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Crescimento de franquias coloca Goiânia no topo

Estudo inédito mostra avanço no faturamento | 08.11.24 - 16:01 Crescimento de franquias coloca Goiânia no topo Shopping centers representam uma grande concentração de franquias (Foto: divulgação/Flamboyant)
 
Mônica Parreira
Especial para o A Redação

Goiânia - Goiânia é protagonista no Brasil quando o assunto é mercado de franquias. Pesquisa inédita, divulgada em outubro pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), mostra que no primeiro semestre deste ano a capital de Goiás liderou a expansão do faturamento nominal do setor. O crescimento foi de 25,59%, quando comparado ao mesmo período de 2023.
 
De janeiro a junho, as unidades franqueadas instaladas em território goianiense faturaram R$ 1,745 bilhão, puxadas principalmente pelos segmentos de “saúde, beleza e bem-estar” e “alimentação”. No levantamento, a ABF considerou as 30 cidades brasileiras com maior faturamento do setor. Goiânia é seguida no ranking por Florianópolis (SC) e Curitiba (PR), com 24,10% e 21,11%, respectivamente.
 

(Arte: Gustavo Spud)
 
A pesquisa indica que alguns fatores contribuíram com a liderança de Goiânia, como o crescimento de 5,4% da economia goiana nos últimos 12 meses, o segundo maior do país. Paralelo a isso, o mercado de franquias no Estado foi o segundo que mais cresceu, com uma variação positiva de 25%.
 
Como reflexo de tal cenário, tudo que o goiano Lohran Soares enxerga hoje é uma curva ascendente do próprio negócio, que surgiu em 2020. CEO da Milky Moo, franquia goiana especializada em milkshakes, a marca criada por ele já acumula 595 lojas espalhadas pelo país, sendo 113 em fase de implantação. “Esses números nos colocam como a maior franqueadora de Goiás e do Centro-Oeste, com muito orgulho”, celebra.
 
O fenômeno é tamanho que, há dois anos e meio, a franquia inaugura duas lojas a cada três dias. Nem sempre foi assim. A trajetória do empreendedor começou aos 12 anos, vendendo brigadeiros na escola para fazer renda. Quando concluiu o ensino médio, abriu junto com a mãe uma loja de calçados masculinos. Operou os primeiros anos no vermelho, o que o motivou a trabalhar como vendedor ambulante e até garçom para ajudar a pagar as dívidas. Uma jornada diária que chegava a 15 horas de trabalho.
 

Lohran Soares é CEO da Milky Moo, marca goiana que atualmente
inaugura duas lojas a cada três dias no Brasil (Foto: divulgação/Studio Onze)
 
“As coisas só foram melhorar quando mudamos a loja de endereço”, lembrou. Após a recuperação financeira, decidiram abrir a segunda unidade. “Mas era um negócio limitado. Depois de ter ajoelhado aos pés de milhares de clientes ao longo de mais de uma década, entendi que ali nunca chegaria onde achava que eu merecia”, explica. Foi quando um amigo, representante comercial, fez o convite para abrir um negócio em sociedade - talvez outra loja de sapatos. Eles foram visitar pontos disponíveis em dois shoppings, e Lohran notou que nos dias de menor movimento só havia fila nos estabelecimentos que vendiam milkshake. Ali, nascia a ideia da Milky Moo.
 
“Juntamos as economias e inauguramos a primeira loja em 2 de março de 2020, a 17 dias do primeiro lockdown da Covid-19”, lembra. O negócio era tão novo que os aplicativos de delivery não aprovaram o cadastro prontamente. Os sócios, então, se empenharam em vender via redes sociais, fazendo eles mesmos as entregas. “Quando decidimos criar a marca, eu disse: teremos 100 lojas no Brasil. Esse era o sonho. Hoje estamos olhando, com muita confiança, para o número mil”, projeta Lohran.
 
O empresário menciona como diferencial de seu negócio o fato de tê-lo criado com DNA de franquia. “Quando o projeto ainda estava no PowerPoint, a ideia já era replicar por todo canto”, diz. Por isso, ele e os sócios chegaram a um nome de fácil entendimento, identidade visual moderna e linguagem descomplicada. As primeiras franquias foram vendidas para amigos que apostaram no projeto, e logo a coisa se multiplicou. “Ano passado figuramos no topo do varejo brasileiro em abertura de lojas em shopping centers”, cita ele. 
 
Atualmente, o ecossistema da Milky Moo gera cerca de 5 mil empregos e a expectativa de faturamento este ano é superior a R$ 400 milhões. Os números ajudam a impulsionar não só a economia de Goiás, que possui 72 lojas da marca, mas de todo o território nacional. De acordo com a ABF, o crescimento do setor de franquias no país tem sido constante mesmo com a pandemia de Covid-19: houve alta de 43,9% entre 2020 e 2023, período em que a franquia de Lohran experimentou seu sucesso meteórico.
 
A ascensão da Milky Moo tem rendido uma agenda paralela a Lohran Soares. Além de gerir o próprio negócio, ele é convidado com frequência a falar sobre empreendedorismo. Em março, o empresário participou do evento “Bastidores do Franchising: Minha Marca é Franqueável?”, realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Jovem de Goiânia, em parceria com a CDL Goiânia e apoio da ABF. “Sempre começo minhas palestras citando o trecho de uma música de Jorge Aragão: ‘Nem tudo que é bom vem de fora’”, disse em referência ao potencial do empreendedorismo goiano.
 
