Jales Naves
Especial para o AR
Goiânia - Dois momentos marcaram a trajetória do cirurgião plástico Afranio Marciliano de Freitas Azevedo: ao operar o líder guerrilheiro Carlos Lamarca, em julho de 1969, ato que lhe rendeu a prisão por 73 dias no regime militar, projeção profissional e grande clientela; e ao voltar à sua cidade natal, Uberlândia, MG, quando participou da campanha eleitoral de 1988, deu um sentido mais socializante para os discursos da campanha, e, com a vitória, assumiu a Secretaria Municipal de Educação – único no país a ficar quatro mandatos, de três prefeitos. Nesse período, revolucionou a educação no município, tendo por base a experiência do educador Anísio Teixeira, que defendia a escola pública, laica e obrigatória. “Pública, pois deveria ser dever do Estado e direito de todos os cidadãos. Laica, porque não estaria presa a nenhuma doutrina religiosa e seria de iniciativa do Estado e, obrigatória, porque deveria atingir a todo e qualquer cidadão”, como assinalou o ‘Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova’, de 1932, do qual foi um dos signatários.
Com formação marxista, que adquiriu com o pai, Afrânio Francisco de Azevedo, ele morou em Goiânia, quando o progenitor foi Deputado Estadual pelo Partido Comunista e dono de fazendas, e depois se mudou para o Rio de Janeiro, nos anos 1960, para estudar na Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse período militou no movimento estudantil, foi preso seis vezes, e ali se tornou cirurgião plástico, por influência do tio, o cirurgião geral Josias Naves de Freitas, que tinha sido professor do cirurgião plástico Ivo Pitanguy, com quem trabalhou.
Influência do pai e política estudantil
A influência do pai, que gostava de ler, estimulava seus filhos na busca pelo conhecimento, era espírita e tinha uma visão socialista, foi marcante em sua formação. Mineiro de Uberaba, onde nasceu em 1910, de família simples, Afrânio Francisco de Azevedo desde jovem assumiu grandes responsabilidades, como a educação e criação dos irmãos, e construiu uma rica caminhada, que também foi muito representativa para os filhos: professor na roça, mensageiro de banco, foi contador, tinha uma caligrafia muito bonita e passou, em primeiro lugar, no concurso nacional realizado pelo Banco do Brasil, quando optou por trabalhar na agência de Uberlândia, inaugurada em 1936. Casou-se com Joaninha Naves de Freitas e o casal teve cinco filhos. Ele ingressou na Maçonaria, fez carreira no BB, filiou-se ao Partido Comunista logo após a sua fundação, tornou-se um dos financiadores do PC e se aproximou do líder comunista Luiz Carlos Prestes, que hospedava em sua casa e por um tempo custeou as despesas de manutenção do dirigente partidário. Quando se mudou para Goiânia elegeu-se Deputado Estadual, participou da Assembleia Constituinte e, com o cancelamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral, do registro do Partido Comunista, pela Lei nº 211, de 1948, teve seu mandato extinto. Continuou sua trajetória: foi agricultor e pecuarista de sucesso, instalou casa bancária, e a família o acompanhou, primeiro de volta a Uberlândia e depois para São Paulo.
O filho homônimo, que nasceu em 1939, decidiu fazer Medicina. Frequentou o curso Brigadeiro, em São Paulo, na época o melhor do Brasil na preparação para o vestibular, e optou por estudar no Rio de Janeiro, onde estavam os dois irmãos mais velhos: José Olympio, já fazendo o curso, e Mário Augusto, que tentava o vestibular. Os dois moravam em apartamento na rua Corrêa Dutra, no Flamengo, perto do Largo do Machado e da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE). Sua chegada o estimulou e ambos passaram no vestibular, Mário Augusto na Escola de Medicina e Cirurgia, e ele na Faculdade Nacional. Na época, o envolvimento com o movimento estudantil, do qual começou a participar em Uberlândia, quando teve os primeiros contatos com o Partido Comunista, e passou a engrossar as manifestações coordenadas pela União Metropolitana de Estudantes do Rio de Janeiro, que tinha o irmão Mário Augusto como vice-presidente. Depois, ingressou no PC a convite da filha do Prestes, Anita Leocádia, que estudava na Faculdade Nacional de Filosofia.
