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Seguro de veículos: transferência de risco que ameniza prejuízos

Cliente deve ficar atento ao mercado irregular | 17.10.19 - 14:52 Seguro de veículos: transferência de risco que ameniza prejuízos “É um bem de primeira necessidade”, diz corretor sobre seguro para automóveis (Foto: Renato Conde / Jornal A Redação)

Lucas Cássio
 
Goiânia – Era por volta das 22h quando, no dia 30 de julho deste ano, um ônibus com cerca de 30 passageiros se envolveu em um acidente na BR-163, próximo ao município de Diamantino, a 209 quilômetros de Cuiabá (MT). Quatro pessoas morreram no local, incluindo o motorista do ônibus, Leônidas Marques, de 33 anos. 
 

Cerca de 30 passageiros estavam no ônibus envolvido no acidente (Foto: divulgação Corpo de Bombeiros) 
 
O acidente foi causado por uma carreta. O veículo, que estava carregado de calcário, bateu de frente com o ônibus, que seguia de Imperatriz, no Maranhão, para Pontes e Lacerda, no Mato Grosso. Parte das vítimas foi encaminhada para o Hospital de Nobres, mas a maioria foi levada para o um Hospital de Nova Mutum, a 269 quilômetros de Cuiabá.
 
A tragédia só não causou mais transtornos aos envolvidos no acidente graças ao seguro contratado pela empresa de viagem, a Satélite Norte, com sede em Goiânia. Na mesma noite do acidente, a empresa locou uma aeronave para que fosse prestada assistência às vítimas da tragédia. “Fomos direto para o hospital em Nova Mutum, onde estava a maior parte das vítimas. Graças à cobertura do seguro, conseguimos dar 100% de assistência aos nossos passageiros. Prestamos atendimento financeiro e moral para todos os clientes. Esse acompanhamento aconteceu por cerca de 45 dias, até que todos estivessem bem”, garante Cristiano Safabretti, gerente de operação da empresa. 
 
Segundo Cristiano Safabretti, apesar de todos os transtornos, físicos e psicológicos, causados em um acidente como esse, o seguro figurou como o melhor aliado. Ele explica que, inclusive, a aeronave acionada para prestar assistência foi coberta pelo seguro. “Temos cobertura sobre danos corporais, materiais e a terceiros, que são pessoas que não estavam sendo transportadas pela empresa, mas que se envolveram em acidentes com nossos veículos”, diz. “A franquia do seguro também cobre danos de bagagem, além de morte acidental dos passageiros e da tripulação. Despesas médicas e danos morais também entram na cobertura’, completa. 
 

Representante da empresa de ônibus diz que seguro possibilitou atendimento de qualidade para os passageiros da companhia (Foto: divulgação Corpo de Bombeiros) 
 
Os passageiros do ônibus estavam a cerca de 2,2 mil quilômetros do ponto de partida da viagem. Cristiano alerta que, caso os passageiros estivem em transportes clandestinos, aqueles não regularizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, dificilmente teriam atendimento digno. “A grande maioria das empresas clandestinas não possui esse seguro porque isso pode acarretar no aumento da tarifa do transporte. Mas o seguro é de suma importância. Nós já vivenciamos acidentes em locais afastados das casas dos clientes. Se não houvesse a cobertura do seguro, não teríamos possibilidade de acesso a tratamento médico com tanta eficiência”, avalia. 
 
APÓLICES MINIMIZAM TRAUMAS  
Quando se fala em transporte de passageiros é impossível não entrar na seara dos transportes por aplicativo. Segundo o Instituto Locomotiva, plataformas de mobilidade como Uber e 99 já somam mais de 5,5 milhões de profissionais cadastrados em todo o país. Só neste ano, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), 202 mil novos cadastros foram realizados por motoristas nas plataformas de aplicativos de transporte. Os dados são referentes ao primeiro trimestre desde ano.
 
Muitos motoristas resolveram entrar neste ramo devido ao desemprego ou então para complementar a renda familiar. Porém,  acima da situação financeira está a segurança, tanto do motorista quanto do passageiro. 
 
Fabricio Nélio Feitoza, motorista de transporte por aplicativo e presidente da Cooperativa de Motoristas Particulares e Aplicativo de Goiás (Coompago), explica que uma lei federal determina que as administradoras dos aplicativos de mobilidade ofereçam o seguro para motoristas e passageiros que estão em viagem solicitadas nas plataformas. “É muito interessante que os passageiros não façam corridas fora do aplicativo. Quando ele faz uma corrida fora do aplicativo, o passageiro e o motorista estão sem seguro. Perdemos dois motoristas de transporte por aplicativo em Goiânia.  As famílias dos dois receberam uma apólice de R$ 100 mil”, diz. 
 
“Eles estavam em corridas e, durante a viagem, foram assaltados e assassinados. O dinheiro que as famílias receberam não cobre a dor de perder um familiar, mas pode ajudar na criação dos filhos, por exemplo. São famílias que perderam quem, muitas vezes, levava o sustento diário para a casa”, ressalta Fabricio Nélio. “Tivemos o caso de uma motorista que morreu, mas que estava fora do aplicativo. Então, ela não estava coberta pelo seguro do aplicativo e nem o carro dela tinha seguro”, lembra. 
 
