Ludymila Siqueira, Carolina Pessoni e Augusto Diniz
Goiânia - Quando a história de Goiás é contada a partir do momento da transferência da capital, da cidade de Goiás para a fundação da originalmente planejada Goiânia, em 1933, dois políticos se destacam. O primeiro deles é responsável pela fundação de Goiânia, Pedro Ludovico Teixeira (1891-1979).
Depois, Iris Rezende surge como o grande nome da política goiana até 2020. A partir da década de 1950, quando Iris se torna vereador da capital no ano de 1958 e depois prefeito eleito em 1965, o goiano nascido em Cristianópolis no dia 22 de dezembro de 1933 se tornou uma espécie de herdeiro, mesmo que de maneira proposital ou involuntariamente, da nova fase pela qual passava o Estado a partir da mudança de centro do poder goiano para a nova capital.
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Ele tinha 87 anos e estava internado desde o dia 6 de agosto, primeiro no Instituto de Neurologia de Goiânia e depois no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo - a partir de 31 de agosto -, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. O óbito foi confirmado pela unidade de saúde na madrugada desta terça-feira (9/11). Coincidentemente, Iris Rezende morreu com a mesma idade que tinha Pedro Ludovico quando faleceu, no dia 16 de agosto de 1979, em Goiânia. E nasceu dois meses depois da data de aniversário da capital: 24 de outubro de 1933.
Nascimento
Iris Rezende Machado nasceu em 22 de dezembro de 1933. O goiano de Cristianópolis se mudou para Goiânia aos 15 anos de idade e, dez anos depois iniciou sua carreira política como vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Ele foi ministro da agricultura, governador, senador, prefeito, tudo o que uma carreira política de seis décadas pode permitir. Em 2 de dezembro de 1959 assumiu o cargo de prefeito interino, aos 26 anos de idade. Ele foi a pessoa que mais governou a capital, com mandado de quatro anos. Além disso, se tornou um dos políticos mais influentes do Estado de Goiás.
O ex-prefeito era casado com Iris de Araújo e deixou três filhos. Após se aposentar da política, Iris seguia se dedicando a advocacia e ao cuidado de suas fazendas.
Carreira política
Iris Rezende iniciou a carreira política em Goiânia, onde foi eleito vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro em 1958. Foi presidente da Câmara no biênio de 1961 a 1962. Em seguida, em 1963 foi eleito deputado estadual.
Iris Rezende no início de sua carreira política, em Goiânia (Foto: Arquivo Pessoal)
Com o fim dos partidos políticos, por força do Ato Institucional nº2 (25/10/1965), baixado pelo regime militar, Iris ingressou na legenda oposicionista do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). No mesmo ano (1965) disputou as eleições para prefeito de Goiânia, onde assumiu o mandato no ano seguinte.
Devido seu destaque na administração da capital goiana, que chamou a atenção do governo militar, teve os direitos políticos cassados por 10 anos, com base no Ato Institucional 5 (AI-5). Durante o período que ficou fora da prefeitura, Iris Rezende montou um escritório de advocacia. Após o fim da ditadura militar, ele foi eleito governador por dois mandatos, governando o Estado de Goiás pelo PMDB de 1983 a 1986 e de 1991 a 1994. Sua marca foi a dos grandes mutirões, chegando a construir mil casas em um só dia.
Em 1986, foi nomeado ministro da Agricultura, no governo do presidente José Sarney. Em 1990 voltou a disputar o governo de Goiás, onde ficou até 1994, quando descompatibilizou o cargo para concorrer a uma cadeira no Senado, foi eleito.
Já no Senado, Iris tornou-se presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais importantes da casa. Voltou a ser ministro em 1997, na primeira gestão de Fernando Henrique Cardoso, na pasta da Justiça. Deixou o Ministério em 1998 para disputar o governo de Goiás em outubro do mesmo ano e como não foi eleito, voltou a exercer seu mandato no Senado.
O ex-governador Naphtali Alves, Iris e Maguito Vilela, nas campanha de 1998 (Foto: Arquivo Pessoal)
No ano de 2002 tentou se reeleger senador, mas não conseguiu emplacar um novo mandato. Deixou o Senado no término da legislatura, em 31 de dezembro de 2003. Em 2004 disputou a prefeitura de Goiânia com Pedro Wilson (PT) e foi eleito no segundo turno.
Durante esta gestão, dedicou-se a melhorar a educação pública municipal com a contratação de professores e investimentos em construção de novas escolas. Inaugurou 35 Centos Municipais de Educação Infantil (Cmeis), realizou obras de urbanização com a construção e revitalização de praças, além de pavimentação asfáltica, revitalização de terminais e novas linhas de ônibus. Em 2007 inaugurou uma de suas obras mais marcantes, o Viaduto da Praça Latif Sebba, mais conhecido como Viaduto do Ratinho.
Sua aprovação o levou à reeleição em Goiânia em 2008. Em 2010 abdicou da prefeitura para se candidatar ao governo estadual, mas não foi eleito. Nas eleições seguintes tentou novamente se eleger governador, porém, novamente sem sucesso.
Em 2016 escreveu e divulgou à imprensa uma carta que anunciava o fim de sua carreira política. No mês seguinte, entretanto, oficializou sua candidatura à prefeitura de Goiânia e foi eleito para o seu último mandato, à frente da Capital. Sua atual gestão foi marcada por obras de infaestrutura, como a retomada das obras do BRT e o complexo viário da Avenida Jamel Cecílio.
Iris Rezende encerrou oficialmente sua carreira política em 18 de dezembro de 2020, dia em que fez um discurso de despedida. Ele seguiu no cargo de prefeito de Goiânia até o dia 31 daquele mês e ano.
"Não quero me distanciar de vocês. Não vou me candidatar mais, não vou ocupar cargo público mais, mas quero conviver com a população", afirmou Iris Rezende durante discurso emocionado de sua despedida da carreira política.
(Foto: Divulgação)