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No fascinante palco da vida moderna, onde as ideias dançam e se chocam, existe um grupo particular que, com ares de nobreza e discursos carregados de empatia, nos presenteia com um paradoxo de dimensões olímpicas: a esquerda. Sim, meus caros leitores, aqueles que clamam por um mundo mais justo e igualitário, mas que, na prática, parecem ter um sistema de crenças que desafia as leis da física, da economia e, por vezes, do bom senso. E tudo isso, claro, com um sorriso no rosto e a convicção de que estão do lado certo da história.
Não sejamos agressivos, longe de nós! Mas, sejamos honestos, há momentos em que a lógica esquerdista parece ter sido forjada em algum laboratório secreto, onde as consequências das ações são meros detalhes e o desejo de ter o bom e do melhor flutua livremente, desvinculado de qualquer esforço ou sacrifício. É como se houvesse uma receita de bolo simplória para a felicidade universal, onde os ingredientes são direitos inalienáveis, redistribuição sem fim e uma aversão quase alérgica a qualquer forma de trabalho braçal ou intelectual que não seja engajada.
E por falar em trabalho, é aqui que a trama se adensa. Quem nunca se deparou com a clássica cena do ativista que, em meio a um protesto apaixonado por melhores condições de vida, exibe um smartphone de última geração e ostenta roupas de grife? A incongruência é tão gritante que chega a ser poética! É como se a busca por um paraíso socialista fosse perfeitamente compatível com a ostentação dos frutos mais suculentos do capitalismo que tanto criticam.
Nesse ponto, é impossível não evocar os fantasmas — ou seriam os anjos? — de Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Aqueles que, em seu tempo, ousaram desafiar a lógica de que o Estado é a única solução para todos os males. Reagan, com seu otimismo contagioso, nos lembrava que o governo não é a solução para os nossos problemas; o governo é o problema. E Thatcher, a Dama de Ferro, com sua convicção inabalável, nos ensinou que "não existe dinheiro público, só existe dinheiro dos pagadores de impostos". Frases simples, mas que, para muitos, ainda ecoam como verdades inconvenientes.
Como é possível desejar um sistema onde todos têm acesso a comida de graça, renda sem trabalho e diversões gratuitas, mas ao mesmo tempo demonizar o trabalho duro, o lucro, a meritocracia e o empreendedorismo? A conta, meus amigos, simplesmente não fecha. É como querer um banquete cinco estrelas sem que ninguém tenha cozinhado, lavado a louça ou sequer plantado um grão de arroz.
Talvez a resposta esteja em uma espécie de “Síndrome do Coelhinho da Páscoa Atrasado”, onde a crença de que tudo de bom virá de graça, sem esforço, se enraíza profundamente. A ideia de que o coletivo provê é tão sedutora que a necessidade de estudar, trabalhar e se esforçar para alcançar os próprios objetivos se torna um mero detalhe, um sacrifício desnecessário em um mundo que deveria ser, por direito divino, um bufê livre de regalias.
É fascinante observar a ginástica mental de alguns setores da esquerda quando o assunto é religião. Enquanto se autodenominam arautos da laicidade, condenando veementemente qualquer manifestação religiosa em público e criticando a influência da fé na política ocidental, esses mesmos indivíduos parecem abrir uma exceção conveniente para regimes e grupos teocráticos que flertam com o extremismo. É nesse ponto que a bússola moral se desorienta: como é possível demonizar o cristianismo conservador, por exemplo, mas ao mesmo tempo flertar com o apoio a organizações como o Hamas e o Hezbollah, que possuem bases profundamente religiosas e um histórico de violência brutal em nome de preceitos doutrinários? Mais intrigante ainda é o apoio, ou a complacência, em relação à teocracia iraniana. Um regime que persegue minorias, oprime mulheres e pune dissidentes com base em uma interpretação religiosa rigorosa, mas que curiosamente, para alguns, se encaixa na narrativa de luta contra o imperialismo. A incoerência é tão flagrante que nos leva a questionar se a crítica à religião não seria, na verdade, uma ferramenta seletiva, utilizada apenas quando conveniente aos seus interesses políticos e narrativas preestabelecidas.
No panteão das verdades universais, há uma que, para o observador mais atento, se revela com a clareza de um placar olímpico: a ausência quase mística de atletas de alto desempenho, campeões mundiais e medalhistas olímpicos declaradamente de esquerda. Como conciliar a busca incessante por recordes, a superação individual e a meritocracia intrínseca ao esporte de elite com uma ideologia que, por vezes, torce o nariz para o mérito individual e sonha com uma sociedade onde todos ganham, mesmo que alguns nem sequer tenham treinado? É uma dicotomia hilária! Imagine a cena: um atleta que, após anos de sacrifício, treinos exaustivos e uma dieta rigorosa, sobe ao pódio e, em vez de celebrar sua conquista pessoal, questiona se o segundo colocado não deveria ter uma medalha igual, ou se a competição em si não seria uma forma de opressão capitalista. Não, a linha de chegada do esporte de alto nível é implacável: ela exige talento, dedicação e uma crença inabalável no mérito próprio, algo que parece ser tão alheio à cartilha esquerdista quanto um balanço financeiro positivo em uma estatal. Por isso, enquanto esperamos o dia em que um atleta mundial de esquerda surgirá, talvez seja mais fácil encontrar um unicórnio praticando salto com vara.
Então, da próxima vez que você se deparar com alguém defendendo fervorosamente a igualdade de resultados enquanto desfruta dos confortos proporcionados por um sistema que, na teoria, abomina, não se surpreenda. A incongruência é parte do charme, o toque de humor ácido que tempera a complexidade da condição humana. E quem sabe, talvez um dia, a realidade e a lógica se abracem com a ideologia, e todos descubram que o melhor dos mundos é aquele onde o esforço individual e a liberdade criam, de fato, o verdadeiro bem-estar. Até lá, seguimos rindo e observando as divertidas contradições de um mundo que, felizmente, ainda permite o bom humor.
Ralph Rangel é desenvolvedor de software, professor em cursos de MBA. Foi Superintendente na Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Goiás. Foi Secretário Executivo na Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Município de Goiânia