A Redação
Goiânia - Com a missão de levar a arte goiana para fora do Brasil, o Coletivo Justina, de Aparecida de Goiânia, desembarcou na cidade de Guayaquil, no Equador, onde fica até 20 de novembro. No país, o grupo realiza várias atividades - na Faculdad de Artes da Universidade Central de Quito, seguindo depois para o Chile, onde mostra seu trabalho em parceria com a Escola de Escritores DramaSur e o Tetro Biobio, na cidade de Concepción.
O objetivo do Coletivo é apresentar ao público estrangeiro o espetáculo infantil Dr. Raimundo. Além disso, os integrantes do grupo ministram a formação “Dramaturgias Emergentes”, criada pela atriz e escritora Takaiuna. Os eventos são gratuitos e abertos às comunidades de cada região, sendo as crianças e seus familiares o público-alvo do espetáculo. Já a oficina é voltada para professores, artistas, criadores e encenadores teatrais.
A turnê integra o projeto “Dr. Raimundo mundo afora”, cujo projeto foi aprovado no edital Circula Goiás, da Lei Paulo Gustavo.
Segundo Pablo Lopes, gestor cultural do Coletivo Justina, a circulação por países da América Latina garante a continuidade da articulação com redes de Cultura Viva Comunitária e de dramaturgias, visitando e promovendo intercâmbio entre as estéticas políticas criadas nesses territórios comuns. Sobre isso, Pablo comenta: “Além da troca artística, a circulação produz partilhas na forma de produção e interação com o público.”
Espetáculo Dr. Raimundo
Co-produzido com o Teatro Ludos, o espetáculo Dr Raimundo traz para a cena a narrativa de um menino que sofre por ser diferente das outras crianças. Durante todo o espetáculo as situações experienciadas pela personagem nos levam a refletir sobre a aceitação da diversidade e a importância de respeitar as diferenças.
Por se tratar de um espetáculo com recursos de acessibilidade e realizado de maneira a interagir com os pequenos, a participação das crianças e de seus familiares é sempre uma experiência rica e repleta de referências culturais da própria localidade onde se apresenta, diz a atriz Takaiuna. Segundo a arte-educadora, os recursos de contação de histórias e de uma dramaturgia de base comunitária promovem uma comunicação espontânea e autêntica, como ocorreu na África Ocidental, em Guiné-Bissau.
Esse espetáculo também tem sido apresentado nos quintais de moradores de Aparecida de Goiânia, promovendo a aproximação do fazer artístico e estético das comunidades locais e seus territórios. Com o projeto “Teatro nos Quintais”, o Justina também tem feito um mapeamento cultural do município, através do contato direto com seus habitantes.
Coletivo Justina
Fundado em 2016, o Coletivo Justina tem como prática estético-política o exercício de experimentação que cabe em vários segmentos artísticos e culturais. O Coletivo tem suas ações culturais inspiradas na fronteira entre a ancestralidade, o comunitário e a arte. Sua sede é em Aparecida de Goiânia.
Nos últimos anos, o Ponto de Cultura Justina vem realizando atividades de formação, pesquisa e circulação artística por vários estados do Brasil, como Ceará, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Suas ações e pesquisas também movimentam experiências internacionais.
Na América Latina, tem articulado com grupos e artistas da Argentina, Equador, Bolívia e México, onde trabalhou em parceria com o Programa Iberscena para a direção de espetáculo e construção dramatúrgica a partir da realidade de crianças e adolescentes locais. Itália, Israel e o Estado da Palestina também foram visitados por membros do Coletivo, tecendo uma rede afetiva de trocas simbólicas e estéticas.