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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
(Foto: divulgação)Na semana passada repercutiu e ainda repercute a minissérie Todo Dia a Mesma Noite, baseada no excelente livro-reportagem de Daniela Arbex, autora do também excelente Holocausto Brasileiro. Ao contrário do material fonte, esta dramatização sobre o incêndio da Boate Kiss, que matou 242 jovens e deixou mais de 600 pessoas feridas e com sequelas em Santa Maria (RS) em 2013, peca por uma montagem e roteiro simplórios, deslizes no melodrama e por atores paulistas e cariocas fazendo sotaques gaudérios atrozes.
Ao mesmo tempo, a minissérie não é ruim e é bem produzida e, com exceção de algumas cenas, consegue conter o dramalhão predatório e exploratório, conseguindo transmitir a dor e revolta das famílias afetadas pela tragédia com razoável fidedignidade e cometimento.
Dito isso, é impossível não pensar, tendo por base o livro que originou a série, que a produção não teria se beneficiado de uma abordagem documental. Saí dos cinco episódios sentindo que uma abordagem jornalística e não dramática teria sido mais informativa e enriquecedora do que o recorte ficcionalizado adotado.
Porém, ao César o que é de César: preciso destacar as atuações dos sempre excelentes Leonardo Medeiros e Thelmo Fernandes, mas também da estreante Paola Antonini, influencer que fez um trabalho surpreendente como uma das vítimas sobreviventes, e Paulo Gorgulho, que rouba a cena e protagoniza a passagem mais marcante do segundo episódio e que sem dúvida vai ficar na memória das pessoas.
Todo Dia a Mesma Noite não é perfeita, mas faz jus ao lembrar e expor os 10 anos de impunidade de uma das maiores tragédias recentes do Brasil. Vale destacar que o livro-reportagem mais recente de Arbex, Arrastados, lançado no ano passado e que fala da impunidade na tragédia de Brumadinho (MG) também deve chegar ao streaming em breve.