José Cácio Júnior
Depois do silêncio no depoimento do governador Marconi Perillo (PSDB) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no Congresso Nacional na terça-feira (12/6), a deputada federal Iris de Araújo, a Dona Íris (PMDB), afirmou que não fez perguntas ao tucano por uma questão ética e por não querer transformar a CPMI em uma disputa política "paroquial".
No final da tarde desta quarta-feira (13/6) Dona Iris utilizou a palavra para fazer questionamentos ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Em um dos questionamentos, embora com pergunta dirigida ao petista, a deputada tentou respingar em Marconi, ao querer saber se Agnelo não acharia estranho um governador receber em audiência ou telefonar para um contraventor. O tucano admitiu no depoimento que recebeu Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, como empresário no Palácio Pedro Ludovico Teixeira e telefonou para parabenizá-lo no dia de seu aniversário em 2011. Na resposta, Agnelo preferiu não polemizar e saiu pela tangente.
Nos bastidores, o silêncio de Dona Iris pegou mal e era tido como cautela, para que Marconi não divulgasse informações sobre contratos da Delta Construções durante a gestão do seu marido, Iris Rezende (PMDB), na prefeitura de Goiânia. Sucessor de Iris, Paulo Garcia (PT) anulou 12 contratos da Prefeitura de Goiânia com a empreiteira.
Questionado sobre seu envolvimento com a Delta - suspeita de ser o braço financeiro de Cachoeira -, o tucano afirmou que a Delta possui contrato de R$ 56 milhões com o governo do Estado e mais de R$ 300 milhões de contratos com prefeituras goianas.
"Ontem não me senti à vontade para questionar o governador. Todos sabem que somos adversários há décadas. A minha fala seria automaticamente com uma guerra política. Uma disputa paroquial jogada na CPI", se defendeu Dona Iris na sessão desta quarta-feira, na CPMI.
Sem contar com o confronto de opiniões, Iris de Araújo disse que Marconi "deixou muitas questões sem explicações" e classificou o depoimento do tucano no dia anterior como "história da carochinha" e "figura de retórica". "Ninguém acredita nisso, governador", completou na sessão desta quarta, sobre o fato de Marconi ter dito não saber se Cachoeira era contraventor.
Em nota enviada nesta quarta-feira, Dona Iris lembrou o pedido que seu marido fez a Paulo Garcia para divulgar os contratos com Delta à imprensa. "Porém, se o governador Marconi Perillo tiver denúncias a fazer, for portador de informações que comprometam autoridades públicas, adversários ou não, ele tem a obrigação de torná-las públicas, do contrário estaria prevaricando", afirma o documento.
Dona Iris também disse que se sentia impedida eticamente de questionar Marconi, pois o escândalo Delta-Cachoeira iniciou em Goiás. "Meu papel não é apenas investigar o Estado de Goiás, mas essa rede criminosa que está estendendo seus tentáculos praticamente Brasil afora. E que infelizmente nasceu no meu Estado."