Indicadores comprovam que os goianos têm mostrado interesse e vocação para abrir o próprio negócio. Superintendente executiva da CDL Goiânia, Hélia Gonçalves (foto ao lado) celebra o fato de a capital estar na vanguarda do faturamento de franquias, fruto de um “dinamismo econômico”. “Mostra que Goiânia oferece oportunidades e benefícios, como atração de investimentos, geração de empregos, desenvolvimento do comércio local e, consequentemente, aumento de competitividade. Isso melhora a situação econômica imediata da cidade e projeta um ambiente favorável para negócios no futuro”, explica.
 
Antes de se lançar no mercado à própria sorte, boa parte dos empreendedores procuram capacitação e instrução profissional. “Pensando nisso, a entidade oferta vários treinamentos voltados para todo o ciclo de negócios de uma empresa”, informa a superintendente, ao falar sobre a Escola de Negócios. Trata-se de um projeto de formação que tem como objetivo fortalecer o comércio na capital. Há cursos em áreas como atendimento, vendas, captação de clientes, gestão, comunicação e planejamento estratégico. Qualquer pessoa pode participar. 
 
O dinamismo econômico de Goiânia favorece o empreendedor local, mas também atrai gente de fora. A paranaense Claudia Vobeto já morou em outros estados e disse que enxergou na capital goiana uma grande oportunidade para abrir o próprio negócio. “É um lugar com muita demanda e alto potencial de crescimento. Um mercado pujante e que impulsiona o consumo”, avalia a empresária que atua há 15 anos no segmento de beleza.
 
Em 2019, ela remodelou seu próprio negócio e criou a rede Majô Beauty Club, uma clínica de estética avançada que também oferece serviços básicos, como manicure, depilação e design de sobrancelhas. No ano passado, o crescimento da empresa em faturamento foi de 32%, acima da média nacional do setor de beleza (17%). A marca possui 36 franquias espalhadas pelo Brasil. “Não vendemos procedimentos, mas bem-estar. Após a pandemia, nosso negócio cresceu porque as pessoas passaram a olhar mais para si e a investir no autocuidado”, revela.
 

Paranaense Claudia Vobeto escolheu Goiânia para empreender com Majô Beauty Club.
Em 2023, empresa registrou faturamento acima da média nacional do segmento (Foto: Daniel Nascimento)
 
Claudia mora há 20 anos em Goiânia e acompanha o desenvolvimento da vocação para o setor de franquias. Segundo a empresária, a liderança da capital no ranking da ABF está diretamente ligada ao movimento de interiorização, com grandes franquias migrando para regiões promissoras do país. “Aqui há uma influência muito forte do agronegócio, que eleva o poder de consumo. Há uma melhor circulação da economia. Essa dinâmica propicia o interesse das marcas”, afirma. 
 
Esse deslocamento de potências para a capital de Goiás é comprovada em outros números. Boletim divulgado este ano pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), do Governo do Estado, mostra que Goiânia ocupa a 15ª posição no ranking das maiores economias do país, com PIB superior a R$ 59 bilhões. Os números foram extraídos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e se referem ao ano de 2021.
 
Ter o próprio negócio é o terceiro maior sonho dos brasileiros, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O item foi citado por 48% da população adulta entrevistada no levantamento. Mas será mesmo necessário começar do zero para obter êxito?
 
Especialista no assunto, o diretor regional da ABF no Centro-Oeste, Eduardo Santinoni (foto ao lado), defende que não. Para ele, o franchising surge como uma opção de empreendedorismo assistido. “Nesse sentido, as franquias são uma porta de entrada para realizar o desejo com mais segurança”, argumenta. “Então, o franqueado tem a possibilidade de pegar na mão de quem já trilhou o caminho, rumo ao sucesso”, diz Santinoni.
 
A ascensão do mercado de franquias, explica o diretor regional, é um fenômeno percebido no mundo inteiro. “Especialmente no Brasil, o que fortalece ainda mais o setor é justamente essa quantidade de pessoas que desejam empreender. Isso garante operações sólidas, com boas práticas de franquia e ampliação de mercado. Estamos falando de um crescimento contínuo, sustentável. Não é um boom esporádico de um setor, mas um mercado forte, com boas práticas que sustentam essas operações.”
 
Em Goiânia, de acordo com a ABF, somente no primeiro semestre de 2024 foram iniciadas 2.764 novas operações. Elas surgem como braços de empresas exitosas que compartilham com o novo franqueado toda sua expertise. No franchising, o empreendedor é submetido a uma série de treinamentos para manter o padrão do serviço já realizado pela marca. Também segue todo um plano de negócio, comunicação visual e campanhas de publicidade que dão visibilidade ao empreendimento.
 
Em relação ao investimento necessário, os valores variam bastante, abrindo oportunidades para uma ampla gama de empreendedores. Há negócios que podem começar com aporte de R$ 6,5 mil (microfranquias) e empreendimentos que exigem investimentos milionários. No caso da Milky Moo, os modelos partem de R$ 270 mil e podem chegar a R$ 400 mil, dependendo do tipo de loja. A marca calcula o retorno entre 18 e 24 meses. Já uma franquia da Majô Beauty custa aproximadamente R$ 250 mil e o retorno pode ocorrer dentro de 27 meses.

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