SEGURO X PROTEÇÃO VEICULAR  
 

Seguro atua como uma forma de transferência de risco (Foto: Renato Conde / Jornal A Redação)  
 
Corretor de seguros e empresário, Hailton Costa explica que o boom dos aplicativos de mobilidade ajudou a aquecer o mercado de seguros de automóveis. Segundo ele, que também é diretor de comunicação do Sindicato dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguros no Estado de Goiás (Sincor-GO) e professor da Escola Nacional de Seguros, aderir ao seguro é uma forma de transferência de risco. “Imagina que o motorista de aplicativo tenha apenas um carro e que esse seja o único instrumento de garantir a renda familiar. Se acontecer alguma coisa e ele não tiver uma cobertura securitária, essa pessoa terá um desequilíbrio muito grande. Então, transferir esse risco para uma seguradora por um valor que seja aceitável, do ponto de vista financeiro, é muito tranquilo pra ele. É um bem de primeira necessidade”.
 
O diretor de comunicação do Sincor-GO (foto ao lado) também alerta para a contratação de serviços não regulamentados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). “Tem muito motorista de aplicativo que roda por aí sem seguro. Alguns têm a tal da proteção veicular. Essa proteção veicular, no caso de uma sinistralidade maior, não tem utilidade. Lamentavelmente os motoristas vão descobrir isso no momento em que mais precisarem”, pondera. “Comparar proteção veicular com seguro é a mesma coisa que comprar laranja com banana”, compara.
 
Segundo Hailton Costa, o mercado de proteção veicular é frágil e não existe um órgão fiscalizador. “No seguro, antes de mais nada, temos o Ministério da Economia, que é o órgão gestor de mão de ferro do mercado segurador, depois temos um Colegiado de Corretores de Seguros Privados, que cria todas as normas do mercado regulador, e ainda temos a Susep, que hoje está para o mercado segurador na mesma proporção que o Banco Central está para o mercado de moedas. Caso eu como corretor cometa alguma falha ou se o segurado se sinta desprotegido, ele tem onde recorrer”, diz. 
 
O empresário Marcos Silva, de Palmas (TO), não precisou de muito tempo para descobrir a “cilada” em que tinha entrado. Com menos de um ano de contratação, ele classificou como “péssima experiência” a primeira e última vez que precisou acionar os serviços oferecidos por uma associação de seguro veicular. No dia 24 de maio deste ano, ele estava em uma viagem acompanhado do pai e de um amigo. Em um trecho da rodovia TO – 010, entre Miracema e Lajeado, no Tocantins, a caminhonete onde eles viajavam capotou na estrada após o motorista perder o controle da direção. Segundo Marcos, o veículo ficou com a parte frontal e com o tento amassados. Foi preciso chamar um guincho, oferecido pela associação de proteção veicular, para remover o veículo.
 
“Só que quando eles me devolveram o carro, ele estava todo amassado e até com o retrovisor quebrado. Estava pior do que quando eu entreguei para eles. E para piorar a situação, eles mandaram o carro para um pátio e pediram um prazo para a aprovação do sinistro, além de me pedirem um adiantamento de R$ 18 mil, o que era mais que o dobro da franquia”, lembra.
 
De acordo com Marcos, a espera demorou mais de três semanas. "Eles negaram por e-mail o conserto do carro e nesse tempo de espera não forneceram carro reserva", afirma ao destacar que precisou pagar os reparos do próprio bolso. "Já gastei mais de R$ 75 mil com os consertos. Foi a primeira experiência com esse tipo de serviço, mas não contrato nunca mais. Não tem nenhuma segurança e nem regulamentação”. 
 
Segundo o Procon-GO, em menos de dois anos, 10 associações que oferecem seguros veiculares em Goiás já acumulam cerca de 120 reclamações no órgão. A Susep também atua na defesa do consumidor e realiza a fiscalização do mercado por meio de indícios de irregularidades e denúncias. Os casos são encaminhados ao Ministério Público Federal e, em alguns deles, a Susep é autora de ações civis públicas. Segundo a Susep, já foram protocoladas mais de 300 ações contra empresas, associações e cooperativas que atuam de forma irregular na oferta de produtos de seguro.
 
Confira no vídeo abaixo dicas de como fugir de ciladas e fazer um bom negócio ao contratar um seguro. 
 

 
REGULARIZAÇÃO 
Em maio do ano passado, uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou proposta que regulariza a atuação das cooperativas de proteção veicular. O PLP 519/2018 é de autoria do deputado federal Lucas Vergílio, que também preside o Sincor-GO. O texto prevê a equiparação das cooperativas à seguradora veicular e também que essas associações paguem impostos como as seguradoras tradicionais e sejam submetidas à fiscalização da Susep e às leis de proteção do consumidor. Agora, o texto precisa passar por votação no Plenário da Câmara dos Deputados. 
 
 

Projeto do deputado federal Lucas Vergílio espera por votação no Plenário da Câmara (Foto: divulgação Fenacor) 
 
Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSEG), O setor de seguros no país registrou de janeiro a agosto deste ano faturamento de R$ 174,8 bilhões, o que representa crescimento de 11,5% em comparação ao acumulado dos primeiros oito meses do ano passado. Mesmo representando quase 50% do segmento, a carteira de automóveis teve queda de 0,5% no período, mas segundo a CNSEG, a expectativa é de recuperação para os próximos meses.
 

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