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Museu Antropológico da UFG é salvaguarda da história do Brasil Central

Local fica em frente à Praça Universitária | 10.03.23 - 19:16
Museu Antropológico da UFG é salvaguarda da história do Brasil Central Foto: Letícia Coqueiro/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia - Um espaço dedicado à história da região central do país está localizado em Goiânia. Misturado em meio aos prédios de faculdades ao redor da Praça Universitária, próximo ao Centro da Capital, o Museu Antropológico (MA) da Universidade Federal de Goiás (UFG) pode passar quase despercebido aos olhos menos atentos, mas é um local importante na proteção e divulgação de materiais da diversidade cultural do Brasil Central.
 
Com caráter dinâmico e pedagógico, o museu se destina à coleta, inventário, documentação, preservação, segurança, exposição e comunicação de seu acervo. Integrado ao ensino, pesquisa e extensão da UFG, para o desenvolvimento de suas atividades, o museu se apoia também em outro tripé: antropologia, etnografia e arqueologia.
 
A criação do MA se deu por iniciativa de professores do então Departamento de Antropologia e Sociologia (DAS) da UFG, a partir da expedição Roncador Xingu, uma pesquisa realizada no Parque Indígena do Xingu. A partir desta jornada, o grupo de professores sugeriu um plano de pesquisa para estudar as populações do Xingu e criar um museu antropológico na universidade.
 

Expedições indígenas foram a base para a criação do Museu Antropológico da UFG (Foto: Letícia Coqueiro)
 
Foi criado então, em junho de 1969, o Museu Antropológico da UFG, inaugurado em 5 de setembro de 1970. O objetivo inicial do espaço era proteger a cultura material indígena da Região Centro-Oeste do Brasil, tendo o primeiro acervo da coleção etnográfica decorrido da expedição que originou o projeto do museu.
 
Nesses 52 anos de história, o MA já passou por diversas sedes. Na sua inauguração, ocupou salas do prédio da Faculdade de Educação, no Setor Universitário. Dois anos depois foi transferido para o segundo andar do edifício onde funcionava a Escola de Enfermagem São Vicente de Paula, no mesmo bairro e, no ano seguinte, passou para o térreo do mesmo prédio.
 
Em 1978, outra mudança. Passou a ocupar novamente espaço pertencente à UFG, na área do Lago das Rosas, no Setor Oeste, onde já funcionava a Rádio Universitária. A transferência definitiva ocorreu em 1991, quando o museu voltou para o Setor Universitário e foi instalado no prédio anteriormente ocupado pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da UFG, onde permanece até hoje.
 
Diferentemente dos museus tradicionais, de caráter mais memorialista, o MA tem também sua função científica. "Por ser um museu universitário, o Museu Antropológico não é somente um local de exposições. Estas são apenas o produto final das pesquisas. Temos então, um lado forte científico e acadêmico, o que torna o museu mais contemporâneo", é o que explica o historiador Leandro Davi Guimarães, que atua na coordenação de Intercâmbio Cultural da instituição.
 

Leandro Davi Guimarães atua na coordenação de Intercâmbio Cultural do MA (Foto: Letícia Coqueiro)
 
O historiador destaca que o museu trabalha a memória por meio da pesquisa. "Ele surgiu em um lugar marcado pela Marcha para o Oeste do Brasil, mas não se prendeu nessa narrativa. Ele funciona a partir de projetos de ensino, pesquisa e extensão, sendo o museu mais científico de Goiânia."

Isso fica evidente quando se fala, por exemplo, na área da arqueologia do MA. A pedagoga Tatyana Beltrão de Oliveira, que atua na coordenação de Antropologia do museu, explica que esta área surgiu com a preocupação em capacitar, dentro do que era a arqueologia da época, tanto que as primeiras expedições contaram com professores de fora, especializados nessa área.
 
"Foi elaborada em 1972 a Carta Arqueológica do museu, que traz a normatização para cadastros de sítios arqueológicos em Goiás. Este documento propõe o entendimento e localização dos sítios seguindo a bacia hidrográfica", relata Tatyana.
 

