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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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‘Emilia Pérez’ é ofensivamente ruim

| 10.02.25 - 09:04 ‘Emilia Pérez’ é ofensivamente ruim Karla Sofía Gascón e Zoe Saldaña em "Emila Pérez" (Foto: divulgação)Há muito tempo eu não ouvia o termo “cinema onanista”, mas ele cabe perfeitamente para descrever Emilia Pérez, um filme tão autoindulgente que se perde completamente na megalomania do diretor francês Jacques Audiard. Mesmo que não estivesse envolvido em várias controvérsias intimamente ligadas à sua trama, o filme ainda seria ruim por si só, com um roteiro digno de lançamentos diretos para vídeo, atuações caricatas de TV aberta e músicas que dão razão à multidão de pessoas que odeiam musicais.

Caso você não saiba, Emilia Pérez é um filme francês rodado na França, com atores majoritariamente americanos e espanhóis, falado em castelhano e ambientado no México,  apesar de o diretor nunca ter pisado no país. A trama acompanha a saga de Emilia Pérez (Karla Sofía Gascón), originalmente um chefe do tráfico de drogas que forja a própria morte para mudar de sexo e assumir uma nova identidade como mulher e ativista contra o tráfico.

O resultado parece uma resposta furiosa do lado conservador do cinema que não entendeu, se indignou e ficou profundamente incomodado com a aclamação, inclusive no Oscar, em torno do inventivo e inegavelmente “frito” Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. É um “Oscar bait” que tenta a todo custo ser progressista e fora da caixa — e, tecnicamente, pode-se dar o braço a torcer que é uma abordagem inovadora —, mas que não consegue escapar de um problema muito simples: ser ruim.
 
 O roteiro é repleto de conveniências, forçações de barra e um final que, além de insatisfatório, é estapafúrdio,  uma tentativa preguiçosa de amarrar as pontas de uma escrita fraca desde o início.
 
Para não dizer que todo o elenco deixa a desejar (é inacreditável que Selena Gomez sequer tenha recebido indicações como atriz coadjuvante), Zoe Saldaña, que interpreta a advogada faz-tudo da protagonista, entrega-se de corpo e alma a um papel que é, na melhor das hipóteses, pitoresco. A atriz está completamente comprometida e mergulha de cabeça nos números musicais, talvez vislumbrando uma chance de oscarização.

É louvável tentar trazer histórias mais inclusivas e com foco em pessoas trans para um grande público, mas não dessa forma: Emilia Pérez é quase um desserviço, algo que só alguém completamente descolado da realidade latino-americana e da comunidade LGBTQIA+ poderia fazer. Alguém como um francês cis(gênero) e idoso.
 
 

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