Mônica Parreira
Goiânia - O presidente da Agência Municipal de Turismo e Lazer (Agetul), Urias Júnior, afirmou nesta segunda-feira (17/8), em entrevista ao jornal A Redação, que a “Justiça foi induzida ao erro” no caso do urso Robinho. Uma decisão liminar expedida na última semana determina que o animal seja transferido do Zoológico de Goiânia, local onde nasceu e vive desde 2003, para o Santuário Rancho dos Gnomos, em Joanópolis (SP). “Os dados apresentados não refletem a atual situação”, defendeu.
Urias garantiu que a Prefeitura de Goiânia vai recorrer da decisão assim que for notificada oficialmente – o que, até esta manhã, ainda não havia ocorrido. No entanto, o presidente da Agetul relatou que teve acesso às alegações da decisão judicial, e contestou alguns tópicos. Um deles diz respeito à ambientação do urso e casos de maus-tratos. “Robinho é filho da Lucy, uma ursa que viveu até os 42 anos no Zoológico de Goiânia, quando a estimativa de vida do urso pardo é de 35 anos”, relatou. “Isso mais do que prova que não há maus tratos.”
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O desembargador Sebastião Fleury também considerou em sua decisão de transferir o animal que o clima de Goiânia é inadequado, devido ao calor “extenuante” e ao tempo seco, especialmente a partir do mês de agosto. Segundo Urias, o argumento não sustenta a transferência de Robinho para o interior de São Paulo. “O Brasil é tropical. Com exceção ao extremo Sul do País, não há clima parecido para adaptação da espécie”, disse. Ele também citou que no Zoológico de Goiânia, o urso conta com um ambiente climatizado 24 horas, além de piscina.
Novo ambiente
Outro tópico questionado por Urias é a alegação de “ambiente inadequado”. “O Ibama determina um espaço de, no mínimo, 200m² para um urso pardo. Atualmente, Robinho dispõe de 300m², com ponto de fuga onde pode se esconder das pessoas”, relatou. O presidente da Agetul também afirmou à reportagem que o ZooGyn concluiu, na última semana, as obras do novo espaço para Robinho.
O novo ambiente terá 680m², incluindo espaço climatizado mais amplo, uma piscina com capacidade para 10 mil litros de água e dois pontos de fuga. Urias não informou a data da transferência do urso para o novo local, mas garantiu que deve ocorrer nos próximos dias. “Todo ano os animais passam por uma bateria de exames clínicos, que ocorre com sedação. Nossa expectativa era aproveitar esse momento para levá-lo ao novo ambiente. Agora, com a decisão judicial, estamos aguardando uma orientação da Procuradoria-Geral do Município.”
Ainda sobre a transferência do urso para o interior de São Paulo, caso a liminar se cumpra, Urias disse que “a decisão não leva em consideração o bem-estar do animal”, uma vez que a Prefeitura de Goiânia ainda pode recorrer, sendo possível um retorno do animal até a capital goiana. “Primeiro porque o urso tem de ser sedado, viajar até São Paulo e se ambientar ao local, aos cuidadores. Isso gera estresse. Vale lembrar que ele vai ser transferido para um outro zoológico, só que com outro nome. Lá ele também ficará em cativeiro”, relatou, referindo-se ao santuário.