Théo Mariano
Goiânia - Goiás é um dos 13 Estados brasileiros cujos novos casos da covid-19, registrados ao longo dos primeiros dias de 2022, são quase todos da variante Ômicron. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI) nesta semana, cerca de 90 a 100% das infecções examinadas nesses 13 Estados são da cepa registrada inicialmente na África do Sul.
A análise feita pelo governo federal nos testes positivos da covid-19 de Goiás, colhidos no início do ano, mostram que 92,5% dos casos sequenciados eram da variante citada. A Ômicron chegou ao País no dia 23 de novembro do ano passado. A primeira contaminação pela cepa em Goiás e, posteriormente, a primeira morte no Estado pela variante foram confirmados em Aparecida de Goiânia. No mês em que chegou ao Estado, a cepa representava apenas 4,31% dos infectados no território goiano. Menos de dois meses depois, o número já atinge quase 100% dos registros.
Mapa do Boletim InfoGripe exibe a probabilidade de 95% de alta nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em Goiás e Goiânia. (Foto: Reprodução)
O Boletim InfoGripe, publicado nesta sexta-feira (21/1) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que 25 das 27 unidades federativas do País, incluindo Goiás, possuem probabilidade de 95% de crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) - majoritariamente compostos por infecções da covid-19. Em Goiânia, a perspectiva é a mesma. Ambas as avaliações são feitas a partir de dados analisados das últimas seis semanas.
O poder de disseminação da Ômicron é mais facilmente notado ao compará-la com a variante Delta, proveniente da Índia. Como mostra o estudo do MCTI, a cepa indiana demorou cerca de 20 semanas para alcançar a marca de 100% dos novos casos registrados no País. Enquanto isso, a variante sul-africana se tornou dominante entre as novas infecções em apenas seis semanas.
Apesar da alta capacidade de disseminação, a Ômicron tem menor chance de resultar em casos graves da covid-19 do que as variantes anteriores, segundo pesquisas divulgadas até o momento. No entanto, a Organização Mundial da Saúde alerta que, a despeito de todos os estudos que apontam menos probabilidade de fortes infecções, a variante sul-africana ainda assim é letal e não deve ser considerada "branda".
Dados do Conass mostram a alta recente na média móvel de casos da covid-19. (Foto: Reprodução)
O Brasil, inclusive, atingiu a maior média móvel de casos da covid-19 desde o início da pandemia. O País ultrapassou, nesta semana, a marca de 200 mil novos casos registrados em apenas 24 horas. Já em relação às mortes, a média móvel subiu mais de 80% entre a semana passada e a atual, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
Conforme os Indicadores de Monitoramento de Alerta em Goiás, o Estado voltou a registrar zonas em situação de calamidade pela alta nos casos da covid-19 após cerca de três meses. A mudança no mapa disponibilizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) é perceptível: a ampliação das cores quentes (laranja e vermelho) representa o aumento dos números de infectados.
Mapa mostra diferença na quantidade de casos registrados entre a última semana e a semana atual em Goiás. (Foto: Reprodução)
No último boletim epidemiológico divulgado nesta sexta (21) pela SES-GO, Goiás atingiu o maior número de novos casos notificados em um único dia desde o início da pandemia. Segundo a divulgação, foram mais de 6,6 mil registros no sistema entre a penúltima publicação e esta. No entanto, os dados não significam que as novas infecções aconteceram necessariamente entre ontem e hoje. O número é referente aos novos registros inseridos no sistema nas últimas 24 horas, conforme pontua a SES-GO.