Kamylla Rodrigues
Goiânia - "É um crime o que estão fazendo com Goiânia. A retirada dessas árvores provoca a desvalorização de uma região, o aumento da temperatura e ainda tira a beleza do local. É um absurdo", reclamou uma moradora do Setor Oeste, que preferiu não ser identificada. Ela presenciou na manhã deste domingo (7/9), 29 palmeiras serem retiradas da Avenida Assis Chateaubriand. A ação faz parte da construção de um nova ciclovia, que será articulada com o corredor preferencial de ônibus da T-7. As árvores foram replantadas na Praça Tamandaré.
Funcionários da Comurg fazem o remanejo das palmeiras (Foto: Letícia Coqueiro)
A ciclovia terá 600 metros de extensão no trecho entre a Praça do Cigano e o entroncamento das avenidas Assis Chateaubriand e T-7. A previsão é de que o projeto seja concluído em 30 dias. Para a prefeitura, esta é mais uma obra que gera mobilidade urbana, mas para os moradores as intervenções na vegetação afetam diretamente a vida da população. "Tenho 72 anos e fui criado em Goiânia. Estou vendo uma cidade que era totalmente arborizada acabar, ser destruída. Do que adianta espaço para veículos e uma cidade feia, acinzentada? E a qualidade de vida? Estamos vendo a mudança drástica e sem volta no cenário da nossa Capital. Percebo obras sem estudo, sem consulta pública. Percebo uma cidade feia, infelizmente", lamentou o fazendeiro Cristovam de Almeida
Para o historiador e professor de artes da Universidade Federal de Goiás (UFG), Wolney Unes, as obras, que necessitam da retirada de árvores, precisam de um planejamento cuidadoso. "Acho que não foi previsto a aridez resultante desse processo. E isso é um fator importantíssimo, já que um solo árido é um solo sem vida. Deveria existir todo um olhar especial para a questão ambiental, principalmente nesta época em que as temperaturas estão elevadas. É uma pena", afirmou.
Praça Tamandaré foi preparada para receber as palmeiras (Foto: Letícia Coqueiro)
As palmeiras retiradas do canteiro central ocupam, agora, um novo lugar. Elas foram replantadas ainda nesta segunda-feira na praça Tamandaré. Em resposta às reclamações dos moradores, o assessor de comunicação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), João de Oliveira, disse que a obra não vai provocar desequilíbrio ambiental na região. "Essas árvores estavam descentralizadas e em trechos muito estreitos. Elas precisavam ser retiradas. Além disso, a prefeitura está investindo em benefícios para a população", ressaltou. Sobre a mudança no cenário da Capital, ele informou que mais de 40 mil árvores devem ser plantadas em toda cidade até o final do ano.