Os quatro irmãos homens fizeram Medicina, e a única mulher, gêmea de Mário Augusto, Martha, foi proibida pelo irmão mais velho de fazer o curso médico por considerá-la uma atividade masculina. Martha estudou Letras na Universidade Mackenzie, em São Paulo, e se destacou como escritora.
“Cirurgião da Guerrilha”
Afranio Marciliano começou a trabalhar no terceiro ano do curso, com o tio, professor na Faculdade e cirurgião Josias de Freitas, um dos mais conceituados naquele tempo. Uma dia, o tio telefonou para seu aluno, o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, e apresentou o sobrinho:
“Ele está no quinto ano, é chefe de clínica porque sabe mais do que os outros e quer trabalhar com você. Quer ser cirurgião plástico”.
“Manda ele aqui amanhã à tarde”, respondeu.
Na clínica não tinha vaga para todo mundo. O novo profissional se inscrevia e esperava um ano ou dois para surgir uma oportunidade. Ele só aceitava sete novos alunos por ano. Afranio Marciliano, que se formou em 1965, conseguiu a chance e ajudou a qualificar o trabalho de Pitanguy, onde ficou por cinco anos. Também foi para a Santa Casa e trabalhou no consultório do tio, que funcionava na casa dele, em Botafogo, perto do Flamengo.
A cirurgia que lhe trouxe problemas e ao mesmo tempo abriu as portas de seu consultório para a sociedade carioca foi detalhada em entrevista ao jornalista Pedro Popó.
Afranio Marciliano de Freitas Azevedo e o jornalista Pedro Popó (Foto: arquivo / Jales Naves)
Tudo começou com a visita do ginecologista Almir Dutton Ferreira, que estudou na Escola de Medicina e Cirurgia e era o responsável pela logística da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) – grupo de luta armada de extrema-esquerda que se opunha à ditadura militar para instalar um governo de cunho socialista no país; e tinha como comandante Lamarca, capitão do Exército que, inconformado com os rumos do país após o golpe de 1964, desertou em 1969, entrando na luta armada. Como atirador de elite do Exército, realizou assaltos a bancos para financiar a resistência ao regime e montou um foco guerrilheiro na região do Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo.
Almir, que “era corajoso, disposto, lutador, sem ambição pessoal”, como ressaltou Afrânio Marciliano, procurou-o para uma tarefa:
“Precisamos que você opere um guerrilheiro, mude a cara dele”, afirmou.
“Quem?”, indagou.
“Não posso revelar”, respondeu.
“Não mudo nada. Posso alterar algumas estruturas, porque você não muda a fisionomia, a não ser que desfigure a pessoa”, respondeu. “E isso não é ético. O Código de Ética não permite. Adulteração física por cirurgia plástica para ocultação civil não posso fazer. Eu posso mudar alguns traços dele”.
“Tem que fazer”, Almir insistiu.
“Traga ele aqui, no consultório, para que eu possa fazer um estudo de seu rosto”, pediu.
“Não! Você está ficando louco! Aqui é perigoso, muito movimentado”, disse.
“Então, sinto muito, mas não vou fazer. Se quiserem é nessas condições”, arrematou, informando que viajaria à Bahia, para uma palestra, e quando voltasse faria a cirurgia.
E foi o que aconteceu.
Afranio Marciliano pegou o avião no Rio de Janeiro às 8h, para Salvador, a convite do Conselho Nacional de Cirurgia Plástica, fez a palestra de mais de duas horas, no período da tarde, na Universidade Federal, foi para o hotel, pegou sua mala, e se dirigiu ao aeroporto, quando viu a fotografia de Lamarca afixada numa parede e o associou à pessoa que iria atender:
“Esse é o cara que vou operar?”, indagou a si mesmo, pois tinha visto apenas uma fotografia dele.
