O mês de dezembro é marcado pela campanha Dezembro Laranja, uma iniciativa que visa aumentar a conscientização sobre o câncer de pele, o tipo de tumor mais comum entre os brasileiros. Com o aumento das temperaturas no verão e a intensificação da exposição solar, é fundamental reforçar os cuidados e a prevenção. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 220 mil novos casos da neoplasia devem ser registrados no Brasil em 2024. O Estado de Goiás deve ter quase 10 mil diagnósticos este ano.
O sol é um grande aliado da nossa saúde, no entanto, quando em excesso e sem a devida proteção, ele pode trazer sérios riscos à saúde, especialmente para a pele. A doença tem um alto índice de cura quando detectada precocemente, mas sua incidência continua a crescer, principalmente devido à falta de cuidados simples. É nesse contexto que as campanhas de prevenção como a do Dezembro Laranja desempenham um papel crucial na luta contra a enfermidade.
O câncer de pele, em sua grande maioria, é causado pela grande exposição à radiação ultravioleta (UV), proveniente do sol ou de fontes artificiais, como camas de bronzeamento. Isso reforça a importância da prevenção, que deve incluir o uso regular de protetor solar, a busca por sombra nos horários de pico do sol, especialmente entre 10h e 16h. É importante estimular as pessoas a adotarem hábitos de proteção e a procurarem auxílio médico ao perceberem alterações na pele.
• Use filtro solar com fator de proteção (FPS) adequado para o seu tipo de pele, e reaplique-o a cada 2 horas.
• Use chapéus de abas largas e óculos de sol, e prefira roupas com proteção UV.
• Realize o autoexame da pele regularmente, observando alterações de cor, formato ou tamanho de manchas. Se notar qualquer mudança, procure um dermatologista.
• Fique atento a sinais de alerta, como feridas que não cicatrizam, manchas que coçam ou sangram.
Principais sinais de alerta
1-Aparição de novas manchas ou lesões
Se notar o aparecimento de novas manchas ou lesões, especialmente se forem irregulares, de tonalidade diferente ou com sangramentos, é importante procurar um especialista.
2- Sangramentos ou crostas
A presença de crostas, sangramentos ou secreção em um ferimento que já existe há algum tempo ou em uma nova ferida também pode ser um sinal de alerta. A pele que sangra ou não cicatriza adequadamente merece atenção médica imediata.
3-Alterações na textura da pele
Mudanças como áreas ásperas ou escamosas que não desaparecem, pois podem indicar que algo está errado.
4-Coceira e dor
Embora o câncer de pele, em sua maioria, não cause dor, algumas lesões podem se tornar dolorosas ou provocar coceira. Essas sensações persistentes devem ser investigadas.
5-Assimetrias e alterações nas características das manchas
Fique atento a manchas com características que se tornam irregulares ao longo do tempo. Moles com bordas assimétricas, cores múltiplas ou tamanho crescente podem ser sinais de que algo precisa ser examinado com mais cuidado.
Vale ressaltar que existem dois grupos de câncer de pele: não melanoma, que engloba os tipos mais comuns, e o melanoma, o mais raro e severo. Conhecer as diferenças é fundamental para adotar estratégias de prevenção e identificar sinais precocemente.
Os tumores não melanoma são os mais frequentes, em geral, menos agressivos, mas representam sérios riscos à saúde e exigem atenção. Já o melanoma é o tipo mais perigoso de câncer de pele. Ele se origina nos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele. Embora represente uma parcela menor dos casos da neoplasia, ele é responsável por grande parte das mortes relacionadas à doença, devido à sua alta capacidade de se espalhar para outras partes do corpo (metástase).
O melanoma pode surgir de uma pinta ou mancha existente ou se desenvolver em uma área de pele aparentemente normal. A principal característica desse tipo de câncer é que as lesões podem ter bordas irregulares, múltiplas cores (como tons de marrom, preto e vermelho) e crescer rapidamente.
A principal diferença entre os tipos de tumores está na sua agressividade. Enquanto o melanoma pode se desenvolver em qualquer parte da pele e até em mucosas, o câncer não melanoma está mais associado à exposição solar prolongada, aparecendo principalmente em áreas expostas, como rosto, pescoço e mãos. A diferenciação entre eles é importante, pois define a abordagem terapêutica e o prognóstico. Quando detectado em fase inicial a chance de cura é alta.
*Sérgio Santos é oncologista da Oncoclínicas Goiás