Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

combustível do futuro

Hidrogênio verde: sustentabilidade e os desafios da transição energética

Goiás tem potencial para ser destaque no País | 29.10.22 - 15:14 Hidrogênio verde: sustentabilidade e os desafios da transição energética (Foto: divulgação)
Caroline Louise

Goiânia 
-  A indústria vem priorizando ações sustentáveis há bastante tempo, não só pela vantagem competitiva, se comparada ao mercado internacional, mas pelo desejo do próprio consumidor, que se interessa em saber como as empresas produzem e o cuidado que elas têm com a sociedade e o meio ambiente. E é nesse cenário de avanços que o hidrogênio verde vem ganhando destaque como fonte de energia limpa. Além de ser sustentável, é uma alternativa para reduzir as emissões de gás carbônico e cuidar do planeta.  
 
Cientes da importância do tema, a Federação das Indústrias de Goiás (Fieg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Goiás (Senai) disponibilizaram apoio a uma pesquisa sobre a produção de hidrogênio verde na Usina Hidrelétrica de Itumbiara - Furnas, na Região Sul do Estado. Um passo importante rumo ao futuro, que se mostra cada vez mais próximo. "É crescente a demanda por hidrogênio verde. É necessário descarbonizar grande parte do sistema energético mundial e, para isso, precisa de uma grande quantidade de fontes de energias renováveis. O hidrogênio verde também é um pilar para a economia e isso é importante ressaltar", destaca Célio Eustáquio de Moura, do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Fieg. 


Projeto Furnas em Itumbiara  (Foto: Reprodução Senai)
 
O hidrogênio verde produzido em Itumbiara é feito a partir de fontes renováveis. O projeto necessita de muita energia, por isso foi instalada uma planta fotovoltaica, que atua junto de uma hidrelétrica. A iniciativa contou com um investimento de mais de R$ 40 milhões. “O objetivo é avaliar a aplicabilidade técnica, comercial e tecnológica. Foram colocadas placas solares em terra e placas flutuantes na água. Pensamos que daqui uns anos a terra não terá capacidade para receber mais placas solares para a aplicação de energia elétrica. Por isso, a ideia é colocar plataformas flutuantes em rios e lagos e comparar o desempenho que elas têm, comparar os resultados com a geração de energia hidrelétrica. O Senai é muito importante nesse projeto, nossos especialistas na área de energia estão contribuindo muito. É um projeto grandioso que vai ser referência para outros estudos não só no Brasil como também no mundo”, afirma Rolando Vargas, gerente de tecnologia e inovação do Senai Goiás.
 

Placas flutuantes na Usina de Itumbiara (Foto: Luciano Rodrigues)
 

Placas solares em terra na Usina de Itumbiara (Foto: Luciano Rodrigues)

Nos últimos anos, a busca por novas formas de geração de energia limpa e sustentável tornou-se uma questão de sobrevivência da humanidade. O hidrogênio verde tem sido considerado o combustível do futuro e tem protagonismo na transição energética e no processo de descarbonização do planeta. Segundo o Senai Goiás, o projeto de Furnas em Itumbiara pode ser visto como um exemplo para o Brasil. "O projeto é recente, foi inaugurado em 2021. Agora estamos na fase do estudo das informações. Nós acreditamos que até o fim de 2022 vamos ter resultados importantes. É um estudo de muito conhecimento, são informações que vão ajudar no direcionamento da geração de tecnologias. Atualmente somos dependentes de empresas europeias e, por isso, será uma oportunidade para desenvolvermos tecnologias aqui no Brasil e o melhor: em Goiás", observa Rolando Vargas. 


Rolando Vargas, gerente de tecnologia e inovação do Senai Goiás (Foto: divulgação)
 
Além dos avanços do ponto de vista sustentável, o projeto de hidrogênio verde em Itumbiara traz outras grandes oportunidades para Goiás, como o desenvolvimento do mercado local de prestadores de serviços, através da formação e capacitação de pessoal. Também vale citar os arranjos hidro-solares-eólicos com o armazenamento de energia. 
 
No Brasil, o hidrogênio verde em larga escala é uma promessa extremamente viável. O país tem uma grande dimensão continental e, por ser de clima tropical, tem uma capacidade competitiva muito grande na produção, podendo ser colocado entre os líderes na produção desse combustível em um curto espaço de tempo. “Hidrogênio verde é a energia do futuro. Temos que pensar em sustentabilidade e no abastecimento das indústrias. O foco é entender se a energia que estamos gerando é limpa ou não. Há uma preocupação mundial em relação a isso. A preocupação é não poluir tanto o nosso meio ambiente e isso acaba impactando na vida das pessoas”, declara o gerente de tecnologia e inovação do Senai Goiás.
 