Chegou ao Rio às 19h30, foi direto para a clínica, mas não encontrou ninguém. Ligou para o Almir e ele explicou que era mais seguro deixá-lo em casa.
A cirurgia ficou marcada para o dia seguinte, no mesmo horário, no Hospital São João de Deus, dos padres portugueses da Ordem de São João de Deus, em Santa Tereza, que eram seus amigos, pois operava muito naquele centro médico.
O paciente foi internado como Paulo César de Castro, cabeleireiro.
Afranio Marciliano chegou em torno de 19h10 e se dirigiu à sala de cirurgia, onde já o encontrou. Tirou algumas fotografias e chamou dois assistentes, um deles o médico Carlos Roberto Alves Cardoso.
Conversou uns 10 minutos com Lamarca, que falou pouco. Perguntado sobre até onde iria com a guerrilha, ele respondeu:
“Até onde der. Vamos tentar mudar o país”.
A cirurgia começou às 19h30, tranquilamente, e terminou pouco depois das 21h.
“Fiz a cirurgia numa hora e quarenta. Botei as orelhas dele no lugar, porque eram de abano. Tirei umas rugas frontais, entre as sobrancelhas, porque era troço dobrado demais. Tensão faz isso. E mudei o nariz, tinha um narigão, um tucanão, e eu fiz um nariz reto, bonito. Ele ficou bonitão”, explicou.
Depois da cirurgia ficou com a sensação de euforia, alegria e de prazer. “Fiz uma coisa contra a ditadura. Isso me deu uma satisfação imensa porque era todo dia vendo amigos e colegas sendo presos e espancados pra cá e pra lá”, disse.
Terminada a cirurgia, passados uns minutos, foi ao quarto para ver o paciente e falar sobre medicação. Lá chegando ouviu um barulho, de gente correndo, e quando abriu a porta viu que alguém tinha se escondido no guarda roupas. Estava tão acostumado a fugir que a qualquer sinal estranho procurava um lugar para se esconder. Disse apenas que no dia seguinte voltaria para tirar os curativos para ele ir para casa.
Na manhã seguinte, quando chegou no hospital, já não encontrou mais ninguém. Tinha sido resgatado pelo grupo e nunca mais o viu.
Não mais teve notícias sobre Lamarca e só voltou a ver a sua fotografia em 1971, nos jornais, morto, no interior da Bahia.
Alguns meses antes começaram a aparecer notícias dizendo que o guerrilheiro estava diferente; prendiam um, achando que era ele, depois descobriam que era outro. Passou uns dois anos sumido, sem ninguém achá-lo. Em seguida surgiu a versão de que ele teria feito cirurgia plástica, comentários a respeito. Decorridos quase dois anos prenderam o Almir, pois sabiam de sua posição no partido e de suas ligações. Muito torturado, falou da cirurgia plástica e quem a tinha feito.
Ato contínuo, foram atrás de Afranio Marciliano, que estava na clínica. Queriam que já os acompanhasse, mas ele explicou que não poderia, pois teria uma cirurgia na manhã seguinte e não tinha como deixar de fazê-la, mas que iria após a operação. Eles concordaram, mas ficaram vigiando. Ele foi para casa, dormiu, acordou com o pessoal na sua porta, foi ao hospital, fez a cirurgia e, quando saía do centro cirúrgico, recebeu voz de prisão. Ainda de uniforme branco foi levado para depoimento no Destacamento de Operações de Informação, do Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), órgão subordinado ao Exército, de inteligência e repressão do governo durante o regime militar.
Já na prisão, questionaram porque tinha operado Lamarca e não o denunciou. Ele insistiu que tinha feito cirurgia no cabeleireiro Paulo César de Castro e que só posteriormente ficou sabendo que era o guerrilheiro. Fizeram a acareação com Almir que, de tanto torturado, implorou que ele contasse a história, pois não aguentava continuar apanhando. Pediram mais informações a Afranio Marciliano, citaram inclusive o sogro, general do Exército Aldo de Souza Pinto, e ele repetiu ter operado o cabeleireiro.
