goiânia -
Com produção estimada em 32,4 milhões de toneladas na safra 2022/2023, Goiás é um dos principais celeiros de grãos do País, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Estado ocupa a quarta posição no ranking nacional, atrás apenas de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Na pecuária, está no segundo lugar no pódio brasileiro e os números são ainda mais impressionantes. Em 2021, o rebanho bovino goiano chegou a 24,2 milhões de cabeças, maior efetivo da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que iniciou em 1974. Para se ter uma ideia, a quantidade de gado é três vezes maior que o da população do Estado, que está em pouco mais de 7,2 milhões de habitantes.

Se dentro da porteira, a agricultura e a pecuária estão cada vez mais fortalecidas, fora dela são vários os reflexos positivos em outras cadeias de negócios, como indústrias, comércios e serviços. “A nossa maior força econômica vem do campo e isso movimenta outros nichos de mercado. Se o agronegócio vai bem, o produtor investe mais, faz novas aquisições de tecnologia, contrata e capacita mais funcionários, além de pagar melhores salários. Com isso, gera mais empregos e renda para a cidade. Então, todo o ciclo econômico do município lucra, desde a padaria, o mercado até o salão de beleza, porque o dinheiro vai circular. A arrecadação do município aumenta e o prefeito pode investir em mais saúde, educação e lazer para a cidade. Todos ganham”, avalia o presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), Euclides Barbo Siqueira.

Com maior rentabilidade no setor, o produtor investe mais e amplia seu poder de consumo, impactando toda sociedade, especialmente por meio da economia, com abertura de novos negócios, criação de postos de trabalho e aumento da renda. É o fortalecimento da relação campo e cidade. Porém, é certo que o agronegócio impulsiona mais as atividades que possuem ligação direta com o segmento. Um exemplo ocorre na Avenida Castelo Branco, em Goiânia (GO), que se tornou referência no comércio agropecuário no Estado e é considerada um ‘shopping rural a céu aberto’.  

Via de ligação das regiões Oeste e Sul da capital, além de importante acesso para circulação de pessoas e do transporte público, a avenida percorre seis bairros da capital e é porta de entrada para quem chega ao município, principalmente pelas GO-070 e GO-060. São 7,6 quilômetros de extensão, sendo 6,2 quilômetros com concentração de mais de 600 lojas, comércios e empresas de serviços, que atuam na venda de itens agrícolas e de pecuária. A Castelo Branco recebe clientes de todo o Centro-Oeste, além de estados como São Paulo, Minas Gerais e da região do Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

De acordo com levantamento da Juceg, se levar em consideração tanto a avenida quanto uma rua acima e uma rua abaixo dela, a quantidade de lojas e empresas chega a quase 2.050, compreendendo comércios como casas agropecuárias, produtos veterinários, lojas de maquinários agrícola, concessionárias de veículos, ferragistas, caça e pesca, roupas, restaurantes, hotéis, entre outros. Nesse montante estão diferentes portes de negócios, desde microempreendedor individual, passando pela pequena, média até grande empresa.

O presidente da Juceg, Euclides Barbo Siqueira, destaca que a concentração de lojas e comércios voltadas para o mesmo segmento, como é o caso da Castelo Branco, é boa para todos. “A começar pela logística do comprador, pois em um pequeno trecho se encontram muitos estabelecimentos que podem oferecer o produto que o consumidor está procurando, isso gera economia de tempo e de dinheiro. Os preços tendem a ficar equilibrados, porque o concorrente está ali do lado, então, economicamente falando, também é bom para o consumidor”. Além disso, ele ressalta que, com grande concentração de pessoas numa região, o empresário aproveita a movimentação e vende mais, faz novos investimentos e identifica novas demandas que o mercado esteja necessitando. “No aspecto da cidade, a setorização comercial consegue prever questões de trânsito e adensamento e até promover políticas próprias de incentivos”, reforça.


