Mônica Parreira
Goiânia - A Polícia Civil (PC) está apurando denúncias que apontam casos de abuso sexual, estelionato e outros crimes ocorridos desde 2014 dentro de uma seita em Goiânia. O caso é investigado pelo 1º Distrito Policial.
Em entrevista ao jornal A Redação, o delegado Izaias de Araújo Pinheiro, titular do 1º DP, confirmou que já ouviu oito pessoas. Os depoimentos de vítimas e testemunhas apontam para o fato de que D.A.M., do Instituto de Inteligência Universal - a Essenium -, se dizia mestre e aproveitava da situação para abusar dos seguidores da seita, todos do sexo masculino.
O instituto é conhecido como uma escola de estudo e conhecimento e tem sede no Setor Sul, em Goiânia. O local está interditado desde o início do mês. Segundo o delegado, o proprietário do imóvel alega atraso no aluguel. Ele chegou a trocar as fechaduras para evitar que membros da seita tivessem acesso.
"Sêmen divino"
Izaias informou à reportagem que a seita contava com mais de 100 membros. Os crimes sexuais, no entanto, ocorriam com um grupo menor, o Kether, cujos integrantes eram selecionados por D.A.M. "Ele montou um grupo secreto dentro da seita, então a orgia sexual era feita de forma restrita", explicou.
Tal orgia citada pelo delegado é conhecida como "sêmen divino". Conforme foi apurado, o suspeito convencia os membros do grupo de que precisavam ter a alma purificada. "Para isso, as vítimas tinham que beber da própria fonte", comentou o titular do 1º DP ao indicar que os abusos sexuais ocorriam nesse momento.
Site que denuncia caso mostra conversa de supostas vítimas (Foto: essenium.org)
Algumas vítimas disseram durante depoimento à polícia que D.A.M. utilizava técnicas de hipnose para praticar os atos sexuais, sem o consentimento delas. "É uma investigação complexa, ainda estamos montando as peças desse quebra-cabeças. Estamos trabalhando com a hipótese de que o suspeito tenha utilizado algum elemento químico para dopar as pessoas, como Boa Noite Cinderela, por exemplo", disse.
Outros crimes
Além dos relatos de abuxo sexual, o delegado também já coletou depoimentos que apontam D.A.M. como responsável por outros crimes, como estelionato e lavagem de dinheiro. "D.A.M. não tem um emprego formal. As vítimas apontam ele como um estelionatário, um charlatão", comentou o delegado.
A polícia investiga possíveis doações feitas pelos participantes da seita. Também analisa o conteúdo de um
site, que leva o nome da Essenium. O portal é diariamente atualizado com denúncias envolvendo o suposto mestre e seu namorado, W.L. Em uma das postagens, indica que o casal leva uma vida de luxo e teria uma conta no exterior. O delegado não entrou em detalhes sobre esse caso.
Mais depoimentos
O titular do 1º DP confirmou ao jornal A Redação que já realizou mandados de busca e apreensão no imóvel onde a Essenium funcionava. Também confirmou que outras vítimas e testemunhas devem ser ouvidas nos próximos dias. Sobre D.A.M., o delegado adiantou que o suspeito deve ser intimado para depor em breve.
O caso chegou até a polícia no dia 14 de março, quando integrantes da seita denunciaram a violação sexual. Na ocasião, D.A.M. chegou a comparecer até a Central de Flagrantes, mas foi liberado em seguida. De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado no dia, os integrantes do grupo Kether estudavam durante a tarde e tinham o hábito de dormir no local. Nesse momento, segundo eles, acontecia o crime.