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Cinema

Cinco obras imperdíveis para conhecer David Lynch

Cineasta morreu nesta quinta (16) | 17.01.25 - 10:48 Cinco obras imperdíveis para conhecer David Lynch Twin Peaks, Cidade dos Sonhos e Veludo Azul (Foto: reprodução)José Abrão
 
Goiânia – O cineasta americano David Lynch morreu na quinta-feira (16/1), aos 78 anos, deixando um legado indiscutível e singular no cinema da segunda metade do século XX. Sua obra, marcada por uma linguagem autoral inconfundível, explorava o universo dos sonhos, do mal e uma melancolia nostálgica e profunda. Com uma carreira tão impactante, foi difícil escolher, mas separamos quatro filmes e uma série essenciais para quem deseja conhecer e se encantar com a arte de David Lynch.
 
Veludo Azul (1986)
Um dos filmes mais intensos, abrasivos e crus do diretor, Veludo Azul é movido por um elenco de peso, com Isabella Rossellini, Kyle MacLachlan e um Dennis Hopper totalmente sem coleira. A premissa, à primeira vista simples, acompanha um jovem que encontra uma orelha decepada no quintal de sua casa e decide investigar o que aconteceu por conta própria. O filme apresenta, de forma notável, os temas que se tornariam recorrentes na obra de Lynch, como o surreal, o onírico e o neo-noir, além das texturas visuais e sonoras que se tornaram suas marcas registradas: o jazz, as cores vibrantes e os enquadramentos nostálgicos e melancólicos. Mais do que isso, Lynch mergulha nas dualidades da vida: a luz na escuridão, a inocência redimida em meio à vilania, o inominável disfarçado por baixo do idílico. 

Dennis Hopper e Isabella Rossellini (Foto: reprodução) 

Duna (1984)
Ao longo da sua carreira, Lynch tentou fazer um filme de estúdio de grande orçamento exatamente uma vez (pra nunca mais). Esse filme foi a primeira e problemática adaptação de Duna, baseada no romance de Frank Herbert. O filme foi um fracasso de bilheteria, tendo custado cerca de US$ 45 milhões e arrecadado apenas US$ 30 milhões. Os bastidores foram notoriamente tumultuosos, com Lynch batendo cabeça com os executivos permanentemente. Por outro lado, o filme havia de ser redimido como um sucesso cult com o passar dos anos, revisitado e valorizado pela visão profundamente imaginativa do diretor ao adaptar um dos romances mais “inadaptáveis” da ficção-científica, vindo a influenciar, inclusive, Denis Villeneuve, diretor responsável pela aclamadíssima nova adaptação estrelada por Timothée Chalamet e Zendaya.

Kyle MacLachlan, Patrick Stewart e Sting em Duna (Foto: reprodução) 

O Homem Elefante (1980)
Talvez o filme mais 'pá-pum' do diretor, O Homem Elefante é uma reinterpretação sensível sobre a vida real de John Merrick. E talvez por ser um dos filmes mais “normais” de Lynch, também foi seu maior sucesso comercial, lotando salas e rendendo oito indicações ao Oscar, incluindo de Melhor Filme e Melhor Diretor. A trama reconta a vida de Merrick, vivido magistralmente por John Hurt, um homem vitoriano severamente deformado por uma condição rara. O filme é baseado na peça teatral de mesmo nome (em que Merrick foi vivido por David Bowie no passado e por Bradley Cooper mais recentemente) e ainda conta com um desconhecido e potente Anthony Hopkisn no elenco. O filme é tocante, doloroso e atemporal.

John Hurt como John Merrick (Foto: reprodução) 

Cidade dos Sonhos (2001)
Há quem argumente que Cidade dos Sonhos seja a obra-prima do diretor, um ápice atingido ao construir e amadurecer sobre Veludo Azul, desta vez no caminho reverso: a perda da inocência. O surreal, o neo-noir, a escuridão sob a superfície, o onírico e a nostalgia, tudo isso retorna ao foco com força total, além de um erotismo sáfico à flor da pele que o deixa cravado na memória. Naomi Watts está absolutamente fantástica como Betty, uma jovem que quer ser atriz em Hollywood, que decide ajudar Rita, uma mulher que perde a memória após sofrer um acidente de limusine. A partir daí a história não segue (nem termina) em nenhuma direção que você consiga prever. Caso você termine o filme frustrado, não será o único: Lynch falou publicamente sobre como arte não precisa fazer sentido e os finais não precisam ser fechados.
 
Laura Harring e Naomi Watts (Foto: reprodução)

Twin Peaks (1990,1991, 2017)
Outros fãs dirão, porém, que a verdadeira obra-prima de Lynch não está no cinema, mas na televisão: Twin Peaks foi uma mudança de paradigma na telinha, definindo um claro antes e depois da sua estreia. Suas duas caóticas temporadas em 1990 e 1991 renderam ainda um filme em 1992 e uma improvável terceira temporada em 2017. Novamente, a premissa é simples: um agente do FBI é enviado para a pequena e adorável cidade de Twin Peaks para investigar o assassinato da jovem Laura Palmer. Obviamente, as coisas não são como parecem e uma escuridão terrível se esgueira pela cidade. A trama rapidamente mergulha não apenas no onírico, no surreal e no neo-noir, mas também no absurdo e até mesmo no terror cósmico, tudo isso embalado pela nostálgica, melancólica e hipnotizante trilha sonora de Angelo Badalamenti. O resultado não apenas é algo obrigatório de ser visto, mas ajuda a entender o que catapultou a transformação profunda das séries de TV que lentamente se tornariam mais complexas a partir de Arquivo X, LOST, Deep Space Nine, entre outras.
 
Sherilyn Fenn e Kyle MacLachlan em Twin Peaks (Foto: reprodução)

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