Presidente da Juceg, Euclides Barbo Siqueira defende que a concentração de lojas do mesmo segmento traz vantagens para a economia (Foto: divulgação/Juceg)
 
Devido à essa visão estratégica do potencial econômico da região e à importância que a avenida exerce para a capital e para o Estado, representantes de iniciativas privada e pública se uniram e formalizaram parceria com foco na preservação e no fortalecimento da vocação comercial da Avenida Castelo Branco, buscando torná-la o maior polo de serviços e comércios agropecuários do País. A intenção é valorizar e dinamizar o espaço urbano da via, evitando, assim, o esvaziamento, a desvalorização e o deslocamento de empresas comerciais para outras regiões da capital.

Para isso, foi criado um projeto de intervenção e requalificação urbanística, chamado de Agrovia Castelo Branco, com previsão de investimentos em infraestrutura, modernização, fortalecimento de marca, entre outros. “Hoje, a avenida é um polo conhecido, mas não é reconhecido. É um grupamento de comércio de afinidade setorial, mas sem identidade comum ou prática comum. A proposta de nominar, identificar, intervir no urbanismo e mobilidade é justamente para consolidar e fortalecer”, afirma o conselheiro de projetos do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese), Marcos Villas Boas.

Atuando para auxiliar comunidade, poder público e setor produtivo no aperfeiçoamento de projetos e na introdução de diretrizes e valores de interesse público, o Codese foi a entidade responsável, junto com a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), por representar empresários da região da Castelo Branco no projeto e articular, junto à Prefeitura de Goiânia, a execução das ações previstas no programa. “A Avenida Castelo Branco representa parte da identidade agroindustrial de nosso Estado e com um potencial importante para se tornar um centro moderno de comércio”, ressalta Marcos Villas Boas. Várias instituições e entidades representativas integram o projeto como Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio/GO), Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Sindicato do Comércio Varejista de Goiás (Sindilojas), entre outros. 
(Arte: Fernando Rafael)
 
Segundo informações repassadas pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), o poder público municipal recebeu e acatou a sugestão de comerciantes, pois para a Prefeitura o projeto trará melhorias de mobilidade na capital, fomentará o comércio local, atrairá empresas e clientes para a região, com mais emprego e renda para a população.
Já estão sendo implementadas medidas para melhor fluidez do trânsito e acessibilidade local, com novo calçamento e sinalizações horizontal e vertical. De acordo com a Seplanh, toda essa obra, conforme consta no atual contrato, está orçada em R$ 3.519.924,97. Atualmente, estão em andamento a execução do canteiro central e meios-fios, a substituição de árvores que danificavam o asfalto e causavam acidentes, o assentamento de piso drenante e plantio de mudas de espécies nativas, como ipês.

O projeto será executado em parte da Avenida Castelo Branco, entre a GO-060, no Bairro Ipiranga, e a Praça Ciro Lisita, no Setor Coimbra, totalizando cerca de 6,2 quilômetros. Para melhor identificação, foram definidos seis trechos, conforme as características comerciais e de comprimento, somados às diversas tipologias de bairros que são cortados pela via. O objetivo dessa divisão é facilitar ao usuário encontrar o endereço desejado ou mesmo para garantir que o cliente da Agrovia – ou qualquer cidadão que circule pelo local – possa saber onde está e qual a distância do seu destino de compra ou serviço. A sinalização será feita por meio de totens – previsão de três metros de altura -, com identificação por letra e cor.  


(Arte: Fernando Rafael)
  
As informações repassadas pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) mostram que, até o momento, 98% das obras do primeiro trecho (F), localizado entre a Rodovia GO-060 e a Avenida Pirineus já foram executados. O trecho “E”, entre as Avenidas Pirineus e Consolação, está com 50% das obras realizadas; e o trecho “D”, entre a Avenida Consolação e Praça Dom Prudêncio, já tem cerca de 5% de execução. Os trechos “C”, entre a Rua Jaraguá e a Praça Dom Prudêncio; “B”, entre a Rua Jaraguá e a Praça Walter Santos; e, por fim, o trecho “A”, que finaliza na Praça Ciro Lisita, ainda não foram iniciados.

