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“O Amor, a Morte e as Paixões”

Selton Mello destaca qualidade de mostra em Goiânia: “cinema pensante”

Ator lançou livro e falou sobre novos projetos | 31.01.24 - 21:11 Selton Mello destaca qualidade de mostra em Goiânia: “cinema pensante” (Foto: Joabe Mendonça/A Redação)José Abrão
 
Goiânia – Com curadoria do professor Lisandro Nogueira e apoio do Sesc Goiás, a 15ª mostra de cinema O Amor, a Morte e as Paixões abriu sua programação nesta quarta-feira (31/1) com uma sessão de autógrafos com o ator, diretor, roteirista, dublador e, agora, escritor, Selton Mello, que lançou seu livro Eu me Lembro, em Goiânia, no CineX, no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). Antes, ele conversou com a imprensa sobre o seu amor pelo cinema, sobre os seus 40 anos de carreira e, é claro, sobre o aguardado O Auto da Compadecida 2, previsto para estrear no Natal de 2024.
 
Sobre retornar à mostra pela terceira vez, o ator diz estar satisfeito em ver como ela cresceu: "é muito bem realizada. É muito legal ver a cultura sendo espalhada, o bom cinema sendo espalhado, com filmes pensantes, com cinema de qualidade. A mostra de Goiânia não deve nada ao Festival do Rio, ao Festival de São Paulo, em qualidade”. Ela relata que sugeriu que a programação passe a ter uma mostra competitiva: “acho que isso é estimulante, entendeu? Eu sei que o cineasta que fez o filme vai gostar da ideia de vir para Goiânia, isso espalha o nome da mostra, cria um buchicho, acho isso muito bom”.
 
Sobre O Auto da Compadecida 2, ele afirma que “é realmente um fenômeno. Eu não passo em qualquer lugar do Brasil que não me perguntem do Chicó. É amado por gregos e troianos”, comentou sobre a aguardada sequência. “Desde o primeiro filme, paira sobre a gente a vontade do público e o medo nosso de fazer uma sequência. Mas a gente sempre namorou essa ideia, mas fomos adiando”, completa.
 
Para ele, “o reencontro com o Matheus [Nachtergaele] foi muito emocionante. Era como se a gente retomasse duas entidades. A impressão que eu tenho é que nem precisei fazer muito esforço: eu pus a roupa do Chicó, olhei no espelho e pensei ‘caraca, é o Chicó’”. Sobre o momento, ele acredita que o filme foi feito 25 anos depois por uma questão de amadurecimento. “Acho que era pra ser agora mesmo, a maturidade da gente... o que o Guel [Arraes, diretor do filme] diz é como se fosse o encontro de artistas muito preparados para o tamanho dessa responsabilidade”, afirma.

(Foto: Joabe Mendonça/A Redação) 

Memória
Sobre o livro, Eu Me Lembro é estruturado de uma forma inusitada: 40 pessoas fizeram uma pergunta cada, que ele responde ao longo do livro. Ao seu ver, a obra tem sua origem em grande parte devido ao diagnóstico de Alzheimer da sua mãe, o que fez valorizar o poder da lembrança. “Foi um momento que eu achei que era fundamental falar da minha mãe. Primeiro foi uma forma minha de adorá-la, a mulher mais importante da minha vida. E vivemos em um país sem memória. Isso é famoso, o Brasil não tem memória. A gente esquece os livros, não valorizamos as pessoas, esquecemos quem já foi. Então é um livro que fala de memória homenageando uma mulher que perdeu a memória”, avalia.
 
Além disso, a obra reúne pessoas queridas e que o ator admira para fazer essas perguntas como uma forma de brincar com seus 40 anos de carreira. “Eu achei que era legal essa ideia de 40 anos, 40 pessoas fazendo perguntas. Aí quando fizer 50 de carreira eu chamo mais 10, para completar”, brinca.
 
O Alienista
Tendo estrelado pelo menos duas grandes adaptações literárias: O Auto da Compadecida e Lavoura Arcaica, Selton foi questionado sobre que obra ele gostaria de adaptar. “Eu tenho um sonho muito grande, que não está muito longe de se realizar, que é de transformar em filme ou em uma minissérie O Alienista, de Machado de Assis”, revela.


(Foto: Joabe Mendonça/A Redação)
 
“Eu fiquei encantado com aquela história, com o Simão Bacamarte, aquele personagem que é um médico que estuda a mente humana. Você vê que é um assunto recorrente também do meu interesse, né? Um cara que fica cinco anos, seis, oito anos fazendo Sessão de Terapia e quer fazer o Machado de Assis contando essa história”, diz. Segundo o ator, os roteiros já estão prontos e foram apresentados para a Globo, mas não teve luz verde ainda. “É um projeto caro, porque é de época e tal, então não sei se eles pretendem fazer, é até uma conversa que eu tento ter com eles, se eles não pretendem fazer, sei lá, pego de volta, transformo num filme, mas assim, eu adoraria levar Machado de Assis e esse ponto específico pro cinema”, completa.
 
França e o Labirinto e a dublagem
Apesar de não ter indicado o retorno da segunda temporada, Selton também falou sobre a sua áudio-série, França e o Labirinto, lançada pelo Spotify no ano passado, em que ele vive um detetive particular cego no rastro de um assassino. O ator elogiou muito a experiência e destacou como ela o reaproximou de outra paixão, que é a dublagem.
 
“Trabalhar com voz pra mim é muito prazeroso porque me leva para um período muito rico da minha vida que foi o da dublagem. Dos 12 aos 19 anos eu morava nos estúdios Hebert Richards. Dublei inúmeros filmes, filme bom, filme ruim, filme clássico. Foi uma época que me deu muita bagagem”, relembra.

(Foto: Joabe Mendonça/A Redação) 

“Aliás, foi através dessa turma que veio o livro, porque eu, conversando, eu falei assim, ‘eu estou pensando em comemorar os meus 40 anos de carreira, eu tenho uma ideia de um livro’”, conta. A publicação é pela Jambô Editora, que pertence ao grupo Jovem Nerd, que produziu a áudio-série.
 
Selton salientou seu apoio ao movimento Dublagem Viva, que busca valorizar os dubladores brasileiros em oposição à ameaça de substituir os atores por inteligência artificial. “Eu sou um fã da dublagem. Se precisa sim do trabalho do dublador. Muita gente aqui deve ser fã de A Nova Onda do Imperador, um trabalho marcante que eu fiz na dublagem. Ele é incrível exatamente porque tem o molho da gente”, destaca, contando que coube aos autores e ao diretor inserir piadas e expressões para aproximar-se do público: “Isso é arte, não é um trabalho de tradução”.
 
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