Consideramos o câncer de mama como metastático quando as células malignas provenientes da mama formam nódulos (metástases) em outras partes do corpo. As metástases podem ser detectadas ao diagnóstico do tumor na mama (menos comum) ou surgir com o tempo, mesmo após cinco anos, dependendo do subtipo de câncer de mama. Os locais mais comuns de metástases por câncer de mama são os ossos, fígado, pulmões, linfonodos à distância e cérebro. Infelizmente, nesse estágio o câncer de mama não é curável, porém é tratável. Apesar das metástases, muitos pacientes continuam a viver bem por meses ou anos, mantendo boa qualidade de vida.
Os objetivos primários do tratamento do câncer de mama metastático são estender ou prologar a vida através da estabilização ou redução do crescimento dos tumores e aliviar os sintomas causados pela doença. Este tipo de tratamento é chamado paliativo, já que não tem previsão de término porém não significa que o paciente está em fase terminal.
O tipo de tratamento sistêmico para o câncer de mama metastático pode ser quimioterapia, anti-hormonioterapia, terapia-alvo contra o HER-2 ou BRCA ou imunoterapia. O médico oncologista irá avaliar a melhor opção para cada caso conforme a apresentação da doença, estado clínico do paciente, sintomas, positividade ou não dos receptores hormonais e HER 2 pela imunohistoquímica, presença de mutação do gene BRCA e disponibilidade da medicação. Com o tempo, é comum que as células se tornem resistentes ao tratamento instituído e um novo medicamento precisará ser utilizado. Estudos clínicos com opções promissoras de tratamento são frequentemente disponíveis em grandes centros e são assim boa uma oportunidade de acesso a novos medicamentos.
O diagnóstico de um câncer de mama metastático é na maioria das vezes um choque para o paciente, amigos e familiares. Faz parte do processo tornar-se informado sobre a real situação da doença e todas as opções de tratamento disponíveis. O progresso da ciência traz a cada dia mais novidades e esperanças em um cenário que antes já foi desolador, uma sentença. Hoje o câncer de mama metastático se assemelha mais à uma condição crônica, uma longa e instigante jornada.
*Leandro Gonçalves Oliveira é oncologista clínico do Serviço de Oncologia Mamária do Ingoh