Tal qual um termômetro para medir a temperatura, nada melhor que a área da saúde para monitorar a qualidade de uma gestão pública. Se a saúde vai mal, o reflexo está na condução da administração pública. Em muitas cidades, a situação em que se encontra o setor provoca insegurança e caos entre a população.
A esperança de uma mudança para melhor vem com a posse dos novos prefeitos e secretários municipais que há pouco assumiram seus cargos. É premente a necessidade de reorganização e replanejamento do setor num menor espaço de tempo possível, pois já houve pessoas que pagaram com a vida.
É preciso um cuidado especial com a atenção primária. Neste nível é possível resolver a maioria das necessidades dos usuários dos serviços e orientar aquelas de maior complexidade. As unidades básicas de saúde, os centros de atenção integrada e também as maternidades, são essenciais e onde ocorrem a prevenção e o tratamento corretos, porém nos últimos tempos têm dado sinais de arrego.
Em muitos desses estabelecimentos há déficit de profissionais especializados - tais como os biomédicos, responsáveis pelos exames laboratoriais, por exemplo. Faltam insumos e as estruturas são insuficientes para o bom atendimento e o correto encaminhamento do indivíduo, seja no sistema de regulação ou num simples transporte de ambulância.
Portanto, faz-se imprescindíveis providências suficientes para reverter o quadro atual. E é responsabilidade dos governos a condução de medidas para retomar o funcionamento das unidades de saúde com sua plena capacidade. A garantia do retorno eficaz dos serviços prestados não é favor, mas direito dos cidadãos. Devem atender a todos sem distinção, com equidade e exige celeridade.
Porém o mau gerenciamento nesta área gera um efeito dominó no sistema prejudicando os usuários dos serviços em diferentes instâncias sejam elas laboratoriais, de vacinação, urgência ou emergência entre outras. É fundamental que as atividades sejam constantes, amplas e realizadas em estruturas adequadas.
Importante também disseminar informações claras para a população sobre os funcionamentos das unidades, seus serviços e atendimentos. Além de capacitar os profissionais de saúde e investir em tecnologia.
São muitas as dificuldades, sem dúvida. Cada gestor tem sua receita para driblá-las. Porém, o resultado deve ser a total resolução sobre as deficiências enfrentadas pela população que já se prolongou por demais. Caberá aos novos prefeitos e secretários municipais de saúde as medidas para reorganização do sistema e a condução satisfatória dos trabalhos.
O desafio é manter o termômetro em níveis estáveis, ou seja, demonstrando que a saúde pública se encontrará em patamares satisfatórios e sem riscos para os usuários. Como deve ser.
*Renato Pedreiro Miguel é presidente do Conselho Regional de Biomedicina - 3ª Região (CRBM-3).