A endometriose é uma doença ginecológica crônica que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, sendo uma das principais causas de infertilidade feminina. Durante o Março Amarelo, campanha mundial de conscientização sobre a condição, é fundamental reforçar a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para evitar complicações severas e melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 176 milhões de mulheres convivem com a endometriose no mundo. No Brasil, aproximadamente 8 milhões de mulheres sofrem com a doença, que pode ser silenciosa em até 20% dos casos. Além disso, mais de 30% das diagnosticadas enfrentam dificuldades para engravidar.
A endometriose ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio, que reveste o útero, cresce fora dele, atingindo órgãos como ovários, trompas, intestino e bexiga. Esse crescimento anormal pode provocar um processo inflamatório crônico, causando dor intensa e complicações graves.
A doença é mais frequente em mulheres entre 31 e 40 anos, mas pode afetar pessoas mais jovens e até adolescentes. Os sintomas mais comuns incluem:
- Cólicas menstruais intensas e incapacitantes
- Dor durante a relação sexual
- Alterações intestinais e urinárias
- Fadiga e cansaço excessivo
- Dificuldade para engravidar
O impacto da endometriose na fertilidade e na qualidade de vida
Muitas mulheres só descobrem a endometriose ao tentar engravidar, já que a doença pode causar aderências e inflamações que comprometem o funcionamento dos órgãos reprodutivos. Em alguns casos, a infertilidade pode ser revertida com tratamento adequado, mas a demora no diagnóstico pode dificultar as chances de gestação natural.
Além da fertilidade, a endometriose afeta significativamente a qualidade de vida. Dores crônicas, fadiga e desconforto constante podem prejudicar o desempenho profissional, os relacionamentos e a saúde mental da mulher.
O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador, pois os sintomas muitas vezes são confundidos com cólicas menstruais comuns. O tratamento varia de acordo com a gravidade do caso e pode incluir medicações hormonais para reduzir ou interromper o crescimento das lesões, analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor ou até mesmo cirurgia minimamente invasiva (videolaparoscopia) nos casos mais graves
O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações severas. Sem tratamento adequado, a endometriose pode evoluir para formas mais agressivas, afetando órgãos como intestino e bexiga, além de comprometer a fertilidade da mulher.
Conscientização e informação são fundamentais
O Março Amarelo reforça a necessidade de ampliar o acesso à informação e ao tratamento da endometriose. Muitas mulheres convivem com a dor por anos sem saber que têm a doença. O incentivo à busca por atendimento médico especializado e a realização de exames periódicos são passos essenciais para garantir um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz.
A endometriose não tem cura, mas pode ser controlada. Quanto antes for diagnosticada, maiores são as chances de manter a qualidade de vida e preservar a fertilidade. A conscientização pode mudar vidas.
Diego Rezende é ginecologista e obstetra e doutorando em Ciências da Saúde.