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Lamartine Moreira

Dar aos cargos técnicos os profissionais técnicos

| 25.09.24 - 10:53
A indicação política para cargos públicos é uma prática comum no Brasil e em diversas regiões do mundo. Estes cargos têm sua importância e, certamente, contribuem para a democracia e representatividade populacional. Também é inegável que asseguram a governabilidade e constroem relacionamentos imprescindíveis para o desenvolvimento das ações pretendidas. Geralmente, esses cargos são ocupados por pessoas da confiança do gestor, que necessita de ocupantes  estratégicos para determinadas posições. Por outro lado, temos os cargos técnicos: aqueles cujas decisões e ações dependem do conhecimento técnico de quem o ocupa, e cujo desconhecimento na área é desastroso não só para a gestão, mas para toda a sociedade, tornando o serviço público ineficiente e obsoleto. 
 
A função do serviço público é servir a sociedade. Portanto, é toda atividade administrativa, de prestação direta ou indireta que tenha como fim único beneficiar a população. Benefício que, muitas vezes, carece de celeridade, eficácia e gestão de tempo. Parafraseando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que disse que “quem tem fome, tem pressa”, quem precisa de moradia tem pressa; quem precisa emitir documentos nos órgãos públicos tem pressa; quem precisa de uma vaga no hospital tem pressa. Há inúmeras urgências que o poder público administra diariamente. Urgências que vão além da boa vontade política porque necessitam de um corpo técnico bem estruturado e sensível a essas necessidades. 
 
Nesse sentido, é a equipe técnica que desenvolve mecanismos tecnológicos de desburocratização, que determina prazos e formaliza processos. Sem ela, a prestação de serviços se torna inoperante. Imagine situações como: o Departamento de Tecnologia da Informação sendo liderado por um cargo político sem qualquer afinidade com computadores e linguagem de programação? Ou um canteiro de obras sendo administrado por alguém que não entende de construção? Ou uma cirurgia sendo realizada por um profissional que não é da área da saúde? Ou a agenda de prioridades ambientais de um governo sendo definida por uma pessoa que desconhece técnicas de manejo e sustentabilidade? 
 
Os cargos políticos têm sua importância. Geralmente são ocupados por lideranças cujo objetivo principal é a politização, o controle do órgão público, a relação que o mesmo estabelece com outros setores da economia, ou seja, é um cargo em que o líder participa de reuniões políticas, concede entrevistas, possui grande habilidade comunicacional e maestria em relacionamentos interpessoais. Já o cargo técnico necessita de conhecimento específico, de habilidades e competências para o exercício de determinada função. Por isso, deve ser ocupado por profissionais que saibam administrar as urgências e definir a agenda de prioridades, tornando o serviço público ainda mais eficiente. 
 
Cargos políticos e cargos técnicos não são antagônicos. O trabalho de um não anula a importância do outro. Ao contrário, são faces diferentes da mesma moeda. Com a aproximação das eleições, em breve teremos novos gestores ocupando nosso Executivo e Legislativo municipais. Por isso, é importante que lembrem: se a Bíblia nos ensina a  “Dar a César o que é de César, e dar a Deus o que é de Deus”, que na política saibamos:  “Dar aos cargos políticos o que é político, e dar aos cargos técnicos o profissional técnico”.

*Lamartine Moreira é presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO)

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