Afinal, o que é o hidrogênio?
O hidrogênio apresenta características únicas, ou seja, ele não se assemelha a nenhum outro elemento químico conhecido pelo ser humano. No seu estado natural e sob condições normais, o hidrogênio é um gás incolor, inodoro e insípido. Trata-se de um dos elementos mais abundantes na natureza, mas sempre está junto de outra substância, como por exemplo o oxigênio. Os dois juntos formam a água. Hidrogênio combinado com o carbono vira gás natural, que é extraído juntamente com o petróleo no combustível fóssil. Já sozinho, se torna altamente inflamável.
 
O hidrogênio tem grande capacidade de armazenar energia e, por esse motivo, sua utilização como fonte renovável de energia elétrica e térmica vem sendo amplamente pesquisada. Já o hidrogênio verde, que tem despertado cada vez mais interesse do mercado, é uma classificação dada ao hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água, com baixa ou nula intensidade de carbono, utilizando preferencialmente energias renováveis ou de baixa emissão de gases de efeito estufa para a sua produção.
 
De acordo com um estudo elaborado pelo Senai Goiás, em 2050, em um cenário de descarbonização da economia mundial, é possível projetar que mais de 85% dos edifícios serão “carbono zero”, mais de 90% da produção industrial pesada será de baixa emissão de CO2 e quase 70% da produção global de eletricidade será de fonte solar, fotovoltaica e eólica. O estudo completo pode ser visto no link.
 

Energia limpa (Foto: divulgação)
 
Na prática
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, iniciada em fevereiro deste ano, tem gerado grandes discussões a respeito da necessidade de uma transição energética e a busca pela independência de fontes de energias renováveis em razão da preocupação dos preços do petróleo e do gás. "O Brasil não pode ser refém. Na medida em que você produzir essa energia e colocar ela no mercado com preço competitivo, na mesma hora ela vai contribuir com a matriz energética do Estado, do País. E é aí que entra, mais uma vez, a produção do hidrogênio. O atrativo do hidrogênio é uma energia que você vai poder estocar, armazenar. É uma energia potente. Na hora que você coloca o hidrogênio para abastecer ônibus, por exemplo, o que ele vai soltar é água, não vai poluir o meio ambiente", explica Célio Eustáquio, da Fieg Goiás, que reforça que o Estado é propício para receber a produção de hidrogênio verde. "Temos uma capacidade de insolação importante, podemos produzir o hidrogênio verde a partir de várias fontes, é uma energia muito valiosa, viável e sustentável. Através do hidrogênio verde podemos produzir a amônia, que nada mais é do que água, hidrogênio e o ar", completa o representante da Fieg. 
 
Ainda de acordo com Célio, em Goiás existem muitas indústrias de fertilizantes que utilizam a amônia como matéria-prima. Através do hidrogênio verde esse insumo poderá ser produzido e as indústrias serão abastecidas. E o leque de indústrias que poderão ser abastecidas é grande. Confira: 
 
Desafios
Um dos grandes desafios do hidrogênio verde é o seu custo operacional e a falta de uma regulamentação definida nas questões de comercialização, produção e segurança. "Várias regulamentações ainda precisam ser feitas no Brasil para dar esse suporte para as indústrias que querem apostar de forma ampla no hidrogênio verde. É uma energia inovadora, está só começando. Tudo ainda está em desenvolvimento. Tem muita coisa pela frente, mas temos que desenvolver essa indústria aqui no Brasil", afirma Paulo Takao, coordenador de Serviços de Tecnologia e Inovação do Senai, que participou da implantação do projeto de Furnas em Itumbiara. Estudo da BloombergNEF (BNEF) estima que, até 2050, o hidrogênio verde estará 85% mais barato do que o custo atual, e terá se tornado mais barato do que o gás natural em 18 dos 28 mercados avaliados pela consultoria.  

 
Paulo Takao, coordenador de Serviços de Tecnologia e Inovação do Senai (Foto: divulgação)
 
Expectativa 
Diante das vantagens e da viabilidade da produção de hidrogênio verde no País e, em especial, em Goiás, a Fieg tem elaborado projetos para que as indústrias tenham conhecimentos reais sobre a produção sustentável. "Nós da Fieg incentivamos bastante qualquer energia sustentável. Isso é uma das exigências que a gente vê pelo ESG: que é a preocupação com o meio ambiente, com o social e a governança das empresas. Estamos muito envolvidos nisso. E uma das questões do meio ambiente é justamente a questão da energia. Neste caso, da energia limpa", afirma Célio Eustáquio, representante da Fieg. 


Célio Eustáquio de Moura, representante do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Fieg (Foto: divulgação)
 
A Fieg e o Senai têm se preocupado em como as indústrias e os profissionais que nelas atuam vão impactar na sociedade, no legado deixado e o interesse pela preservação do meio ambiente e de como isso poderá afetar toda a comunidade. "Nós temos uma questão de sobrevivência do planeta. A temperatura do planeta não pode subir muito, isso é um dano irreparável. Temos que proteger o meio ambiente e uma das formas que a gente tem é gerar energia sustentável. Hidrogênio verde se insere nisso, é o futuro. E esse futuro passa por Goiás", arremata Célio Eustáquio, da Fieg.


Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351