A próxima etapa do projeto prevê a instalação de comunicação que identificará os setores de vocação comercial e da via e, por último, será discutido um projeto de mobilidade urbana que considere a importância do eixo Mutirão/Castelo Branco para locomoção, integração e acesso à cidade.
 
Início do projeto
De forma conjunta, a Rearq Arquitetura e a Enredo, consultoria de branding, inovação e design, foram responsáveis pela autoria do projeto Agrovia Castelo Branco, elaborado a partir de demandas e informações repassadas pelos comerciantes e lojistas da região, representados pelo Codese e pela Acieg. Para chegar às propostas de melhoria e intervenção urbana na via, foram consideradas as infraestruturas existentes na Avenida Castelo Branco, adjacências e extensões.

Dessa forma, o escopo do projeto apresentado aos empresários e à Prefeitura de Goiânia seguiu estudos paisagísticos, contemplando desde programação visual, áreas verdes públicas, ilhas, praças até rotatórias; definição de pórticos temáticos, totens e outros elementos de comunicação visual; placas e sinalização para informações e de localização das vias, endereços e destinos; faixas para pedestres e elementos de segurança de trânsito e estacionamentos nas vias, além de monumentos temáticos do agronegócio e divulgação da Agrovia Castelo Branco nas vias públicas.

Também integram o projeto orientações para mobilidade e acessibilidade, especialmente de tráfego, carga e descarga nas lojas; requalificação temática do mobiliário urbano e das calçadas; indicativo sobre meio ambiente, de novas áreas, disposição e preservação das atuais; compatibilização com a legislação aplicável, inclusive com orientação de adequações e recomendações correlatas para a política urbanística do município (Plano Diretor).

O sócio fundador e CEO da Enredo, Ciro Rocha, acrescenta que a consultoria trabalhou, especialmente, em duas áreas principais. A primeira foi criar uma marca para fazer da Agrovia Castelo Branco uma grande referência de polo agronômico no Brasil. Porém, segundo ele, para isso era preciso engajar os próprios empresários locais. “Com o tempo, a avenida foi perdendo a importância e as empresas foram saindo de lá, foram enfraquecidas. É uma região que tem várias micro e pequenas empresas, que dependem de gestão familiar. Alguns filhos de proprietários não tinham interesse em continuar o negócio. Isso nos levou a refletir”, relata.

De acordo ele, surgiu a ideia de algo macro, quase um projeto de Place Branding - abordagem que identifica vocações, potencializa identidades e fortalece lugares, a partir do envolvimento das pessoas -, que poderia se desdobrar em ações maiores, como a sugestão de criação de uma associação de empresários da Avenida Castelo Branco, de projeto de lei que revertesse os impostos pagos por empresas para investimento em melhorias da própria avenida, entre outros. “Isso reflete em um projeto de narrativa e de marca para fortalecer o senso de comunidade”, enfatiza.
 

Ao longo da Agrovia Castelo Branco serão feitos investimentos
em peças de identidade visual (Foto: Memorial Descritivo do Projeto Agrovia Castelo Branco)

A segunda área de atuação é a estratégia de identidade visual, desdobrada ao longo da avenida. Ciro informa, inclusive, que foram propostas várias intervenções em mobiliário urbano, como placas e totens, que pudessem gerar recurso para a própria manutenção da avenida, por meio de veiculação de patrocínio ou publicidade. “Junto com o pessoal da arquitetura e engenharia, nós fizemos todo o mapeamento da avenida para entender como poderíamos facilitar o acesso e a trafegabilidade, pensando que ali seria um polo para quem é de fora de Goiânia. Por isso, surgiu a ideia de dividir a avenida em trechos. Cada um terá uma cor e é sinalizado com um totem na ponta. Então, a pessoa não precisa se preocupar em ficar procurando números”, afirma.

