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Jullena Normando

O algoritmo é capaz de mudar sua opinião?

| 11.07.25 - 15:28
Um teste realizado durante os primeiros meses de 2025, chamou a atenção para a influência dos algoritmos na formação das opiniões pessoais. A comunidade *“Change my View”* no Reddit foi, sem perceber, infiltrada por uma inteligência artificial. Esse espaço da plataforma era dedicado a debates bem-humorados, onde os usuários compartilhavam opiniões e convidavam outros a convencê-los do contrário. O experimento em si teve falhas éticas importantes, que merecem debate mais amplo, mas os resultados não deixam de ser relevantes.
 
Segundo relatório do The Atlantic, foi nesse ambiente que pesquisadores colocaram a IA para interagir com os participantes. Eles queriam avaliar se ela seria capaz de formular argumentos persuasivos o bastante para mudar a opinião de pessoas reais. E descobriram que sim, ela conseguiu.
 
A IA tinha acesso ao histórico de conversas do grupo e aos perfis dos usuários em outras redes sociais, e usou tais dados para adaptar as mensagens especificamente para cada personalidade. Os cientistas comportamentais chamam essa tática de comunicação de "persuasão personalizada".
 
A personalização do algoritmo é como uma rede feita especialmente para cada pessoa. A pesquisadora Jullena Normando explica que isso é diferente de um simples anúncio publicitário adaptado para um nicho. Este é um passo além da retórica e da persuasão publicitária. “A máquina aprende o que comove ou assusta cada um de nós e prepara argumentos direcionados aos nossos “centro nervoso emocional”. Isso muda o paradigma da criação publicitária e quebra o princípio da transparência.”
 
A pesquisa realizada no Reddit acendeu um alerta para os pesquisadores. Se a IA dominar a chamada "adaptação profunda", pode começar a passar despercebida no ambiente online. Aprendendo com os usuários, e usando informações pessoais para manipular crenças e opiniões de maneiras indesejáveis e até prejudiciais.
 
E quando se pensa em crianças com brinquedos inteligentes, como é o caso da recente parceria entre a Open AI e a Mattel (que anunciaram o lançamento da Barbie inteligente já para este ano), o quadro se agrava.
 
Imagina uma barbie que lembra os medos e preferências da criança, e usa essas informações para oferecer ‘conselhos’ sob medida. Este é o risco real de brinquedos que se parecem com os analógicos, mas são configurados com máquinas que aprendem a cada interação e são capazes de convencer.

*Jullena Normando é publicitária, doutoranda sanduíche em Comunicação pela UFG e Universidade da Califórnia, em San Diego. Pesquisadora em Comunicação e Inteligência Artificial.

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