Carolina Pessoni
Goiânia - No coração da Capital, a Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem) se ergue como um símbolo de acolhimento e proteção. Recentemente reformada e ampliada, a delegacia, que historicamente ocupa o mesmo prédio na Rua 24, agora oferece um ambiente ainda mais seguro e confortável para as mulheres que buscam ajuda.
"A reforma e ampliação trouxeram mais condições de trabalho, conforto para os servidores e mulheres atendidas", afirma a delegada Ana Elisa Gomes, que há 21 anos dedica sua carreira à Polícia Civil, grande parte dela na Deaem. "Ganhamos todos, Polícia Civil e população", completa.
O novo espaço da Deaem possui cerca de 700 metros quadrados e permanece aberto 24 horas. As melhorias são fruto de parceria entre o Governo de Goiás e o Ministério da Justiça, que viabilizou R$ 851,5 mil para a revitalização, bem como os novos equipamentos. Já o Governo de Goiás fez uma contrapartida de R$ 182,3 mil. A unidade integra uma rede que inclui 27 delegacias especializadas no atendimento às mulheres em todo o estado.
Fachada da antiga Delegacia da Mulher (Foto: Deaem)
A nova estrutura conta com uma ampla sala de reuniões, um espaço de convivência para os servidores e salas individualizadas, garantindo a privacidade das vítimas ao relatarem suas experiências. "Houve esse cuidado para que as mulheres se sentissem mais confortáveis", explica a delegada.
A localização privilegiada da Deaem, próxima à Praça Cívica e com fácil acesso por transporte público, também contribui para a confiança da população. "Historicamente, já traz mais confiança para a população saber onde a delegacia fica há décadas", destaca Ana Elisa.
Goiás é um estado pioneiro no combate à violência contra mulheres. A primeira Delegacia Estadual da Mulher do Brasil é goiana. O estado também saiu à frente quando criou, em 25 de setembro de 1985, a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do Estado de Goiás, sendo a segunda no Brasil – atrás apenas de São Paulo, que inaugurou a especializada naquele mesmo mês e ano.
A Deaem oferece um atendimento completo e humanizado, 24 horas por dia, todos os dias da semana. Além do registro de ocorrências e solicitação de medidas protetivas, a delegacia conta com equipes especializadas para investigar os casos com agilidade. "Temos equipes para investigar os casos com rapidez, para que a vítima sofra o mínimo possível neste processo", garante a delegada.
Delegada Ana Elisa Gomes (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
O trabalho da Deaem vai além da esfera policial, como ressalta Ana Elisa. "Não tem como fazer um trabalho desse em condições vulneráveis. Quando a mulher chega aqui, ela traz dores, medos, traz muitas vezes os filhos, o temor de não saber para onde ir, o que fazer da vida depois da denúncia. Por isso, precisamos de todo atendimento da rede. Não dá para você encarar só como uma delegacia de polícia, é preciso também fazer esse serviço social".
A delegada, que se coloca no lugar das vítimas, acredita que a presença de mulheres na equipe é fundamental. "É preciso que seja uma delegada mulher nesta delegacia, somos todas mulheres. Temos ótimos servidores homens, mas a vítima precisa se sentir acolhida e com alguém do mesmo gênero isso é mais fácil", afirma.
Ana Elisa Gomes afirma que sente, em sua atividade, que consegue contribuir de alguma forma para que essas situações sejam resolvidas com mais carinho, com mais cuidado e preocupação. “Não temos só uma vítima, mas uma pessoa com uma série de problemas, uma história de vida que ela traz quando passa pela porta da delegacia. Temos que ter empatia, sensibilidade, para ela entender que pode confiar no nosso trabalho", encerra.