Adriana Marinelli
Goiânia - Animado com os avanços econômicos alcançados por Goiás em 2013 graças à agricultura e à agropecuária, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, espera resultados ainda melhores em 2014.
De acordo com ele, quase 70% do PIB goiano vem do setor agropecuário. "No balanço das exportações goianas, quase 90% vem do agronegócio. Goiás é o Estado brasileiro que mais alicerça sua economia na agropecuária e agricultura", ressalta.
Eleito pelo Conselho de Representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Schreiner ocupa hoje o cargo de vice-presidente de finanças da instituição e é direto ao defender os interesses dos produtores rurais.
Em visita à sede do jornal A Redação, nesta segunda-feira (3/2), José Mário, que já anunciou ser pré-candidato a deputado federal nas eleições de outubro, falou sobre política, sobre os desafios e conquistas da Faeg e, em especial, sobre a polêmica envolvendo as taxas cobradas por serviços prestados pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa).
A Faeg protocolou mandado de segurança contra as taxas cobradas dos produtores rurais. O processo foi apresentado ao Fórum de Goiânia com argumento de
inconstitucionalidade e ilegalidade. Em 2013, produtores de vários pontos do Estado decidiram, inclusive, não realizar o cadastro pela internet e, desta forma, não se submeter ao pagamento das taxas.
No entanto, na última sexta-feira (31/1), a Justiça, considerando que a taxa de fiscalização sanitária é legal, deu ganho de causa ao Estado. "Isso não pode ficar assim", diz o presidente da Faeg.
Confira a entrevista completa:
Como está a situação entre o Estado de Goiás e a Faeg em relação às taxas da Agrodefesa? A Justiça deu ganho de causa ao Estado na última semana. A Faeg vai recorrer?
Sim, vamos recorrer! Entramos com um mandado de segurança inicial, que foi concedido. A decisão inicial foi favorável aos produtores e, posteriormente, esse mandado foi derrubado. Nós vamos recorrer da decisão e vamos buscar outras instâncias para que faça valer o princípio do mandado de segurança, que foi pela ilegalidade da cobrança dessas taxas. A sociedade está cansada de impostos, taxas, cobranças. Chega disso! Impostos devem ser criados por projetos de lei, e não por decretos.
O senhor é pré-candidato a deputado federal pela base do Marconi. O fato da Faeg ter entrado na Justiça contra um decreto do próprio governador gerou algum desgaste, algum tipo de desentendimento?
Antes de qualquer coisa, eu sou representante dos produtores rurais. Sou presidente da Faeg, que representa os produtores rurais de Goiás através dos seus sindicatos. É claro que nosso trabalho e atuação privilegia o diálogo e sempre nos pautamos por esse diálogo, mas existem momentos em que precisamos cumprir nosso papel institucional em defesa dos interesse das pessoas que você representa. O diálogo talvez não tenha sido suficiente até agora, e no momento que os produtores começaram a ser multados, autuados, nós tivemos que tomar essa atitude na defesa de seus interesses. Vamos continuar tranquilos nessa empreitada, independente de qualquer questão.
A economia goiana está num bom momento em relação aos outros Estados. De que forma a agricultura e a pecuária têm contribuído para esses avanços?
Estão contribuindo e muito! Quase 70% do PIB goiano vêm do setor agropecuário. Por mais que outros setores tenham avançado também, a agropecuária tem sido o alicerce do desenvolvimento do Estado. E é fácil citar alguns exemplos. No balanço das exportações goianas, quase 90% vêm do setor agropecuário, do agronegócio. Goiás é o Estado brasileiro que mais alicerça sua economia nesse setor. O agronegócio vai ainda, ao nosso ver, contribuir por muito tempo.
Quais ações e trabalhos da Faeg o senhor cita como primordiais para esses resultados positivos?
