Vivemos uma virada de chave no mundo da estética. Depois de um período em que exageros dominavam — com rostos modificados a ponto de perderem sua identidade —, vejo crescer todos os dias, no consultório, a procura por resultados mais sutis, respeitosos e, sobretudo, naturais. Realçar a beleza sem exageros é, para mim, valorizar o que o paciente já tem de bonito, corrigindo pequenos incômodos, sem apagar traços que fazem parte da sua história.
A verdadeira harmonização facial não transforma ninguém em outra pessoa. Ela busca equilíbrio entre as partes do rosto. Se um terço está em harmonia e outro precisa de atenção, atuamos pontualmente para que o todo funcione melhor — sempre com o cuidado de preservar a individualidade. Às vezes, um leve preenchimento labial já é suficiente para revelar o que há de melhor em um rosto.
Entre os procedimentos que mais utilizo para alcançar esse efeito natural estão a toxina botulínica e os bioestimuladores de colágeno. A toxina suaviza as rugas, traz leveza ao olhar e ainda previne o surgimento de novas marcas — tudo isso sem alterar o formato do rosto. Já os bioestimuladores promovem um estímulo interno, com a própria produção de colágeno, o que melhora a firmeza e a qualidade da pele de forma progressiva e orgânica.
Os preenchimentos também fazem parte dessa jornada, desde que aplicados com leveza e bom senso. Não é sobre exagerar, é sobre somar delicadamente ao que já existe.
O mais interessante é que essa busca por naturalidade hoje não tem mais faixa etária ou gênero definidos. Jovens, idosos, homens e mulheres querem o mesmo: cuidar da aparência sem perder a essência. Os homens, inclusive, são os mais discretos e exigem resultados que quase não denunciem a intervenção.
A tecnologia tem sido uma grande aliada nesse processo. Aparelhos como o ultrassom microfocado, peelings e lasers ajudam a melhorar a textura da pele, estimulam colágeno e otimizam os efeitos dos injetáveis, permitindo inclusive uma menor quantidade de aplicações. São recursos que agregam muito, principalmente porque não alteram o formato do rosto — apenas colaboram para um aspecto mais saudável e bonito.
Claro que, mesmo nesse cenário de equilíbrio, ainda há quem chegue com expectativas irreais. Por isso, o alinhamento entre o que o paciente deseja e o que é possível entregar com segurança é essencial. Cada rosto tem seu limite. Aplicar produto demais pode, além de comprometer o resultado estético, causar problemas sérios de saúde, como compressões vasculares e até necroses.
Hoje, felizmente, acredito que estamos voltando à essência da harmonização facial. Ela nunca deveria ter sido sinônimo de transformação radical. Seu verdadeiro papel é embelezar com responsabilidade. A linha entre o belo e o exagerado pode ser tênue, mas é possível — e necessário — caminhar por ela com cuidado, técnica e sensibilidade. A naturalidade, afinal, é o caminho mais elegante, seguro e duradouro da beleza.
*Eliza Ganzaroli é dentista e especialista em Estética e Harmonização Orofacial