De acordo com o projeto, também estão previstos pórticos, como identidade visual, sendo um com altura de nove metros, que será instalado na ponta da ilha central da Avenida Castelo Branco, em frente à saída do viaduto do Terminal Padre Pelágio, e outro na Praça Ciro Lisita, com 12 metros de altura, contendo a marca Agrovia Castelo Branco. Neste caso, a ideia é posicionar na área central da praça, de forma que possibilite ser visto pelas pessoas que passarem pela região nos dois sentidos da avenida. Há previsão, ainda, de pinturas de muros e paredes ao longo da Castelo Branco, com o intuito de promover a Agrovia, o agronegócio em geral, assim como comércios e serviços locais. O projeto prevê que em todas as situações será permitida publicidade, de acordo com concessão mediante licitação para espaços públicos.

Ciro destaca, ainda, que alguns projetos de revitalização desenvolvidos fora do País serviram de inspiração para a Agrovia Castelo Branco. Ele cita como exemplo a High Line Park, em Nova York, um parque público construído em uma estrutura elevada, com 2,33 quilômetros de comprimento, que antes era uma antiga linha de trem abandonada. “Era uma área muito desvalorizada no sentido imobiliário e transformaram em uma passarela de passeio. Toda a região que corta, teve uma valorização absurda. Foi um projeto muito bem executado e virou uma marca, um destino turístico”. Ele afirma que o projeto da Agrovia tem exatamente essa visão de que a revitalização da Avenida Castelo Branco, por ser porta de entrada e de saída para várias regiões do Brasil, pode se tornar uma área turística pela movimentação de pessoas, ganhando em valorização imobiliária, especialmente para moradores da região, e em competitividade para as empresas.
 
Impacto no comércio e serviços
Por representar e defender os interesses do setor de comércio e de serviços na capital, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia) contribuiu com o projeto e tem apoiado e acompanhado o desenvolvimento do programa de revitalização da Avenida Castelo Branco. Segundo o coordenador da entidade, Felipe Teles, um dos benefícios é atrair novos olhares de outros lugares, estados e países para Goiânia. “A gente sabe que por ser capital, nosso desenvolvimento agropecuário não é tão grande quanto no interior. Mas fornecemos insumos e produtos diversificados para o agronegócio goiano e brasileiro”.

Ele reforça que o projeto é benéfico para o município, porque também contribui para ampliar a visão do consumidor, destacando o papel de Goiânia na promoção de negócios, fomento à economia e geração de emprego. “O setor de comércio e serviços representa 81% das contratações formais na capital. É o setor que mais cria postos de trabalho. E esse projeto é para ser um modelo de referência nacional, atraindo mais empresas para a região, mais emprego para a cidade”, diz.


Coordenador da CDL Goiânia, Felipe Teles ressalta que a Agrovia Castelo Branco vai beneficiar
o setor de comércio e serviços na capital (Foto: Divulgação CDL Goiânia)
 
Felipe acrescenta que a reformulação e a requalificação da avenida para Agrovia Castelo Branco é um projeto visual importante e impactante, mas também traz incentivos e ganhos para os diversos segmentos do comércio, não apenas aos que atuam com a agropecuária. “Há a parte da avenida, porém outras iniciativas serão adotadas para fomentar novos comércios e investimentos na capital. Por exemplo, um produtor rural vem para Goiânia para comprar máquina ou insumo, ele tem a possibilidade de visitar outras empresas, participar de eventos, utilizar rede hoteleira, consumir outros tipos de produtos e serviços”, reforça.

