José Cácio Júnior
Com um olho na eleição estadual de 2014, o DEM retirou candidatura própria à Prefeitura de Goiânia e indicou o advogado Rafael Rahif como vice do vereador Simeyzon Silveira (PSC). Abonado pelo presidente estadual do DEM, deputado federal Ronaldo Caiado, e pelo ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (sem partido), o grupo se apresenta como alternativa ao governo do Estado.
As conversas entre Caiado e Vanderlan começaram na semana passada, quando o ex-prefeito era disputado pelo deputado federal Jovair Arantes (PTB). Segundo Caiado, a aliança foge de "candidaturas dentro de uma mesmice, que utilizam máquina do Estado e da prefeitura."
"É o grande momento da discussão política em Goiânia e Goiás", afirmou o presidente regional do DEM. A antecipada movimentação de Caiado e Vanderlan é uma forma de tentar montar uma chapa competitiva para a disputa ao governo do Estado. Além disso, os dois possuem em comum a insatisfação com o governador Marconi Perillo (PSDB).
Disputado em 2010 por três candidatos ao governo estadual - Marconi, Iris (PMDB) e Vanderlan (então PR) -, o DEM acabou fechando com Marconi. Mas a contragosto de Caiado. O deputado federal ainda não engoliu o fato de o tucano ter articulado, após ser reeleito governador em 2003, a mudança de 27 prefeitos goianos do então PFL para o PSDB. Tudo aconteceu em um só dia. "A sociedade está apta para uma opção confiável. Há uma descrença generalizada. Vamos fazer com que a palavra seja cumprida", cutucou Caiado.
Discurso de 2010
Depois de afirmar que sempre teve vontade de trabalhar com Caiado e que está tendo a oportunidade de andar com "pessoas e homens que não tem máculas", Vanderlan afirmou que continua com o discurso de "político diferente". O ex-prefeito adotou este discurso na campanha de 2010 para fazer um contraponto à polarização entre Marconi e Iris Rezende (PMDB).
No entanto, o caminho de Vanderlan tem sido criticado por colegas políticos. Depois de receber 502 mil votos em 2010 e ter ficado um ano no PMDB, o ex-prefeito saiu do partido alegando "desconforto" e falta de espaço. Seu apoio político ainda foi disputado por Jovair, candidato da base estadual e pelo prefeito de Goiânia Paulo Garcia (PT).
"O natural seria apoiarmos quem está na frente nas pesquisas. Mas decidimos apoiar esta nova candidatura, a de Simeyzon", se defendeu Vanderlan, ao lado de Caiado, Simeyzon e do secretário da Fazenda no último ano do governo Alcides Rodrigues, Jorcelino Braga (PRP). Ele admitiu que encontrou com Marconi nos últimos dias para discutir a sucessão em Goiânia. Mas que foi a convite do governador e que mais ouviu do que falou ao tucano.
Críticas
Enquanto os apoiadores justificam a importância de um novo eixo político em Goiânia, Simeyzon criticou a suposta influência do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira em Goiás. Admitindo estar disposto a quebrar a polarização entre PSDB e PMDB-PT, Simeyzon lembrou que Goiás "não é Estado do Cachoeira". "Esse grupo vai mostrar que Goiás é Estado do Vanderlan, Caiado e Braga (ex-secretário da Fazenda)."
Representante do setor evangélico, Simeyzon adiantou o nome da coligação "Goiânia minha cidade minha família", deixando a impressão de que o fator religião será um dos carros-chefe de sua campanha.
A presença de Braga no diretório estadual do DEM pegou muitos presentes de surpresa. Desafeto de Marconi, o ex-secretário dividiu seu discurso em três partes. Na primeira, lembrou da tradição da família Caiado. "A família Caiado sempre lutou e não aceitou ser cabresto de ninguém", afirmou o ex-secretário de Alcides, que deve cuidar do marketing da campanha de Simeyzon.
Na sequência, Braga falou que o nome de Vanderlan causou surpresa na campanha de 2010 pois, apesar de ter sido prefeito por dois mandatos, não era conhecido pelo maioria dos eleitores goianos. "Vanderlan foi eleito e fez revolução em Senador Canedo". Por último, o ex-secretário de Alcides confirmou a proposta do grupo de montar projeto político alternativo ao governo do Estado. "É um projeto que dá gosto de defender."