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Lula assiste a desfile militar e faz reunião com Putin na Rússia

Viagem é criticada por simbolizar apoio | 09.05.25 - 08:18 Lula assiste a desfile militar e faz reunião com Putin na Rússia Presidente Lula (à esquerda) ao lado de outros líderes (Foto: x)
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta sexta-feira, dia 9, de uma série de eventos a convite do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou. Lula é um dos únicos líderes de democracias ocidentais presentes na capital russa. A viagem do presidente brasileiro tem sido criticada por simbolizar uma espécie de apoio diplomático a um líder autocrata que controla o país com mão de ferro, persegue opositores e invadiu um país vizinho, a Ucrânia, atropelando acordos internacionais.

A lista de participantes inclui o líder da China, Xi Jinping, e chefes de outras 28 nações como Armênia, Azerbaijão, Belarus, Venezuela, Cuba, Bósnia, Burkina Fasso, Congo e Egito. Lula começou o dia na parada militar de 80 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, a celebração do Dia da Vitória, que marca a rendição da Alemanha nazista. Moscou foi toda decorada com bandeiras vermelhas e grandes painéis de led com imagens da guerra para a data.

O desfile militar é tradicionalmente usado por Putin para reforçar o nacionalismo e projetar o poderio militar russo com exibições de equipamentos, como tanques, veículos blindados, peças de artilharia e mísseis - atuais e históricos - e homenagens ao Exército Vermelho soviético. Caças Sukhoi sobrevoaram Moscou. Putin também busca demonstrar laços políticos amplos com a recepção a líderes estrangeiros. Desde a invasão da Ucrânia em 2022 a cerimônia vinha sendo esvaziada, assim como o relacionamento externo do russo. Segundo meios de comunicação ligados ao aparato estatal russo, cerca de 30 líderes políticos globais devem participar das celebrações em Moscou - principalmente da Ásia, antigas repúblicas soviéticas e da África.

O Estadão conseguiu contar 23 presentes, mas os russos contabilizam países não internacionalmente reconhecidos e representantes de outros, a exemplo de Nicarágua e Vietnã. Após as cerimônias, entre elas uma oferenda floral no túmulo do Soldado Desconhecido, e um almoço oferecido aos chefes de Estado e de governo, Lula vai ao Kremlin para uma reunião reservada com Putin. Na véspera, Putin recebeu neste formato o presidente chinês, Xi Jinping, o convidado de maior peso político na capital russa, e antes os ditadores da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, além do presidente da Repúlica do Congo, Denis Nguesso. Lula, Maduro e Canel foram os únicos governantes das Américas presentes na cerimônia russa.

À tarde, o presidente deve discutir com Putin a situação política internacional e a situação da guerra na Ucrânia - tema mais sensível da agenda. A presença do petista em Moscou irritou autoridades do governo ucraniano, que por meses tentaram no ano passado levar Lula a Kiev, sem sucesso.

A interlocução piorou nos últimos meses. O presidente Zelenski chegou a descartar envolvimento do Brasil em negociações diplomáticas, mas depois retomou contato nos bastidores. A viagem à Rússia, no entanto, tem potencial de degradar ainda mais as relações e render críticas a Lula no Ocidente. Desde a posse de Donald Trump nos Estados Unidos o cenário mudou e Washington passou a liderar esforços de mediação com Moscou.

Os europeus, que antes isolavam a Rússia, passaram a buscado apoio de Lula e outros líderes para defender a posição da Ucrânia e tentar convencer Putin a ceder. Embora seja visto como mais inclinado a Putin, Lula vinha oficialmente defendendo que a posição do Brasil era levar os dois países à mesa de negociação para chegar à paz. Trump e Zelenski assinaram um acordo de minerais raros e concordaram com os termos de um cessar-fogo de 30 dias, mas Putin não aceitou os termos. Há um impasse vigente. No fim de abril, os russos anunciaram unilateralmente um cessar-fogo de três dias que coincide com as festividades em andamento em Moscou, um gesto chamado de teatral por Zelenski.

A Ucrânia disse que não poderia garantir a segurança de líderes presentes em Moscou e manteve ofensiva aérea com drones nos últimos dias, o que provocou contratempos às viagens áreas para a cerimônia. Por causa dos ataques, o espaço aéreo de Moscou ficou fechado. Segundo autoridades russas, cerca de 60.000 passageiros foram afetados por voos cancelados.

A ideia de Lula é tratar novamente com Putin da proposta de negociação de paz sino-brasileira, para alcançar, de início um "cessar-fogo abrangente". Lançada em meados do ano passado, a sugestão com seis pontos agradou a Moscou, mas não a Kiev. Ela não exige a retirada das tropas russas do terreno ucraniano, algo que era considerado fundamental no Ocidente. No ano passado, autoridades da China chegaram a falar no apoio de cerca de 100 países, mas somente 11, além de Brasil e China, a endossaram em setembro, após encontro nas Nações Unidas, em Nova York. Lula quer discutir a relação comercial com Putin.

Brasil e Rússia bateram recorde no ano passado, com trocas comerciais estimadas em US$ 12,4 bilhões. No entanto, o Brasil tem amplo saldo negativo de US$ 9,5 bilhões. Os principais produtos importados pelo País são o diesel e fertilizantes, considerados insumos essenciais para produção agrícola brasileira. E exporta principalmente café e carne bovina. Lula assistiu ao lado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, à parada militar na Praça Vermelha.

O desfilo contou com milhares de militares, alguns trajados com fardamento de época, e unidades de antigas repúblicas soviéticas, como Belarus, Azerbaijão, Usbequistão e Casaquistão, entre outros. Também desfilaram militares de países politicamente próximos a Moscou, entre eles das Forças Armadas do Egito e do Exército de Libertação Popular da China. Lula e demais líderes internacionais receberam os cumprimentos de Putin no Palácio do Senado russo, no Kremlin. Na noite anterior, eles foram recebidos para um banquete no Grande Palácio do Kremlin.

O presidente brasileiro também se reunirá com o primeiro ministro da Eslováquia, Robert Fico, no hotel Four Seasons, onde se hospeda em Moscou. No sábado, dia 10, ele se desloca para visita a Pequim, China. A ex-presidente Dilma Rousseff, presidente do banco do Brics, o NDB, por também está em Moscou.

Ela teve o mandato renovado à frente do banco em acordo com Putin, que indicaria um sucessor russo, mas evitou por causa de sanções internacionais. O Brasil sedia o Brics neste ano, com uma cúpula de líderes prevista para julho no Rio, mas a presença de Putin é improvável, por causa de um mandado de prisão contra ele, acusado de deportação ilegal de crianças ucranianas, em nome do Tribunal Penal Internacional. (Agência Estado)

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