O coordenador enfatiza que a CDL Goiânia está à disposição do comércio para prestação de serviços e fornecimento de soluções que possam aprimorar os negócios, desenvolver os empreendimentos e o setor produtivo como um todo. “Mesmo aquelas empresas que não são associadas à CDL, se beneficiam dessa atuação. A entidade tem um departamento de relações institucionais e governamentais e a gente trabalha inclusive em medidas, junto aos poderes públicos, como Prefeitura, Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa, que possam impactar o setor de comércio e serviços como um todo, que é o segmento representado pela entidade. A gente trabalha especialmente nas demandas, tentando sempre preservar os interesses, fomentar a economia, a geração e a distribuição de riqueza, renda e emprego”, defende.

É exatamente com foco em melhorar a economia da região da Avenida Castelo Branco que o empresário do setor de produtos veterinários e agrícolas, Romeu Alves Pereira, participou do projeto de elaboração da Agrovia. “Fui consultado no início e ajudei, inclusive com quantia em dinheiro. Agora saiu do papel e já está em execução. Vai trazer retorno positivo para os lojistas e os comerciantes, não só do agro. A avenida vai ficar mais legível, com placas de indicação, retirando árvores velhas, que caem direto em fios. Só vejo melhorias”.

Há 38 anos na região e proprietário da Agropecuária Castelo Branco – associada à CDL Goiânia -, Romeu defende que a avenida seja cada vez mais valorizada e reconhecida como polo do comércio agro na capital. “Se a pessoa quer um trator, encontra na Castelo Branco. Se precisa de vacina contra a febre aftosa, acha também. Quer comprar adubo, só andar pela avenida. Semente, a mesma coisa. Tem de tudo do setor. Então, já é um polo, agora precisa de mais reconhecimento”. Ele diz que recebe clientes de vários lugares do Brasil, principalmente São Paulo, Mato Grosso e estados do Norte. “Atendi uma mulher de Rondônia. Comprou adubo e sementes de milho. Não existe limite em relação aos clientes. Por estarmos em um ponto estratégico da capital, facilita a logística de consumo”, afirma.


Comerciante na Castelo Branco, Marco Elísio acredita que as melhorias na avenida
vão contribuir para trazer mais clientes para a região (Foto: divulgação)
  
Diretor da Planalto Tratores, Marco Elísio Nunes Cunha também participou da elaboração do projeto. Ele concorda que o processo de revitalização e requalificação da avenida trará impactos positivos aos empresários da região e à população de Goiânia. “Vai trazer fluxo maior de pessoas e facilitar os acessos dos clientes às empresas. O local já é polo e muitas empresas se instalaram na Avenida Castelo Branco por ser uma via de saída da cidade para as principais regiões produtoras do Estado e do País. Estamos falando do Vale do Araguaia e região Sudoeste, além do Mato Grosso. Com a chegada das empresas, o comércio se fortaleceu cada vez mais”, informa. Com 50 anos de atuação no setor e atendimento em 121 municípios goianos, a Planalto Tratores possui unidade na Avenida Castelo Branco há mais de 40 anos, trabalhando com produtos como tratores, colheitadeiras e outros implementos agrícolas, além de assistência técnica especializada. Por lá, são comercializadas cerca de 200 unidades de máquinas por mês.

Além da área comercial, a previsão é que o setor de prestação de serviços se beneficie com a valorização da avenida como Agrovia. É o caso de cooperativas de crédito que já estão instaladas ou que possam vir a atuar na região. “A implantação do projeto Agrovia Castelo Branco vem coroar todo o esforço e visão estratégica do Sicoob UniCentro Br. O projeto aumentará ainda mais a visibilidade, destacando a importância da região e impulsionando a economia”, relata a gestora da Agência Castelo Branco da cooperativa, Sandra Helena.

