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Tatiana Potrich

Até quando o belo é essencial?

| 06.10.24 - 10:01
 
A atemporal performance da artista sérvia Marina Abramovic´: "Art must be beautiful" (1975), onde ela, violentamente, penteia os cabelos com uma escova, nos arremessa à um sentimento de angústia e reflexão: a arte deve ser bela?
 
Para a filosofia, o belo se desdobra em múltiplos sentidos: aborda a essência da cognição do indivíduo por meio da razão, a liberdade de criar realidades e dar sentidos para um mundo que não tem sentido, ou simplesmente belo por estética, simetria e perfeição .
 
A história conta que civilizações antigas como a Grécia, quando acometidas por um período de seca rígida, pestes, epidemias ou catástrofes, promoviam sacrifícios públicos com pessoas que tinham algum tipo de deformidade física ou deficiência.
 
Nesta mesma linha de raciocínio ou pulsão pela sobrevivência, séculos adiante, lideranças políticas disseminaram ideologias para fazerem uma "limpeza étnica" declarando supremacia aos descendentes com "histórico de atleta", preferencialmente brancos, altos e de olhos azuis. Mas isso aconteceu há um tempo atrás embora esta mentalidade ainda seja tão atual.
 
Um belíssimo e aterrorizante filme que coloca em pauta questões práticas sobre como o belo age imperativamente em nossas vidas é "Tár" (2022), com a atuação esplendorosa de Cate Blanchett. O enredo trata do delicado lugar de poder da protagonista Lydia Tár, "artista de exceção" e nova diretora da Filarmônica de Berlim. O belo, aqui como símbolo de perfeição é a música orquestrada pela maestrina altamente qualificada. Embora o tema se aplique à questões bem mais delicadas e profundas, quero me ater a esta em específico: até quando a ética pode ser infringida pelo belo?
 
Alcançar certos padrões de beleza inalcançáveis que nos está sendo imposto é ultrajante. Não podemos negar que há algo de muito atraente no belo, mas será que tudo isso que o sistema tem nos oferecido é de todo bem?
 
 
Pintura do artista francês Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867), "Angelica Acorrentada", no acervo do MASP.
 
Ingres foi um pintor atuante na transição dos estilos do neoclassicismo para o romantismo. As histórias da mitologia, contos épicos e retratos foram marcantes em suas obras. A cena de Angélica acorrentada para ser devorada por um monstro marinho tem um final feliz. 
 
O belo, o aterrorizante e o clássico conto da ascensão da luz sob a escuridão é o tipo de tema atemporal em qualquer manifestação cultural, portanto, essencial!

*Tatiana Potrich é designer de joias e curadora de eventos culturais

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