Ficou preso sozinho, numa cela pequena, com um vaso sanitário, uma torneira e, acima, um vitrô que abria. Nos primeiros dias dormiu no chão, de ladrilho quadrado, na cor beje, quando o sogro lhe levou um colchão. Ele subia no vaso e dava para ver quando estavam torturando outros presos.
Depois desse tempo, ele foi liberado para responder ao processo em liberdade.
A imprensa divulgou o fato, estampando sua foto com a manchete: “Preso o Cirurgião da Guerrilha”.
Instaurado o inquérito no Doi-Codi e o processo na Justiça Federal, ele teve o apoio de um colega de grande nome e responsabilidade na área, o dr. Ivo Pitanguy, que se apresentou espontaneamente como testemunha. No depoimento, de mais de duas horas, Pitanguy falou nos termos da Medicina, da ética médica, dizendo que ele fez o procedimento correto, de atender uma pessoa que o procurou, identificou-se, e que só mais tarde ficou sabendo quem realmente era. “Ele não podia negar o atendimento, porque médico nenhum, eticamente falando, pode se negar a fazer qualquer tipo de atendimento ao paciente”, afirmou. E sugeriu: “Vocês poderiam ter arranjado outro para eu operar”.
Ao final do processo Afranio Marciliano foi inocentado, diante da improcedência da denúncia e da incontingência de provas.
Em matéria publicada pelo jornal “Gazeta do Triângulo”, de Araguari, em 2014, ele declarou à jornalista Alzira Riquieri: “Se mil guerrilheiros tivesse para operar, mil operaria, se isso significasse lutar contra a ditadura”. Justificou que foi uma opção ideológica, da qual não se arrependia. “Não operei Lamarca para ficar famoso. Eu o operei porque também era contra a ditadura militar e ele era um guerrilheiro”.
Esse episódio tornou-o mais conhecido e fez aumentar muito a sua clientela, com as pessoas passando a procurá-lo para fazer cirurgia plástica, levando-o a ser um dos cirurgiões mais requisitados do Rio de Janeiro por muitos anos, época em que trabalhou muito em sua área.
Na época divorciou-se de Isabel, com quem tem duas filhas.
Transformando a educação
Em 1988 Afranio Marciliano resolveu dar uma guinada em sua vida. Vendeu o consultório no Rio de Janeiro, assumiu a fazenda que herdou do avô materno, Olímpio de Freitas Costa, no município de Uberlândia, de pouco mais de 100 alqueires, comprou uma casa e voltou a residir em sua cidade natal, onde montou um novo consultório, no Instituto São Lucas.
Outra decisão: dedicar-se à educação, para transformar a sociedade, como preconizava o mestre Anísio Teixeira, que tinha conhecido quando estudou com o filho dele, homônimo, apelidado de Teixeirinha, psiquiatra, que eram vizinhos no Rio e se mudou para Salvador. Estavam sempre lendo e discutindo sobre educação. Num desses momentos, Anísio lhes disse:
“Se algum dia um de vocês for Secretário de Educação construa um centro de saber, qualifique os professores”.
Nesse retorno engajou-se na campanha eleitoral, apoiando a candidatura de Virgílio Galassi, do Partido Democrático Social (PDS), que tinha seu irmão, Francisco Humberto de Freitas Azevedo, como vice, e se aproximou do filho dele, Paulo Galassi. Ajudou a mudar o discurso político, enfatizando mais as questões sociais, com foco na educação, e participou ativamente das atividades eleitorais.
A chapa ganhou as eleições, foi empossada para o período de 1989 a 1992, e logo surgiu o convite para a Secretaria da Saúde, por ele ser médico. Agradeceu a indicação, disse que aceitaria se fosse para a Educação, o Prefeito concordou e ele assumiu. Formou uma equipe de jovens qualificados e dedicados, inclusive Paulinho Galassi, e começou a colocar em prática suas propostas de mudanças na área.
Na campanha seguinte participou novamente e ajudou na eleição de Paulo Ferolla, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), gestão 1993-1996, quando permaneceu no cargo. Dentre suas realizações do período, o Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais Julieta Diniz (Cemepe), idealizado para desenvolver programas e projetos de estudos, pesquisas, ações de intervenção pedagógica no cotidiano das unidades escolares e, principalmente, ser um local de encontro dos servidores da rede municipal de ensino em prol da formação continuada desses profissionais e da troca de experiências.