De acordo com ela, o Sicoob UniCentro Br possui 12 agências espalhadas pela capital, com mais de 16,4 mil cooperados. A unidade da Castelo Branco é uma das mais recentes, inaugurada há pouco mais de um ano, em setembro de 2021. “A escolha da região não poderia ser mais assertiva, pois é um importante corredor de estabelecimentos consolidados, onde são comercializados diversos produtos e serviços ligados ao agronegócio”, informa Sandra. Ela ressalta que a vocação da agência, a princípio, é o agronegócio. No entanto, acrescenta que a cadeia de valor desse segmento é enorme e não se restringe apenas aos produtores rurais propriamente ditos. “Abrange uma infinidade de produtos e serviços que orbitam em torno do agro. Segmentos esses que possuem instalações nas proximidades da agência e não só em Goiânia, como em todo Estado e até mesmo além das fronteiras de Goiás. Alguns de nossos cooperados mantém atividades no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia e Pará”, diz.


Gestora da Agência Castelo Branco do Sicoob UniCentro Br, Sandra Helena destaca
que a Agrovia vai aumentar a visibilidade do local (Foto: Divulgação)
 
Desafios e oportunidades
Apesar dos benefícios previstos, toda mudança em uma estrutura já consolidada mexe com hábitos da região, impacta trânsito e mobilidade, além de trazer reflexos no cotidiano da cidade. As intervenções que estão sendo feitas na Avenida Castelo Branco e outras que estão previstas no projeto demandam estratégias para reduzir os impactos junto ao comércio, à movimentação no município e à população em geral. Esse é um dos desafios de colocar em prática o programa de revitalização da Agrovia Castelo Branco. “Impacta, mas agrada. Todos querem melhoria e vêm a obra como uma ação positiva. Como está sendo realizada por etapas, são minimizados os incômodos”, afirma o conselheiro de projetos do Codese, Marcos Villas Boas.

O coordenador da CDL Goiânia, Felipe Teles, concorda que qualquer modificação que é realizada na cidade, principalmente em uma avenida tão importante para circulação, traz reflexos para a sociedade. “Mas a Prefeitura tem feito em trechos, justamente para reduzir os impactos. Isso sem interditar totalmente a via, porque a gente sabe que a Castelo Branco é de grande fluxo, de grande circulação. Essa forma adotada pelo poder público, no nosso entendimento, é interessante, bem vista. Por parte da CDL, a gente colabora para que seja feita o mais rápido possível, minimizando e pensando sempre nos benefícios gerais para a população e para a capital, já que no frigir dos ovos, teremos mais investimentos do que contratempos que podem ser gerados”, informa.

Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Goiânia (Aceg), José Torres, o projeto de revitalização da Avenida Castelo Branco deve contribuir para melhorar outro desafio enfrentado pelos empresários locais, que é a falta de marketing e divulgação da região. “É um local que vende de tudo para o setor agropecuário, desde máquinas e insumos, então precisa trabalhar a imagem de todas as empresas, não somente de algumas que conseguem fazer sua divulgação”, afirma. Ele destaca, ainda, que a Associação pretende ter um olhar mais atento para a Castelo Branco e contribuir para o fortalecimento do comércio da avenida, por meio de uma diretoria segmentada. “Nós já temos a diretoria da 44. O responsável pega todas as demandas e traz para avaliarmos as possíveis melhorias. Na Agrovia, vamos estudar uma forma de ter um diretor que vai justamente acompanhar a evolução do comércio e do projeto local”, orienta.

No que tange ao comércio e serviço da região, em geral, as entidades reforçam que a requalificação da via e a criação da Agrovia, com a série prevista de incentivos, devem propiciar a ampliação nos negócios, o consumo e as vendas, com mais empregos e renda, além de maior valorização e competitividade dos comerciantes. O objetivo é dotar a região de condições para tornar-se o maior polo de comércio e serviços agropecuários do Centro-Oeste e do Brasil, com benefício aos empresários, aos trabalhadores, aos consumidores/clientes e para toda a população de Goiânia. “O projeto vai tornar a região mais atrativa e mais organizada para o comércio. Naturalmente, ainda depende de melhorias na mobilidade para que o acesso seja ampliado de forma sustentável, mas este é o caminho”, finaliza o conselheiro do Codese, Marcos Villas Boas.
 



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