A Redação
Goiânia - Em comemoração aos 35 anos da goiana Quasar Cia de Dança, a companhia estreia em Goiânia e na Cidade de Goiás o espetáculo 'Menos da Metade'. Pela primeira vez, o grupo utiliza a arte como ferramenta de conscientização ambiental, abordando na apresentação a destruição do bioma Cerrado. É que o
coreógrafo Henrique Rodovalho decidiu fazer uma pausa nas temáticas habituais para abordar um assunto que ele classifica como "urgente e relevante para toda a sociedade".
Na Cidade de Goiás, a pré-estreia ocorre às 20h de sábado (16/12), no Teatro São Joaquim. Já em Goiânia, a obra terá sua premiére nos dias 19, 20 e 21/12, sempre às 20h, no Teatro Madre Esperança Garrido. Os ingressos custam R$ 80, mas podem ser adquiridos pela metade do preço mediante doação de dois quilos de alimento não perecível (exceto sal e fubá). Os donativos serão destinados à Associação Quilombola Cristininha, de Caiapônia.
Já em 2024, no dia 7 de janeiro, a Quasar desembarca em Quirinópolis, onde se apresenta, às 20h, Teatro Municipal Teotônio Vilela, com entrada franca.
No palco
Através da dança, o diretor artístico convida o público a refletir sobre a relação entre a humanidade e o meio ambiente, mostrando como a destruição do Cerrado afeta diretamente nossa existência e a sobrevivência de um ecossistema devastado. Segundo Rodovalho, menos da metade "é a quantia que ainda resta da flora característica de nosso estado".
No palco, os bailarinos da Quasar se transformam em um elo entre a audiência e a natureza do Cerrado, tecendo uma narrativa que busca envolver e fazer sentir a grandiosidade e a fragilidade desse bioma. Através de movimentos e expressões corporais, eles evocam a beleza, a contorção, as temperaturas, as texturas e as fragrâncias desse ambiente tão rico e ameaçado.
Sobre sua nova obra, o coreógrafo ainda diz: “Eu tenho pensado nesse trabalho há bastante tempo e cada vez mais percebo a necessidade dele. Esse ano estamos vivendo temperaturas fora do comum em todo o Brasil, com secas devastadoras em alguns lugares e chuvas destruidoras em outros. Até mesmo para quem é produtor rural, essas condições são prejudiciais. E Goiás é o estado que mais tem terras produzindo soja ou criando bovinos", pontua.
"Uma coisa que tenho pensado é na real necessidade de se desmatar mais terras, para garantir novas safras e rebanhos. Precisamos, sim, de reflorestar as áreas de conservação já degradadas, com consciência de que nosso futuro e de nossos descendentes depende disso. A ideia desse espetáculo da Quasar é levantar essas questões, mesmo que cause incômodo em quem não pensa dessa maneira. Debater isso, a partir de um estado que desmata e que está perdendo seus biomas é nossa obrigação", completa.