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Internacional

Espetáculo goiano ''Espécie'' realiza turnê de um mês pela Europa

Circuito conta com mais de 10 apresentações | 28.10.25 - 15:14 Espetáculo goiano ''Espécie'' realiza turnê de um mês pela Europa (Foto: divulgação)
A Redação

Goiânia - 
O espetáculo goiano ''Espécie'' realiza uma turnê internacional de um mês pela Europa. Com mais de 10 apresentações, a turnê começa no dia 7 de novembro pela Espanha, passando por cidades como Madri, Zaragoza e Manzón; e Portugal, em Aveiro e Lisboa, com encerramento em 4 de dezembro. Em janeiro do ano que vem, Espécie chega à Alemanha para uma série de apresentações.
 
Dirigido por Valéria Braga e protagonizado pelo ator Rodrigo Cunha, ambos goianos, a peça chama atenção pela originalidade e os desafios que impõe à plateia. É um monólogo sem texto, em que só o corpo fala, numa linguagem que conecta e se converte em experiência de profundas vivências no espaço escuro, em que ator e público submergem e emergem na mesma respiração, com uma pergunta fundamental: quem olha quem?
 
A circulação internacional, batizada de “Espécie pelo Mundo” (fase II – Europa), foi contemplada pelo Edital Goiás Mundo Afora e conta com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, operacionalizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Com mais de uma década de pesquisa cênica e perto de completar 150 apresentações no Brasil e no exterior, a escalada internacional do Espécie começou em 2022, durante a pandemia. Foram seis apresentações e duas oficinas realizadas na Espanha e em Portugal. No ano passado, fez várias exibições na América do Sul: Chile, Argentina e Uruguai. Sempre muito aclamado pelo público. Nessa próxima turnê, a produção executiva é da Dias e Melo Assessoria Cultural.
 
A diretora Valéria Braga, com larga experiência em preparação de elenco para teatro, tevê e cinema, tendo atuado com renomados atores e diretores do País, há 20 anos se dedica a projetos autorais que encantam pela inovação da linguagem teatral, em parceria com o ator Rodrigo Cunha. A dupla mantém o Coletivo Casa 107, no Setor Sul, responsável pelas suas produções e que funciona também como espaço de formação artística.
 
Para a diretora, o intercâmbio internacional do Espécie é um marco para o teatro feito em Goiás. “Tem sido uma experiência de aprendizados e trocas. O público se encanta com o Espécie, que quebra todas as barreiras do idioma, porque nasceu da linguagem do corpo, da escuridão e do silencio, atravessado pela luz rudimentar de um celular, que traz para a cena seres do visível e invisível. As pessoas participam da experiência, o público mergulha junto com o ator e mobiliza arquétipos, ancestralidade”. 

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Valéria Braga destaca que nessas andanças pelo mundo, com presença marcante nos principais circuitos culturais internacionais, o “Espécie consolida Goiás como polo de inovação em artes cênicas”. A diretora salienta que a circulação internacional é uma ação importante para garantir, também, a manutenção de espetáculos de longa caminhada. “No caso do Espécie, as leis de incentivos foram decisivas para novos desafios. Elas Ampliam a rede de intercâmbios, aprofundam afirmações de trajetória, formação, inclusão, pesquisa e processos colaborativos”, frisa.

A recepção calorosa ao espetáculo pode ser medida pelo interesse do público nas rodas de conversas que se instalam após as apresentações, em que Valéria Braga e Rodrigo Cunha discorrem sobre o processo criativo da peça e respondem a questionamentos da plateia. “Esse é um momento muito rico, de troca de experiência e escuta, que fortalece o espetáculo, que nessa longa trajetória encarna o constante desafio de se renovar”, pontua Valéria.
 
Já para o ator Rodrigo Cunha o grande desafio é a preparação física, que é feita diariamente e com muita disciplina ao longo da última década. “É uma atuação que me exige muito. Estou sempre preparado. Chego a perder dois quilos de peso por espetáculo. Além de imerso nas cenas, que são densas, tenho ainda o desafio de ser o iluminador, manejar a luz do celular para desenhar e aprofundar os movimentos do corpo. Sou dois no palco, um que vive e o outro que ilumina, o imerso e o que paira sobre a cena”, conta. 
 
Cunha destaca ainda que o Espécie nasceu de uma feliz combinação de desejo por novos territórios de atuação entre ele e a diretora Valéria Braga. Ele tinha o embrião de um roteiro e a diretora propôs que ficassem em uma sala escura por três meses, nada de diálogos, apenas respirando e observando os efeitos do corpo de ambos na escuridão.  “Estávamos inquietos por algo novo. Eu queria muito fazer um monólogo. Ela topou a parada. Passei um tempo visitando o zoológico, olhando os bichos, daí nasceu a pergunta, quem olha quem? E como o celular atravessava muito do meu dia, Valéria propôs um tempo de desconexão em que mergulhei com ela no escuro. Vivi por meses imerso em ambientes completamente escuros, até a exaustão. Aí, veio a luz do celular e os personagens que emergiram dessa escuridão, uma profusão de seres”, lembra Rodrigo Cunha.

Assim nasceu a experiência teatral intimista chamada Espécie, denominada teatro físico, que convida a plateia a mergulhar na escuridão e no mais profundo do desconhecido. O teatro fica absolutamente no escuro e em silêncio, celulares de todos desligados, e começam as aparições de seres da floresta, do oceano, da caverna, do mundo pop, fogos, fogueira, relevos, montanhas, barro, suor, lágrimas, um velho balbuciando o que não tem nome. Kafka, Platão? Quem sou eu, quem são eles nesse corpo em mutação na minha frente e dentro de mim?


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