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Virgilio Marques dos Santos

O que uma ida à festa junina me ensinou sobre liderança e engajamento

| 01.07.24 - 12:35
No mês de junho, uma coisa que não pode faltar no Brasil são as festas juninas. Como sou paulista, uso essa nomenclatura. Alguns preferem São João. Nesse artigo, eu gostaria de contar minha experiência ao acompanhar minha filha de 4 anos e minha esposa na festa junina da escola.
 
Chegando lá, fomos abordados por duas meninas de uns 10, 11 anos. A aproximação foi feita bem na entrada da área destinada às danças, mas de forma muito educada. Uma, a mais eloquente, começou a falar que seu objetivo era nos vender uma rifa para ajudar o grupo de robótica da escola que elas faziam parte. Explicou que havia várias opções de rifa, cada qual com seu preço; se comprássemos, estaríamos ajudando o caixa do grupo.
 
Perguntamos se tinham troco para 50 reais. A segunda, mais tímida, falou que não. Já a primeira, disse: “claro!”. Pegou logo duas notas de 20 reais e nos deu. Além disso, pediu que preenchêssemos o nosso nome e telefone para que fôssemos contactados, caso ganhássemos. Também nos explicou que o sorteio seria rodado no Instagram do grupo, o qual nos repassou, e que qualquer dúvida poderíamos falar por lá.
 
Como cereja do bolo, pediu que a amiga - que não tinha vendido tanta rifa como ela - entregasse um bilhete para nós. Ela fez a venda toda, mas fez prevalecer o espírito de equipe, garantindo que o objetivo fosse a arrecadação do grupo, não a validação de sua competência como vendedora. Ao final, olhei para minha esposa animado e o sorriso que vi em seu rosto deixava claro: estávamos tocados pela competência da jovem na arte de vender.
 
Se eu pudesse, faria igual aos empresários do futebol quando veem algum jovem com alto potencial a ser lapidado: contrataria na hora. Ao julgar pela desenvoltura e respeito com o qual fomos tratados por uma menina de 11 anos, certamente ela é um talento para a área de relacionamento. E enxergar isso é algo que nos deixa muito orgulhosos e animados com a próxima geração.
 
Afinal, às vezes somos pegos pelo sentimento de que tudo está perdido e antes era muito melhor. Porém, ao vivenciar exemplos de competência em gente tão jovem, nos animamos. Reacende acreditar que o futuro será melhor do que vivemos agora. Volta uma esperança que vivi quando criança, aos 10 anos, em 1994.
 
Naquele ano, o fantasma da inflação começou a ser derrotado e o orgulho de que tempos melhores viriam aumentou demais. A expectativa de que não havia mais limite para o Brasil nos dominou até 2005, ano do mensalão. Até lá, cada ano era melhor que o outro. E ver alguém tão jovem nos encantar pela forma como nos vendeu trouxe um pouquinho dessa sensação de volta.
 
Então, caro leitor, estimada leitora, ao pensar em reclamar da geração Z, digital, conectada, pós-millennials, etc, pense: será que está olhando o todo? Ou apenas tomando alguém como representante do todo? A solução pode estar em (re)descobrir habilidades e seguir com futuros novos profissionais talentosos. Partiu carreira.
 
*Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. 

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