Em entrevista, o jornalista Pedro Popó questionou-o, por ser de esquerda e trabalhar com prefeitos considerados de direita:
“Sou Secretário da Educação de Uberlândia e não de um governo”.
Explicou que a diversidade política não pode interferir nas relações pessoais.
“Nunca tive um atrito com o Paulo Ferolla, que era formado em contabilidade. Redigi discursos para ele, que jamais fez uma correção no texto. Mais simples, ligado ao meio rural e muito inteligente, Virgílio Galassi eventualmente fazia uma sugestão, e acatou o redirecionamento do discurso, mais voltado para a cidadania, para o meio urbano”, disse. Argumentou que não interessa o mandatário e sim as políticas públicas a serem implementadas.
Afranio Marciliano deixou a Secretaria Municipal da Educação ao final do mandato de Ferolla e retornou com a eleição de Odelmo Leão, do Partido Progressista (PP), em 2005, com quem ficou dois mandatos, até 2012, relacionaram-se bem e o considerava “um excelente político, por sua honestidade e decência”. Destacou não terem registrado, na época, nenhum caso de desvio de recursos públicos municipais.
“As minhas convicções marxistas não desapareceram, mas sim a minha crença no ser humano”, afirmou, para lembrar a mudança na Rússia, que conheceu na época do Festival Mundial da Juventude, no século passado, e se decepcionou com os rumos que seus dirigentes adotaram.
A jornalista Eliane Hugueney Santos, que foi assessora na Secretaria Municipal de Habitação e Meio Ambiente de Uberlândia nesse período, acompanhou o trabalho de perto e acabou se envolvendo com Afranio Marciliano, com quem se casou.
Afranio Marciliano e Eliane Santos (Foto; arquivo / Jales Naves)
“A educação básica teve mudança radical e qualitativa em Uberlândia nos 16 anos em que ele foi o Secretário Municipal de Educação. Formou uma equipe com profissionais qualificados, que se empenhou em pensar a cidade e nos seus cidadãos, para dar respostas positivas às demandas sociais. Construiu novas e bonitas escolas, principalmente no meio rural, que estavam em piores condições; forneceu alimentação de primeira qualidade aos alunos, inclusive ganhando, por cinco anos consecutivos, o prêmio de melhor merenda escolar do país; e consolidou os avanços técnicos e metodológicos, que melhoraram a aprendizagem e o aproveitamento dos alunos. Com seu trabalho, retribuiu ao município a oportunidade de estudo que teve, quando jovem, ao frequentar escola pública de qualidade”, disse Eliane.
Afranio Marciliano de Freitas Azevedo faleceu em Uberlândia, aos 75 anos, no dia 13 de fevereiro de 2015, de parada cardiorrespiratória.
Memória
Esse trabalho está sendo levantado e será inserido na história da cidade. Trabalhando na Escola Municipal Inspetora France Abadia Machado Santana, a professora Maria Cristina Santos de Oliveira Alves defenderá, em fevereiro de 2021, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a sua tese de doutorado justamente focando esses anos. É orientada pela professora doutora Sônia Maria dos Santos, da Faculdade de Educação da UFU, e sua pesquisa analisa a história da Secretaria Municipal da Educação no período de 1989 a 2012 e as ações educacionais de quatro mandatos municipais.
Foram revisitadas duas décadas de educação no Brasil – a última do século XX e a primeira do século XXI. O arcabouço teórico-metodológico foi a história oral, por meio das narrativas de entrevistados, como familiares, assessores e funcionários públicos, e outras fontes documentais, como atas de reunião, jornais e processos. A sua importância se justifica por ser, antes de tudo, o encontro de dois momentos diferentes, uma estória para contar e uma história para reconstruir. “Os relatos orais são fundamentais em pesquisas que utilizam a memória como forma de reconstrução de fatos ocorridos na educação”, destacou.