Sarah Mohn
Goiânia - Em menos de 20 dias à frente da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag), o presidente Rodolfo Otávio Mota anunciou três medidas que pretendem ser os pilares da nova gestão na entidade: a seleção pública para contratação de funcionários; a compra de dívidas dos inadimplentes, com consequente reaproximação da categoria à Caixa; e a regionalização e interiorização dos serviços da entidade no Estado.
Transparência, regionalização e economicidade foram compromissos anunciados durante a campanha do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Lúcio Flávio de Paiva, e devem ser as principais bandeiras da nova diretoria da Casag, afirma Rodolfo Otávio.
Em entrevista ao jornal A Redação, o novo presidente informou que quer iniciar a interiorização da Casag dividindo o Estado em cinco regiões: Sudeste e Sudoeste; Sul e Oeste; região de Anápolis; o Entorno-Sul de Brasília; e Norte e Nordeste de Goiás.
"Nós teremos um ponto, uma sede em cada uma das regiões para levarmos todo o portfólio da Caixa de Assistência até implantarmos toda a estrutura própria da Casag. Estamos estudando, mas devemos começar por Anápolis ou Rio verde", diz. Segundo ele, a pretensão é que 70% da regionalização seja concluída ainda em 2016.
Acompanhado do vice-presidente, Marcelo Di Rezende Bernardes, e da secretária-Geral, Ana Lúcia Amorim Boaventura, o presidente disse também que, ao assumir a Casag, observou uma redução de R$ 2 milhões no saldo total de R$ 7,8 anunciados pela administração anterior.
Ao AR, anunciou ainda a criação de um aplicativo para celular, que oferecerá aos advogados todos os produtos e serviços da Casag.
(Foto: Rafael Zelmann/A Redação)
Confira a entrevista completa:
Jornal A Redação: Como o senhor encontrou a Casag? Ela realmente está em equilíbrio financeiro?
Rodolfo Otávio Mota: Foi noticiado que nós teríamos algo em torno de R$ 7 milhões em caixa. Quando nós assumimos, foi nos apresentado que haviam alguns compromissos que venceram no mês de dezembro e outros na primeira dezena de janeiro. Esses compromissos foram saldados trazendo uma redução de R$ 2 milhões no caixa. Nós não tivemos tempo ainda de auditar todas as contas da Caixa. Mas a verdade é que há uma disponibilidade em caixa. Nós não sabemos se essa disponibilidade é suficiente ou não, mas temos mantido uma política de austeridade. Aquilo que está no sistema financeiro nós já nos debruçamos, analisamos todo o ano de 2016 e não vamos ter dificuldade para honrar os compromissos.
AR: A Casag anunciou o lançamento de um programa para reinserção do advogado inadimplente. As dívidas já foram compradas? Como vai funcionar?
Nós estamos comprando créditos da OAB em que nós temos parte de titularidade, 20% por força do Estatuto. E nós estamos comprando com a redução da nossa parte estatutária, com menos 5%, que foi o valor que combinamos para deságio. De posse desse crédito, contabilizado e escriturado dentro da Casag, nós procuraremos o devedor para que ele negocie junto à Caixa para que consiga restabelecer seus direitos e suas prerrogativas. Restabelecendo, ele volta a consumir os produtos oferecidos e volta a pagar a anuidade, fazendo com que a economia da Caixa e da Ordem se movimente.
AR: Quantos advogados estão inadimplentes em Goiás?
Ao todo, nós temos cerca de 4 mil advogados inadimplentes. Mas a situação desses advogados é desigual. Nós temos advogados suspensos e executados, advogados suspensos e advogados inadimplentes respondendo processo ético. Esse primeiro trabalho que estamos fazendo é justamente com os advogados que estão suspensos e sofrendo executivo fiscal e mesmo assim não pagou a anuidade. O que nos dá grandes indícios de que ele não o fez por absoluta impossibilidade. Ninguém quer apenado, sofrer execução fiscal e não poder exercer sua profissão por causa de mil reais de anuidade. Prova que nós precisamos cuidar dessa advocacia que está tão sofrida e abandonada.
AR: Qual o montante dessa dívida?
Hoje, o valor de face de execução é de R$ 2,2 milhões. Mas outras execuções estavam sendo executadas no final do outro mandato e isso deve se aproximar de uma quantia como essa.
(Foto: Rafael Zelmann/A Redação)
AR: A Casag iniciou o processo de seleção pública para contratação de colaboradores. Haverá troca de funcionários?
Não. Na verdade são duas vagas (recepcionista e assistente administrativo). Uma funcionária que foi admitida em um concurso público e outra funcionária que está gestante, numa gestação de risco, e que a qualquer momento poderá se afastar e receber licença maternidade. É reposição de cargos vagos.
AR: Não haverá demissão de funcionários?
Não.
AR: Como será cumprida a promessa de campanha de regionalizar e interiorizar a Casag?
A princípio nós vamos começar a regionalização e interiorização dividindo o Estado em cinco regiões: o Sudeste e Sudoeste, de Caipoônia até Mineiros e Rio Verde; o Sul e Oeste; a região que engloba Anápolis, Jaraguá, Silvânia, Goianápolis; o Entorno-Sul de Brasília; e a quinta região seria o Norte e Nordeste de Goiás. Nós teremos um ponto, uma sede em cada uma das regiões para levarmos todo o portfólio da Caixa de Assistência até implantarmos toda a estrutura própria da Casag. Estamos estudando, mas devemos começar por Anápolis ou Rio verde.
