O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data que simboliza as conquistas femininas ao longo da história, mas também um momento de reflexão sobre as desigualdades que ainda precisam ser superadas. Apesar dos avanços das últimas décadas, muitos desafios persistem, especialmente para as mulheres com mais de 45 anos, que enfrentam barreiras invisíveis no mercado de trabalho, discriminação etária e a falta de políticas eficazes que considerem suas necessidades, como no caso da menopausa.
A luta pela igualdade de gênero alcançou progressos notáveis em diversas áreas, mas a paridade ainda é um objetivo distante. O Fórum Econômico Mundial estima que levará mais de um século para eliminarmos a desigualdade de gênero globalmente. Essa realidade se reflete na discriminação salarial, na baixa representatividade feminina em cargos de liderança e nos preconceitos enraizados que dificultam a ascensão profissional das mulheres.
Além disso, as estatísticas de violência doméstica, assédio sexual e sobrecarga nos papéis de cuidado — que recaem, em grande parte, sobre as mulheres — demonstram que a sociedade ainda impõe a elas um peso desproporcional. O problema se agrava quando as mulheres chegam à maturidade e enfrentam a exclusão profissional sob o argumento de que são menos “adaptáveis” ou “inovadoras”.
Enquanto mulheres jovens lidam com dificuldades na inserção profissional e na conciliação entre carreira e vida pessoal, as mulheres experientes encaram um cenário ainda mais complexo: a desvalorização da sua trajetória e conhecimento.
No mercado de trabalho, a idade é frequentemente interpretada como um fator negativo, levando à exclusão de mulheres experientes de processos seletivos ou à estagnação de suas carreiras. Isso ocorre devido à visão ultrapassada de que, após determinada idade, a mulher perde sua capacidade de inovação e produtividade. No entanto, essa percepção ignora o valor da experiência, do repertório acumulado e da resiliência que essas mulheres carregam.
A discriminação etária também se manifesta no ambiente corporativo, onde muitas vezes as oportunidades são direcionadas às gerações mais jovens, sem considerar que as mulheres experientes possuem habilidades estratégicas, visão sistêmica e uma capacidade inestimável de tomada de decisão.
O estatismo agrava esse cenário. Em vez de promover um ambiente econômico dinâmico que permita a ascensão de mulheres em diferentes estágios da vida, o excesso de regulamentação e a burocracia criam barreiras artificiais à empregabilidade e ao empreendedorismo feminino. Muitas mulheres 45+ enfrentam dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho porque políticas intervencionistas inibem a flexibilidade na contratação e na valorização da experiência. Além disso, a falta de incentivos ao empreendedorismo torna ainda mais difícil para essas mulheres criarem seus próprios negócios e conquistarem independência financeira.
Outro obstáculo significativo para as mulheres experientes é a falta de reconhecimento dos impactos da menopausa no ambiente de trabalho. A menopausa é uma fase natural da vida, mas ainda é tratada como tabu. Muitas mulheres enfrentam sintomas como insônia, ondas de calor, alterações de humor e dificuldades de concentração, que podem afetar seu desempenho profissional. No entanto, esse tema raramente é discutido nas empresas, e poucas políticas são implementadas para apoiar essas mulheres.
Em um mundo que valoriza a inovação e o conhecimento, é essencial que a experiência e a maturidade das mulheres sejam vistas como ativos e não como limitações. Isso exige não apenas mudanças culturais, mas também a criação de um ambiente econômico que permita que essas mulheres sigam produtivas, respeitadas e reconhecidas.
O Dia Internacional da Mulher deve ser um chamado à ação para eliminar as barreiras que impedem as mulheres de todas as idades de alcançar seu potencial pleno. Precisamos desafiar a visão ultrapassada que associa juventude à competência e reconhecer que a experiência é um diferencial inestimável.
Além disso, é fundamental que o mercado de trabalho evolua para incluir mulheres em todas as fases da vida, oferecendo oportunidades reais de crescimento e adaptando-se às necessidades específicas das profissionais experientes.
A luta pela igualdade de gênero não se limita ao acesso a direitos básicos, mas também à construção de uma sociedade que valorize as mulheres por suas competências, talentos e contribuições — independentemente da idade.
Enquanto essa realidade não for transformada, a celebração do Dia Internacional da Mulher continuará sendo mais um lembrete de que ainda há muito a ser conquistado. O futuro será verdadeiramente igualitário quando todas as mulheres, jovens ou experientes, forem reconhecidas por sua capacidade e pelo impacto que geram na sociedade.