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Projeto é voltado para educação financeira | 14.09.21 - 23:30
(Foto: divulgação)A Redação
Goiânia – Com o objetivo de auxiliar as famílias brasileiras a controlar os gastos e evitar o acúmulo de dívidas, o agora mestre em Administração Pública pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Makário Luiz Orozimbo Júnior, propôs em sua pesquisa um modelo que pode prever a propensão ao endividamento de um indivíduo com base em suas respostas. A ideia é usar as informações para aplicar com mais eficácia iniciativas de capacitação em educação financeira para as pessoas com esse perfil. Orientado pelo professor do Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap/UFG), Sólon Bevilacqua, o estudo foi realizado com 258 servidores que responderam, entre agosto e setembro de 2020, a um questionário de 54 perguntas sobre diversos aspectos de suas finanças pessoais.
Para desenvolver o modelo, a pesquisa aplicou a técnica da análise fatorial, que reduziu para 24 o número de itens respondidos a serem analisados e destacou as de maior importância para explicar o fenômeno estudado. Após essa etapa, as 24 variáveis foram agrupadas em sete fatores: impulsividade, emoções, status, valores, educação financeira, risco e stress. A partir daí, foram selecionadas as questões que melhor explicassem o fenômeno do endividamento.
Em seguida, o pesquisador definiu para o trabalho o uso da técnica de regressão logística, adequada para construir modelos preditivos. “Os respondentes foram separados em dois grupos, “A” e “B”, de acordo com as respostas dadas às 24 questões. O grupo A consiste nos indivíduos que possuem tendência ao endividamento, e o grupo B, os que possuem autocontrole ou aversão ao endividamento. As respostas obtidas nos questionários foram transferidas para o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), que é capaz de realizar vários testes para confirmar que o modelo aplicado na análise fatorial é confiável. Os resultados apontados pelo programa atestaram que o nosso modelo pode prever se um indivíduo é ou não propenso a endividar-se, de acordo com suas respostas ao questionário.”
Para o pesquisador, que atua como administrador no Instituto Federal de Goiás (IFG), a estabilidade é uma característica do regime de trabalho dos servidores públicos que pode levar à criação de “um padrão de vida muitas vezes inflado, superestimando sua capacidade de pagamento, já que há uma certa previsibilidade do pagamento por parte do governo. Já os trabalhadores do setor privado, por terem de lidar com diversas incertezas e desafios em seus ambientes laborais, desenvolvem habilidades técnicas e conceituais que podem auxiliá-los na construção mais consciente do próprio patrimônio e alternativas para sobreviverem em possíveis cenários de crise e instabilidade”.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 70% das famílias brasileiras estão endividadas e que 10% não têm condições de pagar suas dívidas. No entanto, os resultados da pesquisa com servidores públicos vão na contramão dessa realidade, pois apontam que a maioria dos servidores controlam seus gastos a fim de manter a saúde financeira. Isso pode ser explicado, segundo Makário, pelo fato de que a maioria dos entrevistados em sua pesquisa trabalhem na área de educação e possuam elevados níveis de titulação acadêmica, o que pode ser um indicativo de melhor educação financeira. “Ao longo do trabalho foram apresentados outros estudos nos quais os servidores entrevistados eram de outras áreas de atuação do Estado e, de modo geral, apresentaram sérios problemas com a própria gestão financeira”, destacou.
Educação financeira
Makário promove, desde 2019, palestras e cursos para servidores com a temática “educação financeira”. Ele conta que a iniciativa tem sido muito bem recebida, ainda mais após os diversos episódios de crise e instabilidade vivenciados pela sociedade. “O cenário pandêmico que estamos vivendo intensificou ainda mais a busca das pessoas por conhecimentos de ordem financeira. Temas que já eram abordados pela educação financeira, como a construção da reserva de emergência, investimentos e controle de gastos se tornaram ainda mais relevantes dado o agravamento das crises econômicas e sociais ocasionadas pela covid-19”, defendeu.
A partir dos resultados de sua pesquisa de mestrado, Makário apresentou uma proposta de intervenção que consiste em uma capacitação em educação financeira. A proposta é composta de um plano de ensino com ementa do curso, objetivos, metodologia e conteúdo programático. Aos participantes, são apresentados, além da teoria, casos práticos e aplicados como também exercícios de fixação do conteúdo.