A Redação
Goiânia - Uma parceria entre as Universidade Federal de Goiás (UFG) e de Sergipe (UFS) transformou e ressignificou o antigo prédio da Companhia Energética de Goiás (Celg) da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), em Goiânia. A construção histórica que abrigava o afresco pintado por Frei Confaloni e sofria com abandono, agora, dá lugar a uma galeria intitulada “Museu do Depois do Amanhã” (Mudda), em referência às novas representações artísticas que dali surgirão.
Segundo o Núcleo Interdisciplinar de Patrimônios, Artes e Memórias (Nipam) e o Museu Antropológico da UFG, o local onde o Mudda se instalou é referência para a arquitetura moderna da capital. Construído no fim dos anos cinquenta por Gustav Ritter e Oton Nascimento, até agosto de 2023 o espaço abrigava o magnífico afresco pintado por Frei Confaloni.
O projeto de museificação foi realizado por um grupo de pesquisadores, artistas e ativistas, e envolve as intervenções da natureza (plantas que brotam, fungos e musgos que desenham nas paredes e no teto) e da humanidade (depredações, descaso dos proprietários e do estado), bem como intervenções artísticas de diferentes tipos (pinturas em grafite, intervenções de lambes, vídeos, performances, dentre outros).
O Mudda adota a metodologia de classificação de obras e de acervo tal qual um museu comum, embora seja feito nas brechas, se infiltrando no que foi largado e desolado. O projeto de tornar este ícone moderno goiano em Museu convoca ao debate sobre o patrimônio arquitetônico e histórico de Goiânia, e leva em conta a produção artística do tempo, do acaso e do descaso, bem como de artistas nem sempre reconhecidos por suas produções.
O Museu do Depois do Amanhã é um movimento que surgiu do esquecimento, um museu que se apropria das cicatrizes do desprezo para criar uma galeria marginal, onde a arte urbana floresce em meio aos escombros.