Fachada antiga do Museu Antropológico da UFG (Foto: Acervo documental do MA)
 
A característica científica do MA também é explicitada no curso de bacharelado em Museologia da UFG, que foi criado a partir da interação entre a Faculdade de Ciências Sociais e o Museu Antropológico. Os acervos, laboratórios e exposições do museu constituem o componente prático do curso.
 
Acervo e exposições
O Museu Antropológico da UFG passou por diversas fases e movimentos. “As primeiras pesquisas e acervos, por exemplo, são revisitados para compreender essa relação ao longo do tempo, para que as pessoas possam conhecer os processos históricos”, explica Tatyana. Estão disponíveis para o público estudos da cultura popular, diversidade cultural, cultura indígena e quilombola, além da relação com coletivos urbanos.
 
Os acervos são divididos entre arqueológico e etnográfico. Somente o acervo arqueológico possui mais de 200 mil fragmentos coletados em cerca de 500 sítios arqueológicos. Entre os objetos estão pontas de flecha, material em diferentes tipos de rocha, potes e utensílios de cerâmica e até amostras de solo e carvão.
 
Já o acervo etnográfico conta com mais de 5 mil objetos, como os feitos em cerâmica e fibras, flechas, indumentárias, além de materiais feitos com plumárias de aves. Entre os objetos de cerâmica, estão exemplares de Bonecas Karajá, cujo ofício e modo de fazer se tornou Patrimônio Cultural do Brasil, a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido no Museu Antropológico da UFG.
 

Parte do acervo etnográfico do MA (Foto: Letícia Coqueiro)
 
Esses acervos podem ser vistos pelo público por meio das exposições em cartaz no MA. Atualmente, são duas ativas: “Redes, Saberes e Ocupações”, que celebra os 50 anos do museu, comemorado em 2020, e que continua em cartaz para acesso ao público, já que, logo após o seu lançamento, a pandemia de covid-19 fez com que o local ficasse fechado por quase dois anos; e “Lavras e Louvores”, uma exposição de longa duração que está em cartaz desde 2006 e aborda a identidade regional do Centro-Oeste.
 
Além das exposições, os objetos podem ser conferidos pelo público por meio do Acervo Virtual do museu, ativo desde 2019 por meio da plataforma Tainacan, que foi desenvolvida pela própria UFG para esta finalidade. No Acervo Virtual, o público confere imagens de objetos e documentação com um conjunto de informações sobre cada peça. “O trabalho com o acervo virtual é contínuo e gradativo, pois é uma quantidade muito grande de peças a serem fotografadas e terem as informações inseridas no site”, ressalta Tatyana.
 
Nem todos os objetos do museu, entretanto, estão disponíveis aos olhos do público. “Exposições são recortes do que a curadoria escolhe para ser apresentado. Entretanto, a reserva técnica, que tem um volume muito grande, pode ser consultada mediante solicitação e justificativa de pesquisa”, explica Leandro.
 
 

Tatyana Beltrão de Oliveira: "Acervos são revisitados para que as pessoas possam conhecer os processos históricos” (Foto: Letícia Coqueiro)
 
E nem só de exposições vive o Museu Antropológico. O público tem ainda, à sua disposição, o Jardim das Descobertas. Um local de contemplação da natureza e com um sítio arqueológico simulado. “O museu é um núcleo atípico da UFG, pois é multidisciplinar em diversos aspectos”, diz o historiador.
 
Para Tatyana, o Museu é o local onde fica evidente a diversidade cultural. “Nele, podemos perceber que nossa formação está além da familiar. A diversidade cultural nos constitui, o processo histórico não está longe da gente. O museu é um lugar de cultura, lazer e educação para abraçarmos e contemplarmos.”
 
“O Museu Antropológico traz ainda uma perspectiva para além da história política hegemônica que nos é contada. Ele nos entrega essa perspectiva de uma história não-hegemônica do nosso território”, completa Leandro.


Serviço
Museu Antropológico da UFG
Endereço: Av. Universitária nº 1166 - Setor Universitário -Goiânia
Funcionamento: Terça-feira a sábado, das 9 às 17 horas
Agendamento de visitas escolares: (62) 3209-6397 
Entrada gratuita
Site: museu.ufg.br
 
 

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