AR: Para implantar essa estrutura haverá contratação de novos funcionários?
Sim. Haverá admissão para que atendam essas regiões, em específico.
AR: Em qual prazo o senhor que implantar essas novas sedes?
Neste ano nós queremos concluir pelo menos 70% da regionalização e interiorização, quiçá 100% ainda que tenhamos que usar estruturas alugadas para que a gente consiga dar uma resposta aos anseios e angústias dos advogados do interior do Estado.
AR: Atualmente, a estrutura da Casag está concentrada na capital. Existe apenas uma ótica em Rio Verde. Correto?
Sim. Para se ter uma ideia, a nossa presença no interior é tão tímida que temos 67 colaboradores e apenas um no interior, que é a ótica em Rio Verde. Nós precisamos mudar essa realidade. E quando analisamos os números, a rentabilização de cada segmento, a gente percebe que é muito tímida a presença também em resultado. Temos pouquíssimos planos de saúde e odontológico contratados no interior. A participação da OAB Vox no interior é irrisória ou inexistente.
(Foto: Rafael Zelmann/A Redação)
AR: Quais serão as próximas mudanças, os novos projetos para a Casag?
Nosso compromisso é implementar e executar todas as promessas de campanha. Acabamos de implementar a seleção pública, vamos implementar de imediato o processo de compra por pregão eletrônico, compras net. Esse sistema republicano, ético e moral que o governo federal utiliza. Não somos obrigados, mas como gestores temos que dar o exemplo e mostrar que há impessoalidade e que temos que respeitar o patrimônio do advogado.
Marcelo Di Rezende: Que foi o mote da nossa campanha, transparência em tudo. Não só na OAB, na Casag também.
AR: O senhor acredita que os advogados conhecem os serviços que são oferecidos pela Casag?
Não. Se eu dissesse que conhecem eu estaria sendo utópico. Nós teremos uma longa caminhada para que eles conheçam todo o portfólio de produtos e convênios que a Caixa oferece. No último levantamento que fizemos, havia 528 convênios ativos. É humanamente impossível que alguém guarde todos os convênios em memória e sua atualização, que é diária. Por isso que um dos outros carros-chefe é comunicar com o advogado através de um aplicativo.
AR: Já existe ou será criado esse aplicativo?
Vai ser criado. Nós esperamos, em um curto espaço entregá-lo à advocacia para que ele possa dentro de um raio de proximidade encontrar todos os produtos e serviços que ele precisa.
AR: No fim do ano o ex-presidente Enil Henrique solicitou empréstimo de R$ 7,6 milhões à Casag para quitar débitos da seccional. Houve algum pedido do atual presidente, Lúcio Flávio?
Não. Até porque a nossa forma de relacionamento é completamente diferente dos idos de 1990, de 2000, de 2010. O que nós estamos fazendo é gerir com responsabilidade tanto a Caixa, quanto a Ordem. Nós sabemos da identidade patrimonial de uma e de outra. Cada uma tem sua personalidade jurídica. Somos parceiros sempre, mas não foi feito qualquer pedido de empréstimo. O que nós o procuramos para fazer foi a aquisição dos créditos (dos inadimplentes), porque nós entendemos que isso ajudaria a advocacia e atenderia as necessidades emergenciais da Ordem e traria retorno para a imagem da Caixa para mostrar quem é a Casag aos advogados goianos.
AR: Dr. Ana Lúcia Amorim Boaventura, tem havido reclamação em relação ao plano de saúde ofertado aos advogados?
Nós já iniciamos uma pesquisa, um comparativo, porque durante a campanha nós ouvimos de advogados do interior que o plano de saúde da Casag é mais caro do que o oferecido no mercado. Então, atentos a essas reclamações, iniciamos uma pesquisa dos valores de todos os CNPJs da Unimed no Estado de Goiás. Quando estiver concluída essa pesquisa, nós nos reuniremos e planejaremos melhores negociações de novo contrato com a Unimed. Nós estamos também com o projeto de talvez termos que contratar outros CNPJs para atender o interesse do advogado.
AR: Dr. Marcelo Di Rezende, o senhor tem destacado em reuniões que em muitas subseções a Casag tem o papel fundamental e lado a lado com a OAB. E que esse exemplo o senhor que trazer para a capital.
Com certeza. Por isso a importância de todos os delegados nas subseções. Eles estão sendo definidos, inclusive na semana que vem, na terça-feira, estaremos em Jataí para inauguração da sede. E nesse sede haverá uma sala para a Casag. Então, isso é muito importante até para fazer uma maior divulgação da Caixa. Nós três somos professores e faremos esse trabalho de divulgação também com todos os alunos. Queremos fazer esse trabalho de base, na faculdade. Nós estaremos em todos os braços da OAB para que ninguém fale que não conhece a Caixa de Assistência dos Advogados e quais são seus benefícios. Isso é inadmissível.
(Foto: Rafael Zelmann/A Redação)
