A Redação
Goiânia - Goiás está em destaque em
estudo divulgado, nesta quarta-feira (21/07), na revista científica The Lancet. O trabalho foi realizado em parceria com instituições de diferentes países e contou com a participação da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Hospital de Campanha para Enfrentamento do Coronavírus (HCamp) de Goiânia, unidade de saúde do Governo de Goiás.
No Brasil, o trabalho foi coordenado pelo Hospital Albert Einstein e teve a participação de vários centros de pesquisa. O estudo avaliou pessoas hospitalizadas com a covid-19 e que apresentavam, pelo menos, um fator de risco. Os pesquisadores avaliaram a utilização de um medicamento nos pacientes, com o objetivo de preservar a função renal.
A iniciativa mostra o compromisso das instituições do Estado e dos pesquisadores goianos com a ciência e com a busca por melhorias que possam impactar positivamente a vida do cidadão. O HCamp de Goiânia, hospital referência para assistência de casos de Covid-19, foi classificado como a segunda unidade com maior participação de pacientes, contribuindo com a inclusão de dados para avaliação dos cientistas. Ao todo, 10% dos casos analisados no Brasil foram de pessoas internadas no hospital.
“É desse jeito que a gente governa, sempre com a ciência ao nosso lado em busca do melhor para as pessoas”, ressaltou o governador Ronaldo Caiado. Ele deixou um agradecimento especial à equipe da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), do HCamp Goiânia e da Liga de Hipertensão Arterial da UFG.
Já o secretário de Estado da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, ressaltou que a ciência é objetiva. “A gestão tem subjetividades. Mas fazer gestão apoiando-se na ciência é um caminho que diminui erros”. Ainda segundo o titular da SES-GO, com iniciativas assim é possível construir políticas públicas de saúde com sensatez, responsabilidade e, sobretudo, com eficiência. “Tudo isso contribui para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). E é assim que vamos fortalecendo a saúde em Goiás”, pontuou Alexandrino.
Em Goiás, o estudo foi conduzido pelo professor da Faculdade de Medicina da UFG e coordenador da Liga de Hipertensão Arterial, Weimar Kunz Sebba Barroso. O trabalho avaliou pacientes hospitalizados com a Covid-19 e que apresentavam, pelo menos, um fator de risco cardiometabólico, ou seja, hipertensão, diabetes tipo 2, doença cardiovascular aterosclerótica, insuficiência cardíaca e doença renal crônica.
A pesquisa considerou aqueles pacientes internados com a infecção pelo coronavírus e que exigiam uso de oxigênio, mas sem a necessidade de ventilação mecânica. Foi avaliado o uso da Dapagliflozina, um medicamento usado para o tratamento de diabetes. “Como a Covid-19 é uma doença que aumenta a atividade inflamatória, gerando um dano importante aos rins, há uma hipótese bastante plausível de que um fármaco como esse, que diminui a inflamação e protege o funcionamento renal, reduz as complicações nos pacientes internados”, explicou o professor Weimar Barroso.
Ele também ressaltou que o estudo foi devidamente aprovado nos órgãos regulatórios americanos, latino-americanos e brasileiros. No Brasil, o trabalho foi coordenado pelo grupo do Hospital Albert Einsten e contou com a participação de vários centros de pesquisa. “O país teve um papel fundamental, pois de um total de 1.200 pacientes que foram incluídos na análise, cerca de 700 foram brasileiros, mostrando a nossa participação expressiva”, detalhou.
“Com o trabalho encontramos algumas respostas relacionadas ao tratamento, o que é bastante importante. Além disso, também contribuímos com a construção de um conhecimento científico que busca levar o máximo de proteção aos nossos pacientes, diminuindo as complicações dessa doença e, sempre que possível, salvar ainda mais vidas”, pontuou o pesquisador.
Weimar Barroso também reconheceu o empenho, comprometimento com a ciência e dedicação do trabalho em conjunto das equipes da SES-GO, por meio do HCamp Goiânia, e dos membros da Liga de Hipertensão Arterial da UFG. “Todas essas pessoas e instituições se comprometeram com a ciência para que esse estudo fosse coroado com a publicação em uma revista de enorme impacto”, finalizou. O trabalho foi destaque em importantes associações da comunidade científica mundial, como o American College of Cardiology e a American Diabetes Association.