Estamos buscando diariamente ferramentas que incentivem esses avanços. O primeiro ponto é potencializar o uso de irrigação no Estado de Goiás. Nós irrigamos hoje apenas 210 mil hectares, o potencial de área irrigada em Goiás são 5 milhões de hectares. É algo inimaginável. Outro ponto que está recebendo nossa atenção são as áreas degradadas. Temos que transformar essas áreas em espaço produtivo novamente. Temos hoje 15 milhões de hectares de pastagem, mas 60% disso é de área degradada. E não para por aí! Hoje, 80% dos agricultores estão produzindo pouco, muito pouco, quase nada ou absolutamente nada. Esses 80% de produtores são responsáveis por 15% de tudo que é produzido em Goiás. Os outros 20% dos produtores produzem os outros 85%. Nossa ideia é alavancar esses pequenos produtores. Sabemos que o que falta é conhecimento, por isso levamos orientações técnicas até eles. Como uma pessoa que não está bem precisa de um médico, esse pequeno produtor precisa de um agrônomo, de um veterinário, de um zootecnista que consiga dar um diagnóstico da produção dele, que passe a orientá-lo da forma correta.
Ainda sobre os programas voltados ao pequeno produtor, visando o avanço do agronegócio, o que mais o senhor pode citar?
Providenciamos um plano arrojado de orientação técnica para que a ciência e a tecnologia consiga chegar a essas pequenas propriedades. Quando falamos no agronegócio goiano, falamos no setor mais moderno da economia brasileira e do mundo. Não há setor na economia brasileira que tenha avançado mais que o Agronegócio. Temos que aumentar a produtividade. Em Goiás e no Centro-Oeste é possível encontrar a agricultura mais evoluída e mais tecnológica do mundo. Ainda falando do pequeno produtor, destaco o programa Balde Cheio, da Embrapa, que aplicamos em Goiás. Pegamos um produtor de leite que produz 20 ou 50 litros de leite, começamos a trabalhar a propriedade dele, fazendo com que esse produtor evolua. Temos casos de pessoas que produziam 50 litros de leite por dia e hoje produz 500. A renda, neste caso, passou de R$ 1,5 mil por mês para R$ 15 mil. O Centro-Oeste é responsável por 51% de tudo que é produzido no Brasil. O Centro-Oeste brasileiro há 30 anos não era nada e hoje tem toda essa importância no cenário nacional. Na parte social, por exemplo, nós desenvolvemos programas que, além de defender os interesses dos produtores, têm um trabalho voluntário para cuidar dessas pessoas, com orientações técnicas. Instituímos vários programas. Destaco o Campo Saúde. Pegamos um fim de semana e nos dirigimos para uma cidade do interior, um vilarejo, um povoado, e levamos assistência médica, odontologia, levamos orientações jurídicas para essa família rural. São, em média, cinco mil atendimentos em cada ação. Com isso, foram 500 mil atendimentos até agora.
Sondado por vários partidos, o senhor acabou se filiando ao PSD. O que o senhor priorizou para fazer essa escolha? Como estão os preparativos para disputar uma vaga na Câmara Federal?
Temos uma pré-candidatura sendo discutida. Consultei várias pessoas distribuídas no Estado e achei por bem me filiar ao PSD, que é um partido que dialoga bem com várias frentes e tendências partidárias no Estado de Goiás e no Brasil. Estamos buscando ideias, buscando conversar com nossos 128 sindicatos rurais. Estamos discutindo com lideranças políticas e partidárias. O partido tem ideias novas e todos que estão chegando agora têm oportunidade de contribuir. Isso me motiva muito. O PSD é hoje base de apoio do governador Marconi Perillo à reeleição, mesmo que ele ainda não tenha se manifestado em relação a isso. É Marconi para o governo, José Eliton como vice e Vilmar Rocha para o Senado.
Como o senhor vê a representação dos pecuaristas e agricultores goianos na Câmara Federal?
Temos bons representantes. Goiás tem uma bancada muito significativa no plano federal. Agora, pelo que tem se falado, teremos alguns deputados que não serão mais candidatos, como é o caso do Ronaldo Caiado, que é uma grande bandeira do setor, que deve ir para outro plano. Leonardo Vilela, que já anunciou que não é mais candidato, o Leandro Vilela também. Sempre foram pessoas muitos ligadas com a defesa do setor agropecuário e do setor produtivo, como um todo. Acredito que o Carlos Alberto Leréia também não deve ir mais. Acho que são cinco ou seis que vão buscar novos planos.