Adriana Marinelli
Goiânia - Após quatro meses de investigações, a Polícia Civil de Goiás indiciou nesta terça-feira (15/12) 91 proprietários de postos de combustíveis da Grande Goiânia por formação de cartel e aumento abusivo de etanol e gasolina. Responsável pela condução das investigações, o delegado Eduardo Prado, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon), informou ao jornal A Redação que não houve nenhum elemento externo que justificasse o aumento, registrado no último dia 24 de julho.
"O aumento ocorreu da noite para o dia. Houve a questão do alinhamento artificial dos preços e um cartel indireto, pois aumentaram de forma simultânea e sem acordo formal", disse. Segundo ele, alguns proprietários chegaram a assumir que há pressão por parte de outros donos de postos para que haja o aumento dos preços cobrados por litro de combustível. "Não há dúvidas. É o maior indiciamento por formação de cartel na história de Goiás", garante.
Eduardo Prado destaca que todas as planilhas do Procon Goiás com pesquisas de preços foram analisadas durante as investigações. "Durante o período de apuração dos fatos mais de cem pessoas, entre gerentes, proprietários e representastes de postos, foram ouvidas."
Conforme destaca o delegado, o aumento identificado no preço da gasolina foi de 22% e no etanol, também de forma repentina, alcançou 50%. "O Procon certamente continuará monitorando esses postos, mas é necessário que a sociedade ajude nesse monitoramento. A participação de todos é muito importante", comenta o titular da Decon.
"Agora com o inquérito concluído, segue para o poder Judiciário a responsabilidade de analisar os casos. A partir daí, as pessoas indiciadas terão a oportunidade de apresentar defesa", explica. Enquanto isso, os indiciados seguem em liberdade. "A formação de cartel prevê pena de reclusão de 2 a 5 anos", complementa.
Reajuste
No dia 24 de julho deste ano, vários motoristas foram surpreendidos pelo reajuste dos preços dos combustíveis sem aviso prévio. Conforme informou a Decon, o aumento chegou a 50% em alguns casos.
Naquela situação, a Justiça chegou a pedir a volta do valor praticado antes do aumento, mas acabou autorizando o aumento no mês seguinte. A determinação era que não fossem praticados preços abusivos, o que, na visão do delegado Eduardo Prado, não foi cumprido.