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MONTES CLAROS

Sítio arqueológico de 3,5 mil anos é encontrado em Goiás

Descoberta foi nomeada de Toca da Anta | 01.02.22 - 10:28 Sítio arqueológico de 3,5 mil anos é encontrado em Goiás (Foto: Sapiens Arqueologia)

A Redação
 
Goiânia - Um novo sítio arqueológico, que foi nomeado de Toca da Anta, foi descoberto na região do município de Montes Claros de Goiás. A partir da análise fragmentos de carvão, a datação do local foi estimada em 3.500 anos. O espaço foi localizado nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar, localizadas no Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia, a partir de uma pesquisa realizada no âmbito do processo de licenciamento ambiental. O sítio Toca da Anta foi cadastrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da superintendência do órgão em Goiás. 
 
Localizado em abrigo rochoso, o sítio está inserido em zona preservada, em uma área delimitada de 7.640 m². O local apresenta um rico contexto, composto por vestígios móveis e pinturas rupestres que foram devidamente documentadas, sendo alvos de estudo.
 
As escavações arqueológicas proporcionaram a identificação e coleta de 3.229 artefatos de pedra e cerâmica, que foram submetidos às etapas de curadoria e análise em laboratório. Dentre os achados estão ferramentas de corte e raspadores de pedra, confeccionados com diversas matérias primas, além de fragmentos cerâmicos que foram reconstituídos, possibilitando a identificação da forma dos vasilhames, além de restos ósseos e porções de carvão. Todo o acervo arqueológico gerado foi adequadamente acondicionado e encaminhado para a reserva técnica do Museu Histórico de Jataí (GO), que endossa institucionalmente a pesquisa.
 

Fragmentos de cerâmica reconstruídos (Foto: Sapiens Arqueologia)
 
As escavações alcançaram 2,5 metros de profundidade e evidenciaram dois momentos ocupacionais no sítio, sendo o primeiro caracterizado pela ocorrência de material cerâmico, pedra lascada e carvão, associado a grupos horticultores-ceramistas, e o segundo, mais antigo, caracterizado pela alta incidência de material em pedra lascada, vinculado a grupos caçadores-coletores. Além dos artefatos citados, foram detectadas pinturas rupestres em três painéis, nos quais se destacam os desenhos geométricos e cruciformes (cruz) em coloração avermelhada.
 
Segundo o arqueólogo do Iphan-GO, Danilo Curado, “o acervo arqueológico gerado na pesquisa demonstra o longo período de habitação da área e as boas condições que o local fornecia ao longo de milênios. Os fragmentos de carvão, por exemplo, podem ter sido resultado de fogueiras feitas pelo homem”, expõe.   
 
Resgate Arqueológico   
O Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia tem recebido diversas pesquisas desde o ano de 2018. Até o momento foram identificados cinco sítios arqueológicos, sendo o Toca da Anta o maior deles. Para a datação do sítio, os pesquisadores solicitaram ao Iphan a autorização para o encaminhamento de amostras de carvão para o Laboratório Beta Analityc, em Miami, nos Estados Unidos, para datação por radiocarbono. O resultado indicou a data de 3.500 anos antes do presente, com chancela internacional, em termos de datação, evidenciando a relevância e antiguidade da ocupação pretérita da região.   
 

Marcas de pinturas rupestres encontradas no sítio (Foto: Sapiens Arqueologia)
 
“A ação promovida no empreendimento demonstra a importância de se realizar os estudos arqueológicos dentro do licenciamento ambiental, ainda que em áreas já alteradas pela agricultura. Neste caso, se não houvesse tal pesquisa, certamente um sítio de mais de três milênios poderia ter sido destruído”, pontua Curado. Além do sítio Toca da Anta, outros 19 já foram identificados no município de Montes Claros de Goiás e cadastrados pelo Centro Nacional de Arqueologia (CNA) do Iphan. 
 
O superintendente do Iphan-GO, Allyson Cabral, pontua que graças às políticas de gestão do patrimônio cultural adotadas pelo Iphan, especialmente a participação do Instituto nos processos de licenciamento ambiental, um sítio tão relevante, com datação tão recuada, não foi impactado. “Os empreendimentos agropecuários, assim como tantos outros potencialmente lesivos ao meio ambiente e, consequentemente, aos recursos culturais, necessitam de pesquisas preventivas e autorização deste Instituto, que tem a missão de preservar e difundir o patrimônio cultural do povo brasileiro, para o fortalecimento das identidades, garantia do direito à memória e contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do país de forma sustentável e responsável.” 
 

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