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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Diego Luna como Cassian Andor (Foto: divulgação)Terminou nesta semana, após duas temporadas de 12 episódios, Andor, série da Disney+ focada em Cassian Andor (Diego Luna) e os caminhos revolucionários da Aliança Rebelde que levam aos acontecimentos do filme Rogue One. Após uma primeira temporada brilhante, a história termina com episódios que entram no panteão de grandes produções dramáticas da televisão e tranquilamente como a melhor coisa feita dentro do Universo Star Wars desde que a Disney assumiu a Lucasfilm.
São tantas boas escolhas que é difícil enumerá-las. Primeiro vamos para a alma do negócio: o roteiro. Nada em Star Wars foi escrito como Andor, com diálogos essencialistas primorosos e um texto que favorece o “mostrar fazendo” sobre a exposição dos personagens e que, ainda assim, se permite a solilóquios shakespearianos ocasionais que automaticamente se tornam icônicos: nesta temporada entregues por Forest Whitaker no papel de Saw Ferrera sobre a natureza “combustiva” das revoluções, e por Genevieve O’Reilly como Mon Mothma sobre a natureza do mal no poder.
Seguimos daí para o elenco primoroso encabeçado por Luna como Andor, Stellan Skarsgard como Luthen, Elizabeth Dulau como Kleya, Adia Arjona como Bix, Kyle Soller como Syril e Denise Gough como Dedra Meero. Que elenco! Que personagens! Nunca pensei que veria uma história Star Wars que ousaria ter personagens tridimensionais, com ações e motivações plausíveis e lógicas, com arcos narrativos satisfatórios e com finais catárticos. Andor consegue entregar tudo isso para todo o seu amplo elenco principal.
Há também a esfera técnica. Enquanto The Mandalorian se destacou pelo uso do palco volumétrico no lugar da tela verde, Andor ousou fazer algo que o próprio George Lucas não fazia desde A Ameaça Fantasma: filmar em locação. A priorização de cenários e objetos reais torna a série muito mais palpável e verossímil do que todas as anteriores, aprimorado pela escolha de câmera na mão para boa parte das tomadas.
E, por fim, como não podia deixar de ser, a temática. Se inspirando na história, estrutura e funcionamento de revoluções reais, Andor é uma narrativa que tem carne e osso e algo a dizer. Nesta segunda temporada, há críticas e paralelos evidentes com a invasão de Gaza por Israel e a virada autoritária dos EUA com a eleição de Donald Trump. Tudo isso é feito de forma sutil e coerente dentro da narrativa, mas nem por isso não são golpes poderosos, tirando vantagem completa do aspecto político desta galáxia muito, muito distante de uma forma que nenhuma outra história de Star Wars ousou fazer igual.
Em poucas palavras, Andor é simplesmente imperdível: é televisão obrigatória. Em um mercado tão saturado de produções mambembes, logo esta série, vinda de Star Wars, consegue fazer algo cada vez mais raro e precioso: oferecer o mínimo de elevação estética em um streaming cada vez mais enlatado.